Dividendos em alta: 17 ações fora do radar que podem fortalecer seus dividendos em até 25%
Mesmo em um ano desafiador, ainda é possível encontrar boas oportunidades na Bolsa de Valores. E não apenas em setores tradicionais. Fora do universo dos BESST – bancos, seguros, saneamento, elétricas e telecomunicações – também há companhias com capacidade de entregar um dividend yield (retorno em dividendos) elevado neste ano. Levantamento com dez casas de análise e corretoras apresenta ações que podem ser consideradas revelações, com capacidade de pagar dividendos em 2025 entre 7% e 25%.
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A lista de ações para 2025 adotou alguns critérios: estas firmas não integram setores tradicionais e não figuraram em rankings de dividendos consistentemente nos últimos anos. Muitas delas, inclusive, só começaram a ganhar destaque a partir de 2023, quando apareceram em listas de maiores pagadoras.
Veja abaixo ações que podem pagar de entre 7% e 25% em proventos:
Ação | Dividend yield projetado para 2025 | Quem recomenda? | Número de indicações |
Kepler Weber (KEPL3) | 7% a 10% | Vida de Acionista, MSX Invest | 2 |
Direcional (DIRR3) | 10% a 25% | Ticker Research, Itaú BBA | 2 |
Irani (RANI3) | 8% a 9% | Vida de Acionista | 1 |
CSN Mineração (CMIN3) | 10% | Vida de Acionista | 1 |
Lavvi (LAVV3) | 12% | Blue3 Research | 1 |
Plano e Plano (PLPL3) | 10% | Blue3 Research | 1 |
Romi (ROMI3) | 9% | Dica de Hoje Research | 1 |
Marcopolo (POMO4) | 9% | MSX Invest | 1 |
Vulcabras (VULC3) | 10% | Nord Research | 1 |
Allos (ALOS3) | 7,50% | Leveraged Capital | 1 |
Odontoprev (ODPV3) | 9% | Leveraged Capital | 1 |
Petroreconcavo (RECV3) | 10% | Leveraged Capital | 1 |
CSU Digital (CSUD3) | 10% | Arkad Invest | 1 |
Fonte: levantamento do E-Investidor com analistas
Dividend yield em 2025: quais ações podem surpreender?
Direcional (DIRR3)
Fora do radar dos investidores, a Direcional (DIRR3) é uma das grandes promessas para dividendos em 2025, com possibilidade de entregar dividend yield alto, de até 25%. Este retorno em proventos poderia superar até mesmo a Petrobras (PETR3; PETR4), para a qual o mercado projeta retorno em torno de 20%.
Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, explica que a Direcional atua no segmento de baixa renda, com o programa Minha Casa, Minha Vida. A firma também tem exposição à média e à alta renda, por meio de uma subsidiária, a Riva. Em dezembro de 2024, a Direcional anunciou a venda de fatia da Riva para a gestora Riza. O valor da transação vai de R$ 200 milhões até R$ 397,5 milhões e será feito em duas parcelas, de no mínimo R$ 100 milhões, em abril e até outubro.
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Para Duarte, essa venda vai colocar um bom dinheiro no caixa da firma em 2025, o que deve impulsionar o pagamento de dividendos. O retorno em proventos esperado pelo analista parte de 10%, no mínimo.
Recentemente, o Itaú BBA apontou em relatório que as quedas registradas na Bolsa criaram um bom ponto de entrada para investidores comprarem a ação DIRR3. Segundo os analistas da casa, a companhia desvalorizou cerca de 25% desde o anúncio do pacote fiscal do governo em novembro. “Historicamente, as vendas de imóveis de baixa renda não são impactadas com a taxa de juros. Reiteramos Direcional como uma das nossas principais escolhas, com dividendos de até 25%”, destaca a instituição.
Entre os riscos, o Itaú BBA cita a inflação de custos, que poderia impactar o lucro da Direcional e os dividendos. Mas a possibilidade é remota, porque a alta da Selic em curso tem o objetivo de frear a inflação. Os analistas da casa destacam também o bom desempenho operacional da Direcional, com uma gestão experiente. “É uma companhia de baixo valor de mercado, mas que gera caixa e está protegida do ambiente macroeconômico desafiador”, afirmam.
