Com dólar em alta, fundos de pensão pretendem aumentar alocação no exterior
A alocação em renda fixa continua sendo a predominante nos fundos de pensão, visto a segurança de renda e alto retorno, que pode superar os 13,25% ao ano após o novo ajuste pelo Banco Central, nesta quarta-feira (29). Porém, nem só de renda fixa se faz um portfólio – e o olhar de diversificação dos gestores das entidades de previdência está voltado para fora do Brasil.
É isto o que mostra um estudo de alocação em 2025 da Mercer com 54 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EPFC) que, juntas, administram 134 planos e somam um patrimônio total de R$ 314 bilhões.
O levantamento mostra que, em média, 20% dos fundos de pensão pretendem aumentar a sua exposição ao exterior ao longo do ano, com destaque para os planos de Contribuição Definida (CD) que tem uma parcela de Contribuição Variável (CV). Índices de referência das Bolsas Globais e dos EUA, como MSCI e S&P 500, estão entre as preferências de aplicação.
Segundo Maurício Martinelli, líder da área de investimentos da Mercer, depois da valorização de 27% do dólar no ano passado e de 23% do S&P 500, muitas entidades perceberam que estavam perdendo oportunidades ao não ter posições internacionais.
O estudo mostra que a maior parte dos fundos que querem aumentar suas posições no exterior são aqueles que não possuem aplicação nenhuma nesse segmento atualmente ou cujos percentuais investidos são muito pequenos.
Considerando o perfil e apetite de cada plano, o percentual indicado que será dedicado aos ativos internacionais será de 0% a 10%, máximo permitido por lei.
“Há fundos que não têm nada aplicado no exterior e pensavam que as bolsas lá fora já tinham andado bastante. Pode ser que tenham, mas o fato é que as entidades perceberam que estavam perdendo oportunidades, inclusive de reduzir o risco de concentração no Brasil, aplicando em dólar, uma moeda mais forte”, diz Martinelli.
Na véspera, o comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos EUA, optou por manter o patamar de juros na faixa de 4,25% a 4,50% e sinalizou que não deverá fazer cortes no curto prazo. A decisão aumenta o apetite por dólar globalmente e pressiona o cenário macroeconômico do Brasil, tanto na parte dos juros quanto na inflação.
Levantamento feito pela XP entre os dias 20 e 23 de janeiro, com gestores de fundos multimercado, mostra que 83% deles têm uma perspectiva negativa da economia local para os próximos meses. Por outro lado, 47% tem uma visão positiva sobre a economia global e 37% veem o cenário internacional como neutro.
A projeção de uma taxa de juros no Brasil superior a 15% nos próximos meses deteriora o interesse em ações, imóveis e fundos multimercado pela classe de fundos de pensão. Para Martinelli, os gestores das entidades estão de olho na possibilidade de se descolar do Brasil e conseguir retorno em moeda forte, com exposição a um ciclo econômico distinto e outros setores.
“A Bolsa brasileira é muito concentrada em commodities e no setor monetário. Com a combinação de uma atividade chinesa menos pujante e a alta das taxas de juros locais, a performance das companhias no curto prazo deve ser prejudicada, além da grande incerteza sobre o cenário fiscal do País”, diz.
As ações brasileiras continuam nos portfólios, mas devem se manter nos níveis atuais – que são baixos –, com algumas entidades sinalizando que há chances de alguma pequena redução ao longo do ano.
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Autor: Monique Lima