Cessar-fogo em Gaza reduz riscos, mas paz depende de mais negociações, diz Moody’s
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O acordo para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que entrou em vigor no domingo (19), reduz os riscos e os efeitos negativos de uma escalada do conflito, mas transformar esse momento numa paz mais duradoura vai depender e numa diminuição das tensões geopolíticas regionais vai exigir negociações constantes. A análise está em relatório da Moody’ divulgado nesta terça-feira (21).
Segundo o documento, se o acordo for cumprido e mais progressos forem feitos, o cessar-fogo reduz os riscos negativos de curto prazo de um conflito prolongado para a economia e as contas públicas de Israel.
“O acordo também diminui os riscos extremos para a região do Oriente Médio decorrentes de uma escalada que envolve o Irã e o efeito colateral do conflito nas cadeias de abastecimento globais devido às interrupções no transporte marítimo do Mar Vermelho”, dizem os analistas da agência de classificação de risco.
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O documento destaca que apenas a fase 1 do cessar-fogo foi acordada, que prevê um período de 42 dias sem conflito, durante o qual alguns reféns israelenses serão trocados por prisioneiros palestinos. Ao mesmo tempo, a ajuda humanitária será ampliada e os residentes deslocados internamente em Gaza poderão retornar ao Norte sob certas condições. Ainda segundo o acordo, as tropas israelenses permanecerão em Gaza, embora em um número menor.
A Moody’s alerta que é provável que haja dificuldades para a implementação de um cessar-fogo mais longo e a negociação das fases 2 e 3, que envolvem todos os israelenses ainda reféns do Hamas, bem como a reconstrução e futura administração de Gaza. “Os desafios políticos domésticos e as preocupações com a segurança são alguns dos principais obstáculos para Israel, que podem impedir novos avanços”, cita o texto.
Sobre as tensões geopolíticas regionais, a previsão é que elas vão continuar elevadas. E que uma retomada das hostilidades ou novas trocas de tiros entre Israel e grupos apoiados pelo Irã “podem reacender rapidamente os riscos de escalada”.
“Para Israel, a implementação efetiva do acordo de cessar-fogo e o progresso adicional em direção a uma redução duradoura das hostilidades em Gaza diminuiriam os riscos negativos à força do perfil de crédito do soberano. Um cessar-fogo em Gaza ajudaria a manter o acordo de trégua com o Hezbollah, que está em vigor desde 27 de novembro de 2024”, afirma o relatório.
A conta do conflito
O documento destaca que os conflitos militares de Israel com o Hamas e o Hezbollah impuseram custos econômicos e fiscais, aumentaram significativamente sua suscetibilidade a riscos geopolíticos.
Para a Moody’s, apesar das medidas implementadas pelo governo de Israel para mitigar uma deterioração do saldo fiscal, o déficit do governo central aumentou em cerca de cinco a seis pontos porcentuais do PIB desde o início do conflito em relação aos níveis observados de 2022. “Uma redução prolongada e material das tensões diminuiria o risco de enfraquecimento adicional das métricas fiscais e econômicas, embora uma reversão da deterioração vista até agora seja improvável no futuro próximo”.
Além da região do Oriente Médio, um cessar-fogo duradouro também reduziria os atritos na cadeia de abastecimento devido à interrupção do transporte marítimo no Mar Vermelho.
Os rebeldes houthis no Iêmen começaram a atacar navios ligados a Israel em novembro de 2023 e expandiram suas operações para quase todo o tráfego marítimo dentro e ao redor do Mar Vermelho. “O transporte marítimo pelo Mar Vermelho permaneceu mais de 80% abaixo dos níveis anteriores a dezembro de 2023 no quarto trimestre de 2024. As interrupções também aumentaram os custos de frete e seguro. Os houthis indicaram que suspenderão suas operações no Mar Vermelho e monitorarão a implementação do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.”
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Autor: Roberto de Lira