Stellantis, fabricante do Jeep, traz de volta clássicos americanos após saída de CEO
A Jeep está revivendo seu SUV do tamanho da Cherokee. A Dodge traz de volta a versão com motor a gasolina de seu Charger. E a Ram pausou sua picape totalmente elétrica.
Nas semanas desde a saída do CEO Carlos Tavares, executivos da montadora global Stellantis têm se movido rapidamente para recuperar as operações nos EUA, empregando uma série de mudanças para promover as vendas.
No topo de sua lista está o revigoramento de marcas americanas conhecidas, como Chrysler e Dodge, cujas vendas e linhas diminuíram nos últimos anos.
Os líderes de marca da Stellantis dizem que precisam voltar ao básico, oferecendo modelos a preços mais acessíveis e promoções que possam ajudar a aumentar as vendas. Essas atitudes, dizem eles, podem reverter um 2024 sombrio, que terminou com a saída de Tavares em dezembro.
Desde a saída, a montadora basicamente arquivou o manual do ex-CEO. A Stellantis atrasou o lançamento de dois modelos de veículos elétricos e recontratou alguns executivos que haviam saído durante o comando de Tavares, incluindo um veterano aposentado da firma para liderar a marca Ram.
Além disso, há planos para lançar novos modelos em categorias populares que haviam ficado de lado sob a liderança anterior. Entre eles está um substituto do Jeep Cherokee, marca que chegou a representar cerca de 17% das vendas anuais da Jeep antes de ser descontinuada no início desta década.
No geral, a Stellantis vende sete marcas de automóveis nos EUA, incluindo Maserati e Alfa Romeo.
“Precisamos ter certeza de que, nos próximos 12 meses, teremos um caminho claro para atingir a participação de mercado de dois dígitos”, disse Antonio Filosa, que foi nomeado diretor de operações da Stellantis na América do Norte em outubro. A participação de mercado da Stellantis nos EUA despencou nos quatro anos em que Tavares liderou a firma, caindo de 12,5% para cerca de 8% no ano passado.
Formada em 2021 por meio de uma fusão da Fiat Chrysler Automobiles e do Grupo PSA da França, a Stellantis começou forte ao registrar lucros que superaram amplamente os rivais, em parte devido ao foco implacável de Tavares na eficiência.
Ele também prometeu fortalecer as marcas mais fracas da firma — Chrysler, Dodge e Fiat — usando o peso da engenharia da montadora global para redesenhar rapidamente modelos e renovar linhas obsoletas.
Tavares adicionou alguns novos modelos, mas cortou outros, e foi inflexível em manter os preços altos, apesar das reclamações dos revendedores de que isso estava prejudicando as vendas e levando a um acúmulo de estoque.
Em dezembro, Tavares estava fora. A firma citou “diferentes pontos de vista” que surgiram entre o executivo e as principais partes interessadas. O ex-CEO não quis comentar para este artigo.
Dezembro é geralmente um período de vendas movimentado para a indústria, e a Stellantis teve apenas dois modelos entre os 20 principais vendidos nos EUA, de acordo com dados da firma de pesquisa do setor Motor Intelligence. Jeep e Ram nem chegaram ao top 10 entre as marcas.
Espera-se que um novo CEO seja nomeado no primeiro semestre deste ano. Enquanto isso, o presidente da Stellantis, John Elkann, descendente do famoso clã italiano Agnelli, assumiu a liderança de um comitê executivo que o ajudará a administrar o negócio. Após a saída de Tavares, Elkann partiu em uma missão itinerante de manutenção da paz entre as principais partes interessadas da Stellantis.
No Salão do Automóvel de Detroit no início deste mês, os executivos das marcas estavam promovendo as mudanças recentes e tentando incutir confiança de que há um plano para recuperar o ímpeto perdido.
“Não é segredo que as relações que temos com nossos revendedores, nossos fornecedores, as pessoas em geral que estiveram associadas a nós nos últimos anos precisam de muito amor e atenção”, disse Bob Broderdorf, líder da Jeep na América do Norte.
Os revendedores dizem que o retorno de um Jeep de médio porte para substituir o Cherokee e de um próximo Dodge Charger movido a gasolina os deixa otimistas em relação a 2025. A falta de um substituto imediato para esses dois modelos provou ser um desafio significativo para o crescimento das vendas, especialmente para a Dodge, que ficou com apenas três modelos.
Após a saída de Tavares, Filosa reformulou as fileiras executivas na América do Norte e disse que o retorno de Tim Kuniskis, o ex-chefe da Dodge e da Ram que se aposentou poucos meses antes sob Tavares, será importante na reversão do declínio das vendas.
Como chefe da Ram, marca altamente lucrativa da firma, Kuniskis disse que seu primeiro passo foi arquivar temporariamente os planos de vender uma picape totalmente elétrica no próximo ano e, em vez disso, introduzir um veículo que funcione com bateria, mas que tenha um motor a gasolina de reserva.
“Por que não estamos liderando com o que temos de melhor?”, questionou Kuniskis no Salão do Automóvel de Detroit.
As vendas da Ram caíram 19% em 2024, em comparação com o ano anterior. Kuniskis disse que também está se concentrando em aumentar os números de leasing da Ram em 2025 para clientes em mercados regionais, onde não oferece negócios competitivos.
“Estamos perdendo o pé lá”, disse ele.
Questões maiores surgiram sobre o destino da Chrysler, a icônica marca americana que já foi uma potência nos negócios da firma nos EUA.
Atualmente, a Chrysler vende apenas dois modelos — duas minivans. A firma parou de fabricar o sedã Chrysler 300 após o modelo de 2023, reduzindo ainda mais sua linha.
A executiva-chefe da marca, Chris Feuell, revelou pouco quando perguntada sobre o futuro da Chrysler. Ela planeja vender um Pacifica atualizado em 2026, seguido por um novo veículo crossover, e depois um terceiro modelo inspirado em um carro-conceito futurista semelhante a um cupê lançado no início de 2024. Os planos de um VE foram temporariamente arquivados.
Feuell espera dobrar as vendas para cerca de 300 mil unidades por ano com o novo Pacifica e modelos futuros.
“Não tenho interesse em atuar em um nicho”, disse ela.
Enquanto isso, os revendedores esperam que as vendas recuperem o ímpeto este ano porque a montadora lhes ofereceu mais poder de fogo para atrair os clientes financeiramente.
Ralph Mahalak, revendedor Stellantis em Michigan, disse que espera vender até 37% mais carros em 2025 em comparação com o ano passado, o que o levou a contratar mais trabalhadores.
Durante as palestras de vendas com a equipe, Mahalak enumerou uma lista de novas promoções que haviam sido eliminadas nos últimos anos.
“Puxa, até parece que os velhos tempos voltaram”, disse Mahalak.
Escreva para Ryan Felton em ryan.felton@wsj.com
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: The Wall Street Journal