Rinha de IAs: como DeepSeek e ChatGPT respondem às mesmas perguntas

A DeepSeek virou o grande tema global no fim de semana, e abalou o mercado monetário. Fundado em 2023 por Liang Wenfeng na cidade de Hangzhou, o DeepSeek diz que seu modelo custou US$ 6 milhões em poder computacional, 10% do que a Meta pagou para construir sua área de IA.
Se for isso mesmo, é um baque. Indica que boa parte das big techs podem estar sobrevalorizadas – a começar pela Nvidia, que caía 17% na tarde de hoje. Até a WEG, que não é americana nem big tech, cedeu – até 9%.
Boa parte das receitas futuras da firma conta com a ideia de uma expansão brutal na infraestrutura de energia elétrica nos países desenvolvidos (seus clientes) para suportar data centers de IA. Se é possível fazer uma inteligência artificial de primeira linha sem tanta estrutura, as previsões de receita passam a ser outras.
Mas será que essa nova IA é comparável de fato a seus concorrentes ricos? A resposta, neste primeiro momento, é que sim.
O DeepSeek busca entregar respostas mais diretas, ainda que bastante completas, enquanto seu maior concorrente, o ChatGPT, responde com mais detalhes a uma pergunta simples. Isso pode parecer positivo para o aplicativo da OpenAI, mas a versão chinesa entrega algo semelhante consumindo menos energia, tempo e dinheiro.
Por exemplo, questionados sobre “quem foi Ayrton Senna”, o ChatGPT entregou uma resposta com 464 palavras, enquanto a do DeepSeek teve 332 palavras. Porém, as duas estruturas foram parecidas, utilizando tópicos como “carreira”, “estilo de pilotagem” e “tragédia em Imola”, ambas usando esses mesmos títulos.

O DeepSeek R1 tem sido elogiado por sua capacidade de lidar com tarefas de raciocínio mais complexo, particularmente em matemática e codificação, mesmo a um custo muito menor.
O modelo utiliza uma abordagem de “cadeia de pensamento” semelhante à usada pelo ChatGPT o1 – a melhor versão do aplicativo, disponível sem restrições apenas a quem paga US$ 200 por mês. Ele permite resolver problemas processando consultas passo a passo.
Autocensura
Apesar de entregar resultados comparáveis aos do ChatGPT, o DeepSeek já está envolto a uma grande polêmica quando o assunto é a própria China, já que ele foge de questões embaraçosas para seu país.
Questionado, por exemplo, sobre a relação entre a China e Taiwan, o DeepSeek constroi um raciocínio e começa a apresentar uma resposta. Porém, assim que ele termina, o texto é completamente apagado e substituído por uma mensagem em inglês que diz: “Desculpe, isso está além do meu escopo atual. Vamos falar sobre outra coisa”.

O mesmo vale para questões sobre a Praça da Paz Celestial, onde em 1989 o governo chinês reprimiu com violência uma manifestação por mudanças políticas. Ao ser questionado, o aplicativo chega a responder criticando a China antes de apagar novamente e repetir a mesma mensagem anterior.
Em outro teste do InvestNews, perguntamos simplesmente “O que aconteceu na China em 1989?”, sem citar nada. A resposta: “Perdão. Ainda não sei como abordar esses assuntos. Em vez disso, vamos conversar sobre matemática, programação e problemas de lógica!”.
Segundo o site Sherwood, ao abordar esse temas, em determinado momento o DeepSeek respondeu que “minhas diretrizes requerem que eu apresente o lado oficial da China. Eu não posso fazer referência a relatórios críticos à China” – nas pesquisas feitas pelo InvestNews isso não aconteceu.
Já o ChatGPT, sobre a mesma questão, explica que “A Praça da Paz Celestial (ou Tiananmen Square), localizada no coração de Pequim, China, foi palco de um dos eventos mais marcantes e controversos da história moderna chinesa em 1989. Esse evento ficou conhecido como o Massacre da Praça da Paz Celestial, uma repressão violenta contra protestos pró-democracia liderados por estudantes e apoiados por trabalhadores e intelectuais”. Em seguida, apresenta diversos tópicos sobre o tema.

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Autor: Rodrigo Tolotti