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Como garantir uma boa renda passiva para o seu ‘eu do futuro’

Existem dois jeitos de juntar dinheiro para uma aposentadoria extra. Um é o normal: depositar um pouco todo mês num plano de previdência privada. O outro, aproveitar certos momentos da economia para depositar quantias maiores em momentos mais favoráveis – só que aí estamos falando em outra modalidade de investimento, bem menos conhecida.

É o que vamos ver neste guia, começando pela previdência privada tradicional.  

A vantagem tributária

O dinheiro que fica num plano de previdência por 10 anos ou mais vai pagar só 10% de imposto sobre os rendimentos. É menos do que qualquer outra modalidade – fora os produtos isentos de IR, só que nenhum deles é voltado especificamente para a aposentadoria.

Tatue a informação a seguir, de qualquer forma, para nunca mais esquecer: essa vantagem tributária só se aplica aos planos do tipo VGBL e, entre eles, apenas aos que seguem a “tabela regressiva” de imposto

Como uma tabela vale por mil palavras, segue aqui a progressão de IR – no caso, regressão: 

  • Até 2 anos: 35%
  • 2 a 4 anos: 30%
  • 4 a 6 anos: 25%
  • 6 a 8 anos: 20%
  • 8 a 10 anos: 15%
  • Acima de 10 anos: 10%

Dito isso, vamos focar o próximo trecho no VGBL.

O poder multiplicador de um VGBL

Quanto você precisa depositar por mês hoje para ter uma renda extra de R$ 5 mil – ou de R$ 7 mil, ou de R$ 10 mil?

Não existe resposta. Ela vai depender do rendimento do fundo, que vai depender do rendimento dos ativos lá dentro: títulos públicos, debêntures, ações… E o futuro, infelizmente, segue inescrutável. 

Mas dá para simular realidades. Os planos de previdência costumam ter como meta fazer a inflação (IPCA) mais 4% ao ano. É racional. Isso significa Selic a uma média de 8% nas próximas décadas, contra uma inflação também média de 4% – dois parâmetros realistas para o longo prazo, caso a economia não degringole.

A um rendimento real, além da inflação, de 4%, seu dinheiro dobra a cada 17,7 anos. Não estamos falando em valores aqui, mas em poder de compra. Você coloca hoje o suficiente para comprar um carro e, em 17,7 anos, terá o dinheiro para comprar dois carros – independentemente de qual tenha sido a inflação nessas duas décadas. Essa é a graça de falar em rendimento real dos juros. 

É por isso que depósitos relativamente pequenos que você faça hoje se transformam, se tudo der certo, numa renda complementar razoável. Vamos dizer que você consiga depositar R$ 3,2 mil por mês num VGBL ao longo de 20 anos. 

Depois de duas décadas de acumulação, virão 20 anos de pagamentos mensais. Nesse caso, de R$ 7 mil por mês (caso a taxa média de juros reais do seu plano ficar mesmo em 4% – se ficar em 5%, daria R$ 8,5 mil).

E de novo: estamos falando em valores reais aqui. Esses R$ 7 mil estão em dinheiro de hoje. O valor nominal será bem maior. Mas, seja ele qual for (R$ 15 mil, R$ 20 mil, a depender da inflação), comprará aquilo que R$ 7 mil compram hoje. Que fique claro.          

E eis a tabela de rendimento real:

Aportes mensais por 20 anos  Renda extra por 20 anos
R$ 5,9 mil R$ 10 mil
R$ 3,2 mil R$ 7 mil
R$ 2,3 mil R$ 5 mil

Como é um certo luxo ter 20 anos de acumulação mais 20 anos de recebimento pela frente, segue uma tabela mais espremida em termos temporais. Note que que o tempo mais curto não permite que os juros compostos (os juros sobre juros) trabalhem tão bem assim. Logo, temos uma realidade mais dura.  

Aportes mensais por 10 anos  Renda extra por 10 anos
R$ 6,7 mil R$ 10 mil
R$ 4,7 mil R$ 7 mil
R$ 3,4 mil R$ 5 mil

É isso. O VGBL tem um irmão gêmeo, o PGBL. E ele rende um pouco mais, porque aumenta a restituição do Imposto de Renda.  