Kepler (KEPL3)
Outra revelação muito citada pelos analistas entre firmas pagadoras de dividendos é a Kepler Weber (KEPL3). A firma atua com fabricação de silos agrícolas para armazenagem de grãos, mas também investe em soluções tecnológicas, como softwares de gestão agrícola e Internet das Coisas (IoT), voltados para melhorar a eficiência e a administração das fazendas.
“Um dos fatores que impulsionam os resultados da companhia vem da defasagem histórica entre a produção de grãos no País e a capacidade de armazenamento disponível. Essa lacuna gera uma oportunidade de crescimento para a Kepler, protagonista nesse mercado”, afirma Bruno Oliveira, analista CNPI do Vida de Acionista.
Oliveira elogia a diversificação de receitas da firma, com as soluções tecnológicas que podem também posicionar a Kepler como uma parceira estratégica dos agricultores, gerando um fluxo de receita mais recorrente. Segundo ele, a companhia agrícola apresenta margens operacionais robustas, controle de custos eficiente e histórico consistente de crescimento. “Mesmo com as ações depreciadas, os dados monetários permanecem resilientes, o que pode resultar em dividendos atrativos para os acionistas”, observa. O analista espera retorno de dividendos de 10% para KEPL3.
Para 2025, a perspectiva é de que o agronegócio tenha um resultado recorde, com a safra de grãos chegando até 322,8 milhões de toneladas. Para Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, tal resultado deve reforçar o desconforto do setor com o déficit de armazenagem, trazendo assim visibilidade para a Kepler. Saravalle destaca que como a Kepler não depende exclusivamente de uma commodity, vai se beneficiar desse crescimento do agro. “É uma companhia com pouco endividamento, tem mais caixa do que dívida, o que traz conforto para pagar dividendos em 2025”, avalia. Ele projeta dividend yield de 7% para as ações KEPL3.
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Já entre os riscos, Oliveira, do Vida de Acionista, enumera a exposição da firma ao preço do aço para a fabricação dos silos, o que a torna vulnerável às oscilações da commodity. Uma alta nos preços da liga metálica reduziria os ganhos da firma. A Kepler também depende de incentivo do governo, com o Plano Safra, para facilitar o financiamento de silos para os agricultores, embora a companhia tenha procurado diversificar a fonte dos recursos.
A firma não possui controlador definido e funciona como uma corporation – tipo de organização com controle disperso –, o que pode gerar desconforto em investidores que preferem estruturas mais centralizadas, que os favoreçam em tomadas de decisão, elenca Oliveira.
Fatores que podem impulsionar os dividendos das ações
A lista relaciona ainda outras firmas. Entre elas, está a fabricante de embalagens de papelão e papéis Irani (RANI3), com exposição a setores resilientes como alimentos e bebidas. Oliveira explica que as ações da firma estão descontadas, o que favorece o dividend yield. Ele comenta que a política de dividendos da Irani é atrativa, distribuindo no mínimo 25% do lucro em dividendos e podendo alcançar 50% em cenários com endividamento controlado – abaixo de 2,5x Dívida Líquida/EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Na CSN Mineração (CMIN3), que trabalha com produção e exportação de minério de ferro, a companhia deve ser favorecida pela alta do dólar, potencializando a sua receita. Oliveira destaca a estrutura robusta de capital da firma, com endividamento negativo – ou seja, possui mais caixa do que dívidas –, podendo quitar suas obrigações até 2034. “Essa solidez financeira oferece margem para distribuição de proventos elevados e até mesmo dividendos extraordinários, caso a controladora CSN Siderúrgica (CSNA3) demande”, reforça o analista do Vida de Acionista.
A Lavvi (LAVV3), uma construtora focada no público de alta renda, também deve mostrar resiliência frente aos juros elevados, pois o cenário afeta pouco o poder de compra desta faixa de clientes. Renato Reis, analista da Blue3 Research, aponta que a companhia está aumentando o número de lançamentos e acertando na maioria. Está descontada e deve proporcionar ganho de capital e dividendos aos investidores. “Mas não sei se a colocaria em uma carteira de dividendos de longo prazo”, pondera.
