Dias mais tranquilos no mercado são “calmaria antes da tempestade”, avalia Santander

A posse de Donald Trump como presidente dos EUA nesta segunda-feira (20) é tranquila para o mercado brasileiro, com o dólar em queda e o Ibovespa em leve alta, com os investidores de olho nas primeiras medidas do presidente americano em seu retorno à Casa Branca.

Apesar do sinal positivo na sessão e do desempenho da semana passada, quando acumulou alta de quase 3%, agentes monetários permanecem cautelosos.

Para estrategistas do Santander, tal cenário representa a “calmaria antes da tempestade”. “Com a nova administração dos EUA tomando posse…antecipamos maior volatilidade e ruído em torno de tarifas e potenciais mudanças na política econômica”, afirmaram.

Trump voltou à Casa Branca nesta segunda e, entre as primeiras medidas no radar está um memorando com o objetivo de combater a inflação, exigindo uma resposta de “todo o governo” para reduzir os custos para os norte-americanos.

A equipe de estratégia macro global do UBS reiterou recomendação “neutra” para ações do Brasil entre os mercados emergentes, citando que, embora os valuations pareçam baratos, surpresas negativas no lado macro e incertezas em torno da disciplina fiscal podem continuar a pesar no mercado.

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A equipe de estratégia do Santander aponta que, em conversas com clientes na última semana, dois tópicos dominaram a pauta sobre o Brasil: (i) o aumento no ritmo de resgates e (ii) a crescente probabilidade de uma recessão durante o segundo semestre de 2025.

“Ainda não podemos confirmar as informações, pois os dados de fluxo da Anbima são atualizados apenas na primeira semana do mês seguinte. No entanto, clientes locais indicaram que o ritmo de resgates aumentou, infelizmente, nas primeiras semanas de 2025. Além disso, os fluxos estrangeiros foram negativos no ano até agora, com mais de R$ 6 bilhões já retirados dos mercados de ações brasileiros”, aponta o banco.

Quanto à crescente probabilidade de uma recessão este ano, a produção de serviços de novembro jogou mais gasolina no fogo, avaliam. Por enquanto, a atividade parece desacelerar gradualmente, o que é esperado, dado o aperto das condições financeiras. “No entanto, estamos preocupados que mais firmas possam reduzir seus planos de investimento em capital, à medida que se torna cada vez mais difícil encontrar projetos com taxas internas de retorno (TIRs) superiores ao custo de capital atual”, avalia o Santander.

O caminho para um pouso suave é estreito, na visão dos estrategistas, com a preocupação de que o governo possa tentar revitalizar o crescimento aumentando os gastos fiscais. Para os analistas, essa preocupação foi especialmente intensificada esta semana após a “crise do Pix”.

O banco ressalta que, após a Receita Federal brasileira expandir a supervisão das transações digitais em 1º de janeiro de 2025, falsas alegações se espalharam nas redes sociais, alegando que novas regras fiscais imporiam impostos sobre transações via Pix.

A oposição usou a situação para criticar a administração atual e um dos vídeos, no qual Nikolas Ferreira discutia as recentes mudanças na supervisão do Pix, se tornou viral, acumulando quase 300 milhões de visualizações. Essa rápida disseminação destaca o impacto significativo do vídeo e o interesse do público sobre o tema. Devido à reação negativa, a administração decidiu revogar a regulamentação que aumentava a supervisão das transações do Pix que ultrapassassem R$ 5 mil por mês.

“Em nossa visão, esse episódio pode indicar as preocupações maiores do governo com sua popularidade, levando em conta que as eleições estão a um ano e meio de distância. Isso sugere que a busca pela reeleição pode ser um dos principais motores das decisões do governo daqui para frente”, avalia o Santander, com a visão de que isso deve elevar a volatilidade dos mercados.

(com Reuters)

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