Eneva (ENEV3): queda de 9,30% das ações após notícias sobre leilão foi exagerada?
O ano não começou bem para a Eneva (ENEV3), cuja ação afundou 9,31%, a R$ 9,55, na última quinta-feira (2), primeira sessão de 2025, chegando a atingir uma mínima intradia desde maio de 2020.
O movimento ocorreu após o Ministério de Minas e Energia divulgar as regras finais para a realização de um leilão para contratar mais potência para o sistema elétrico brasileiro, algumas das quais impediriam a Eneva de tentar recontratar certas usinas do complexo Parnaíba, no Maranhão.
Sob as novas regras, as usinas térmicas a gás P1 e P3 (854 MW) não poderão participar devido à sobreposição esperada de início de contrato dos contratos atuais.
A XP vê ainda que as diretrizes confirmando indicações anteriores de que usinas de combustíveis fósseis, exceto gás natural, não serão permitidas (ou seja, carvão, óleo combustível, diesel, etc.).
Uma mudança significativa é o estabelecimento de ambientes separados para usinas novas e existentes. Essa decisão provavelmente visa incentivar o desenvolvimento de nova capacidade, ao mesmo tempo em que impede que instalações mais antigas sejam precificadas como novas. Essa abordagem pode ser particularmente prejudicial para usinas térmicas existentes com PPAs expirando após julho de 2027, pois não poderão competir nos produtos do leilão a partir de 2028.
A XP ressalta que a Eneva, com suas usinas competitivas Parnaíba I e III, será particularmente afetada, embora ainda possa competir com projetos greenfield próximos à usina CELSE em Sergipe. A definição de um único produto hidrelétrico em 2030 garante que players com longos períodos de concessão hídrica e potencial para instalar nova capacidade poderão cumprir seus prazos e participar competitivamente do leilão.
Por outro lado, destaca Copel (CPLE6), Auren (AURE3) e Eletrobras (ELET3;ELET6) como os principais beneficiários dessas novas regras. Em particular, a Eletrobras tinha uma preocupação potencial em relação às suas usinas sob o regime de cotas, que foi esclarecida pelas diretrizes publicadas.
Para os analistas do JPMorgan, o pior cenário significa um impacto de R$ 2 por ação para ENEV3. No entanto, é improvável que este leilão seja a única oportunidade para contratar essas usinas, então um cenário mais razoável para a Eneva é de R$ 0,50 por ativo dada a futura renovação. Além disso, a probabilidade de uma expansão da CELSE aumentou devido à menor concorrência por novos projetos.
“Acreditamos que a queda de 9,3% nas ações da ENEV3 é exagerada, dadas as opções de mitigação para a firma”, avalia o JPMorgan, que tem recomendação neutra para os ativos.
O BTG Pactual também avalia que reação da ENEV3 (que já estava sendo negociada em níveis baratos) foi desproporcional e há uma oportunidade bastante assimétrica para os ativos.
O banco ressalta que as regras do leilão parecem favorecer capacidade novas em detrimento de capacidade existente.
O Brasil precisa de mais energia nos níveis de pico de demanda e não faz muito sentido favorecer a nova capacidade mais cara em detrimento da existente, avalia. A nova capacidade também apresenta o risco de não ser construída a tempo.
“A forma como o leilão foi concebido pode levar o sistema elétrico a contratar capacidade mais cara e mais arriscada. Com tanta capacidade sendo descontratada no final de 2027, é sensato (para o sistema como um todo) contratar essa capacidade também. Se o governo ajustar o texto, isso poderá ajudar as ações da Eneva (dada a reação mais recente)”, avaliam os analistas, que recomendou uma operação long (compra) para Eneva e short (venda) para Cemig (CMIG4).
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Autor: Lara Rizério