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Na Romi (ROMI3), que trabalha com a fabricação, venda e locação de máquinas industriais e agrícolas, os lucros podem ser impulsionados com mais vendas da subsidiária na Alemanha, destaca Daniel Nigri, fundador e analista da Dica de Hoje Research. O ponto negativo fica com a pressão de custos por conta da alta do câmbio. Com a queda da cotação do dólar nos últimos dias, o dividend yield da companhia cresceu.
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Hugo Cabral, analista da Nord Research, cita também entre as ações promissoras a Vulcabras (VULC3), fabricante de calçados esportivos e dona das marcas Olympikus, Mizuno e Under Armour. “Marcas conceituadas favorecem as vendas mesmo em momentos macroeconômicos difíceis”, diz. Os dividendos da Vulcabras devem ser impulsionados pela solidez operacional e financeira que a firma vem apresentando. “Isso possibilita geração de caixa e pagamento de dividendos mensais. A Vulcabras deve continuar se destacando como boa pagadora em 2025”, defende Cabral. A firma já confirmou que vai pagar dividendos mensais até dezembro.
Já no caso da Allos (ALOS3), firma do setor de shoppings e que também pagará dividendos mensais em 2025, o dividend yield elevado deve ocorrer por conta da melhora em resultados operacionais e reciclagem de portfólio, com venda de alguns ativos. “A firma deve apresentar crescimento sólido de receita nos próximos anos, principalmente com a maturação de seu portfólio e aquisição estratégica de novos negócios”, diz Luan Alves, head de ações da Leveraged Capital.
Alves reforça que com um caixa robusto e baixa alavancagem, a Allos tem espaço para elevar a área bruta locável (ABL), seja com expansões ou via fusões e aquisições. Há possibilidade de dividendos extraordinários.
E dentro dos setores tradicionais?
Dentro dos setores tradicionais, que no jargão dos investidores com estratégia de ganhar com dividendos são conhecidos pelo acrônomo BESST, também há ações fora do radar dos investidores que podem vir a se destacar. São bancos de pequeno e médio porte e seguradoras.
Ação | Dividend yield projetado para 2025 | Quem recomenda? | Número de indicações |
Banco BMG (BMGB4) | 9,50% | VG Research, Arkad Invest | 2 |
Porto Seguro (PSSA3) | 6% | Blue3 Research | 1 |
BR Partners (BRBI11) | 11% | VG Research | 1 |
Banco Pine (PINE4) | 7,50% | Arkad Invest | 1 |
Fonte: levantamento E-Investidor com analistas
BMG (BMGB4)
Um dos destaques deste grupo de ações para 2025 fica com o banco BMG, que tem boa parte das receitas atreladas ao crédito consignado, um produto considerado de baixo risco porque o pagamento é descontado diretamente da folha salarial do devedor. “Esse desconto funciona como uma garantia de recebimento pelo banco e reduz o risco de inadimplência”, observa Milton Rabelo, analista da VG Research.
Ele explica que o BMG está passando por uma reestruturação. Entre 2019 e 2023, o banco apresentou resultados ruins que frustraram o mercado, mas desde meados de 2023, sob o comando do CEO Félix Cardamone, a companhia fez um esforço para controlar as despesas e aumentar a rentabilidade medida pelo Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE), que atualmente se encontra em 8,35%.
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O analista enxerga com bons olhos a reestruturação, que começa a dar seus frutos, e destaca que em função dos resultados passados as ações BMGB4 estão neste momento excessivamente baratas, o que abre uma oportunidade para investidores que buscam ações de crescimento de dividendos no longo prazo.
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Guilherme La Vega, analista da casa de análise independente Arkad Invest, também elogia a reestruturação do BMG, que focou em clientes mais rentáveis e está melhorando sua eficiência e resultados operacionais. “Para 2025 espero uma continuidade dessa recuperação, agora que a firma está desinvestindo de negócios que não combinam com a sua estratégia”, afirma.
O risco para os dividendos em 2025, segundo La Vega, fica com a pressão maior no crédito consignado – com aumento de juros, a firma pode ter que repassar custos aos clientes. Preocupa também uma regressão no controle de despesas, que levaria a companhia a patamares do passado.
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Autor: Katherine Rivas