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Com boom em 2024, FIDCs prometem mais um ano de forte crescimento, dizem gestores

Com boom em 2024, FIDCs prometem mais um ano de forte crescimento, dizem gestores

Enquanto os investidores brasileiros focaram em ativos de renda fixa para aproveitar os juros altos, 2024 também teve firmas diversificando as fontes de crédito para financiar suas operações. No meio das duas pontas, estavam os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), classe que teve captação líquida recorde e aumento do número de fundos no ano.

2025 já começou com o mercado aquecido e, mesmo com Selic alta e compressão de spreads, tende a ser mais um ano de forte crescimento, dizem gestores e analistas.

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Alguns números mostram que 2024 foi um ano de consolidação dos fundos de recebíveis: 

  • a captação líquida foi de R$ 113,5 bilhões, aumento de 184% na comparação com o volume (R$ 39,50 bilhões) captado em 2023;
  • o patrimônio líquido chegou a R$ 589,3 bilhões em dezembro, alta de 32,6% na comparação com o mesmo mês em 2023;
  • com o resultado, os FIDCs ultrapassaram os fundos de ações, que têm R$ 584,9 bilhões sob gestão, em patrimônio líquido;
  • o número de fundos também cresceu: eram 2.288 em outubro do ano de 2023 contra 2.778 no ano passado, incremento de 21,41%;
  • pessoas físicas tinham R$ 15,98 bilhões investidos em FIDCs em outubro, volume 115,9% maior do que o observado um ano antes.

Os dados são da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados monetário e de Capitais).

Em relatório, a XP Investimentos destacou o crescimento dos fundos ilíquidos, e disse que “a flexibilidade para estruturar operações de diferentes níveis de risco e retorno torna os FIDCs um veículo promissor para 2025, especialmente em um ambiente de crédito mais sofisticado”.

Clara Sodré, analista de fundos da XP, disse ao InfoMoney que a casa tem visão positiva para a classe ao longo do ano e recomenda exposição via FIC FIDCs, fundos que compram cotas de vários FIDCs, por ter “a possibilidade de estar presente em outras operações de crédito estruturado” e pela “cautela do gestor na hora de investir”.

O que explica o crescimento? 

Eduardo Siqueira, diretor de RI da SRM Asset, diz que a classe vive a “tempestade perfeita”, já que tem duas pontas aquecidas, com firmas precisando de financiamento e investidores buscando mais rentabilidade. Na ponta da originação de ativos, o fator mais citado pelos especialistas como favorável aos fundos é a demanda por crédito maior do que a oferta. 

“Temos um mercado que cresce e exige crédito para se financiar, mas não consegue acessar os bancos”, diz Carolina Moura, diretora de crédito estruturado da Genial. Ela ainda diz que “alguns bancos são burocráticos e têm critérios altos para concessão de crédito que mesmo boas firmas não conseguem atingir”.

Carolina Moura, diretora de crédito estruturado da Genial

Na outra ponta, os FIDCs têm investidores que buscam mais rentabilidade. Segundo dados da Anbima, os fundos de investimento eram os principais investidores da classe em setembro. Eles procuram os fundos de recebíveis em um contexto de prêmios amassados em debêntures e outros ativos de crédito privado. Esses gestores ainda compram cotas de FIDCs por conta de restrições impostas a CRAs, CRIs e outros ativos. 

Por fim, os participantes do mercado de crédito estruturado ainda listam avanços tecnológicos como fator importante no crescimento da classe. Isso porque os fundos precisam acompanhar milhões de transações. Na SRM, por exemplo, são quase três mil cedentes (firmas que vendem os recebíveis) ativos e mais de 100 mil sacados (firmas que devem aos cedentes) para acompanhar atualmente. 

“Os investidores estão cada vez mais confiantes de que os administradores conseguirão acompanhar as carteiras pulverizadas”, diz Caroline Hees, diretora de crescimento da BYX, firma que atua na consultoria aos administradores. Ela explica que esse avanço tecnológico permite vários tipos de originação: “Temos fintechs focadas em precatórios ou consignados, por exemplo, e as pessoas estão entendendo que não dependem dos bancões para tomar crédito”. 

Dívidas mais caras

Em 2025, a Selic alta será o principal desafio dos fundos de recebíveis porque “começa a adicionar um risco de crédito maior nas operações, já que muitas firmas e pessoas não têm aumento de renda na magnitude em que os juros sobem”, explica Hees. Para ela, “a indústria precisará ser mais seletiva na seleção de clientes porque teremos firmas e pessoas com mais dificuldade de honrar pagamentos”. 

A seleção criteriosa faz parte da filosofia da Genial: “Só fazemos negócios com firmas que conhecemos, com bom operacional e qualidade técnica para entregar produtos”. Atualmente, o FIDC da casa não tem mais de 20 cedentes. 

Por outro lado, a SRM, que tem milhares de cedentes, aposta na pulverização para mitigar riscos: “aumento dos juros faz algumas firmas ficarem pelo caminho, então sempre vamos oxigenando nossa originação com novas frentes”. 

Nesse ambiente, as garantias se tornam ainda mais importantes. Na CVPAR, que trabalha apenas com firmas já bancarizadas e dívidas curtas, para fluxo de caixa, somente ativos reais que valem de 150% a 300% do que o valor dos recebíveis são usados como garantias. “Muito difícil que a firma deixe de me pagar, já que, nesse caso, vou lucrar em cima disso”, diz Phylipe Corsini, head de distribuição da CVPAR. 

Phylipe Corsini, head de distribuição da CVPAR

Rentabilidade menor? 

Hoje, cotas sêniores (com menor risco) pagando cerca de CDI + 3% são comuns, mas os prêmios são uma preocupação da indústria ao longo deste ano. A demanda pelas cotas vem aumentando, o que pode atrapalhar players que não selecionarem bem os ativos. 

“O retorno dos FIDCs vem diminuindo com mais gestores buscando esses ativos, vemos uma compressão dos spreads, mesmo que ainda tenhamos retornos interessantes”, afirma a executiva da BYX. 

Siqueira, da SRM, admite que os próximos meses podem trazer prêmios menores, mas o movimento não seria tão forte como nas taxas de debêntures. Ele lembra que os FIDCs podem reunir várias teses com diferentes níveis de risco e projeta que as “mais óbvias”, como atreladas a empréstimos consignados e FGTS podem sofrer compressão maior, enquanto FIDCs que investem em precatórios e processos judiciais “não vão mudar de patamar”. 

Eduardo Siqueira, diretor de RI da SRM Asset

Para evitar taxas menores, os fundos devem ter o cuidado de não captar mais do que podem alocar, caso contrário “precisarão alocar em qualquer lugar ou aumentar o limite dos clientes”, diz Corsini. 

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Mais otimista, Carolina Moura, da Genial, lembra que as alternativas aos FIDCs são debêntures, CRIs, CRAs ou empréstimos bancários, sendo o crédito privado “caro e demorado”, o que dá vantagem para os FIDCs: “Por isso as firmas estarão dispostas a pagar spreads mais altos”.

Mesmo diante dos desafios, os especialistas mostram otimismo para este ano: “O quadro segue positivo para o segmento, com demanda pelos papéis aquecida de um lado e atividade econômica forte de outro”, diz Siqueira. Caroline Hees espera um “crescimento tão forte quanto nos últimos anos, com aumento do patrimônio líquido e na participação na indústria de fundos”. 

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Autor: leonardogstos

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