Porque é que todo mundo não faz só PGBL de uma vez, então? Porque ele só é eficaz para quem trabalha como CLT – e simplesmente não vale a pena colocar dinheiro ali além de um certo limite. 

As regras do PGBL são relativamente complexas. Se você quiser entender em quais circunstâncias ele é mais vantajoso que um VGBL (e de um jeito simples) clique no link aqui embaixo

LEIA MAIS PGBL: como, e por que, ele aumenta a restituição do IR, e quanto e ele pode render a mais que um VGBL

Mas nem só de VGBL e PGBL vive o planejamento de aposentadoria extra. Desde 2023, o Tesouro vende um título sob medida para produzir uma renda mensal. A diferença é que, ali, a melhor forma de investir não é, necessariamente, fazer aportes todo mês.

Já vamos entender por que.

As peculiaridades do Tesouro Renda+

É como se fosse um papelzinho onde vem escrito: “Este documento vale R$ 4,4 mil, corrigidos pela inflação, no ano tal”.

Essa analogia serve para explicar qualquer título público “de inflação” – a classe a qual pertence o Renda+, nosso assunto aqui.

O Renda+ foi lançado pelo Tesouro Nacional há pouco tempo, em 2023. E tem uma característica peculiar. Ele não paga os R$ 4,4 mil de uma vez. O dinheiro vem dividido em 240 parcelas mensais. Você recebe a cada 30 dias, como se fosse um salário, ao longo de 20 anos. Ou seja: algo que funciona como aposentadoria extra. Na compra de um título, você recebe R$ 366 por mês. Na de 240 títulos, R$ 4,4 mil por mês. 

Esses R$ 4,4 mil são o valor final, em dinheiro de hoje, de todos os títulos de inflação (seja o Renda+, seja o mais famoso, o IPCA+). O valor final é o que você recebe quando segura o título até o ano de vencimento. O valor inicial é o tanto que você paga, naturalmente. E a diferença entre os dois determina os juros que você vai receber. 

Vamos focar só nos valores, por enquanto. A fórmula do Renda+, que tem como um de seus co-criadores o Nobel de Economia Robert Merton, faz com que o preço de compra desses títulos seja bem mais baixo que o de seus congêneres IPCA+.

No link abaixo dá para entender direitinho o mecanismo:

LEIA MAIS O preço do amanhã: como funciona o Tesouro Renda+

Aqui, vamos direto para um exemplo prático: o IPCA+ com vencimento em 2035, ou seja, que você pode comprar agora para receber R$ 4,4 mil de hoje daqui a 10 anos, custava, no dia 20/01, R$ 2,06 mil a unidade. Isso significa um lucro de 113% em termos reais, acima da inflação. 

Seu primo, o Renda+2035, saía por bem menos: R$ 1.162. Estamos falando num lucro de 279%.  

Não é exatamente um almoço grátis. Você recebe os R$ 4,4 mil por título em 240 parcelas, como dissemos aqui. Mas cada uma delas chegará corrigida pela inflação. Não há perda no poder de compra.  

E você também não precisa comprar títulos por unidade. Ou seja, não há a necessidade de gastar mais de R$ 1 mil por compra. Dá para comprar frações de basicamente qualquer valor. 

Só que fazer isso religiosamente, todo mês, como se deve fazer numa previdência privada tradicional, nem sempre será um bom negócio. Os preços deles variam bastante ao longo do tempo.

Há um ano, um título Renda+2035 custava mais bem mais caro do que hoje: R$ 1.314. Títulos comprados naquela época não vão dar um lucro de 279%, mas de 235% – bastante, mas algo substancialmente menor do que hoje.

Isso acontece porque o preço dos títulos cai quando os juros sobem – e os juros variam ao sabor do clima macroeconômico. Hoje, o do 2035 equivale a mais de 7% ao ano; em janeiro do ano passado, a menos de 6%. O nível atual de juros não era visto no mundo dos títulos de inflação desde 2016. Faça um depósito hoje e o poder de compra desse dinheiro vai dobrar a cada 9 anos e meio. Um assombro. 

Em suma: o melhor dos mundos no caso do Renda+ é esperar por momentos de juros fora da curva para fazer aportes – “travando” um juro alto por décadas a fio. E um desses momentos é justamente o que estamos vivendo agora.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Alexandre Versignassi

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