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‘Efeito DeepSeek’ aumenta as oportunidades de negócio para data centers, diz Ascenty

O acirramento da disputa global por IA, evidenciado pelo recente lançamento do modelo chinês DeepSeek, deve reforçar a posição do Brasil como um polo para processamento de dados. A avaliação é de Marcos Siqueira, chefe de operações e de vendas da Ascenty, maior operadora de data centers da América Latina, que vê o país em posição privilegiada para atender a crescente demanda do setor.

Embora o surgimento do DeepSeek tenha sugerido que não é necessário ter tanta infraestrutura para entregar uma inteligência artificial competitiva, o executivo da Ascenty lembra que existe uma distinção importante: o treinamento dos modelos pode ocorrer em qualquer lugar do mundo, mas a infraestrutura local é crucial para a chamada “inferência” – o uso efetivo dessas tecnologias pelo usuários. 

“Se uma firma asiática decide manter todo seu processamento na Ásia, o tempo de resposta para usuários brasileiros vai ser insatisfatório. Para oferecer boa experiência ao usuário final, eles precisarão ter dados hospedados localmente”, aponta.

“Temos bons relacionamentos comerciais tanto com Estados Unidos quanto com a China, os principais mercados de desenvolvimento de IA”, prossegue Siqueira. O diferencial, aponta o executivo, é a infraestrutura brasileira, com conectividade robusta e oferta abundante de energia limpa – uma exigência de firmas que trabalham com metas de descarbonização. “Não importa se a demanda vem de uma firma norte-americana ou asiática, estamos preparados para absorvê-la.”

Com o iminente aumento de modelos de IA no mercado, as projeções para a demanda por data centers não para de crescer. Grandes firmas de tecnologia, como Microsoft, Amazon Web Services (AWS), Google, Meta e Oracle, estão rapidamente construindo e alugando novos data centers globalmente e expandindo a operação para mercados mais novos e menores – um movimento global que exigirá cerca de US$ 2,5 trilhões de investimentos até 2028, segundo relatório recente publicado pela agência Moody’s.

Ano de crescimento

Por outro lado, Siqueira lembra que a demanda dos produtos de inteligência artificial por data centers na América Latina ainda engatinha. O que ainda responde pela maior procura por data centers é o serviço em nuvem (“cloud“). E é o que vem impulsionando os resultados recentes da Ascenty. A firma encerrou 2024 com 120 novos clientes, um aumento de 25% na base – em faturamento, o crescimento foi de 54%.

“Foi disparado o nosso melhor ano no segmento enterprise”, destaca Siqueira, citando o crescimento entre firmas de tecnologia, serviços e setor monetário. A Ascenty trabalha com dois perfis de clientes: o hyperscales, que são as grandes firmas de tecnologia e seus produtos, e o enterprise, que são companhias dos mais diversos segmentos que precisam de um local para hospedar seus bancos de dados – esse público representa 65% dos clientes da Ascenty.

Marcos Siqueira, chefe de operações e de vendas da Ascenty (Divulgação)

Um destaque dos últimos anos, diz o executivo, foi o crescimento no setor monetário. “Há uma década, as instituições financeiras mantinham seus próprios data centers. A evolução da governança e das certificações mudou esse cenário”, explica Siqueira, citando como exemplo o Pix, que exige processamento instantâneo e alta disponibilidade.

Para 2025, a Ascenty apoia sua perspectiva em três frentes: o crescimento da demanda por inteligência artificial, a contínua expansão do cloud computing e a migração de firmas que ainda mantêm infraestrutura própria. “Menos de 50% das firmas no Brasil utilizam serviços em data centers como o nosso. Ainda há muito espaço para crescimento”, avalia Siqueira.

Expansão

Com 20 data centers em operação no Brasil, a firma segue em expansão em outros países da América Latina. Neste ano, irá inaugurar seu terceiro data center no Chile. “O Chile tem se tornado um polo importante de infraestrutura digital, tanto por sua estabilidade econômica quanto pela conectividade estratégica”, destaca o executivo. 

O país serve como hub para o Cone Sul, especialmente para firmas que buscam atender o mercado argentino mantendo suas operações em território chileno. Outra vantagem é que a firma consegue também se conectar com os cabos submarinos de internet localizados no Oceano Pacífico. Além do data center no Chile, a Ascenty está com outros dez projetos em desenvolvimento, distribuídos entre Brasil, México e Colômbia.

A Ascenty é fruto da sociedade entre a americana Digital Realty e a canadense Brookfield. E especula-se no mercado que a dupla está buscando um terceiro sócio para ajudar a financiar o crescimento da firma. Marcos Siqueira não comenta rumores sobre novos sócios, mas diz que é natural analisar alternativas de investimentos. “Somos um negócio de capital intensivo e sempre estamos buscando formas de captar recursos ao menor custo possível para construir data centers cada vez mais eficientes”, conclui o executivo.

O movimento faz sentido no atual cenário: segundo a Moody’s, os desenvolvedores de data centers vão precisar levantar capital significativo via ações, empréstimos bancários e títulos corporativos para sustentar a expansão do setor. O relatório também aponta que a forte demanda deve manter a pressão sobre os custos de componentes essenciais, como sistemas de resfriamento mecânico e equipamentos elétricos, que já enfrentam escassez de suprimentos.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Rikardy Tooge

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