A China faz seu primeiro movimento na guerra das tarifas de Trump
A China fez a primeira retaliação às tarifas iniciais da guerra comercial do presidente americano Donald Trump. As medidas miram um grupo de firmas dos EUA com taxas a alguns produtos. O movimento parece projetado para evitar uma escalada nas tensões entre as duas maiores economias do mundo.
Pequim impôs uma taxa de 15% sobre menos de US$ 5 bilhões em importações de energia dos EUA e uma taxa moderada de 10% sobre petróleo americano e equipamentos agrícolas na terça-feira, momentos depois que as novas tarifas dos EUA entraram em vigor. A China também anunciou que investigará o Google por supostas violações antitruste, embora os serviços de busca da Alphabet estejam indisponíveis no país desde 2010.
Em medidas mais direcionadas, as autoridades colocaram a PVH, proprietária da Calvin Klein, e a firma de sequenciamento genético dos EUA, Illumina, em uma espécie de lista de restrição de entidades que poderiam afetar suas consideráveis operações na China, além de impor novos controles de exportação sobre tungstênio e outros metais críticos usados nas indústrias de eletrônicos, aviação e defesa.
A resposta do presidente Xi Jinping pareceu cuidadosamente calibrada para evitar uma forte reação negativa na economia chinesa, ao mesmo tempo em que mostrava a Trump a capacidade de infligir danos em uma série de frentes, incluindo a interrupção da cadeia de suprimentos de minerais essenciais e o prejuízo a firmas americanas com grandes operações no continente.
Essa restrição, juntamente com a especulação de que Xi pode fazer mais para impulsionar a economia da China, levou a uma reação relativamente moderada nos mercados — especialmente porque Trump sinalizou um desejo de conversar com o líder chinês antes das tarifas entrarem em vigor. As tarifas chinesas começam a valer em 10 de fevereiro, potencialmente abrindo espaço para negociação.
“Parece uma retaliação bastante moderada à primeira vista”, disse Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING Bank, em Hong Kong. Ele observa que a energia representa uma pequena parcela das importações dos EUA pela China. As medidas contra firmas americanas, no entanto, podem ser vistas como “um tiro de advertência” para os negócios dos EUA que dependem do mercado chinês, acrescentou o economista.
O governo de Xi reagiu quase imediatamente após a entrada em vigor das tarifas dos EUA, acabando com as esperanças de que Pequim chegasse a um acordo para evitar as tarifas. Horas antes, o republicano havia concedido ao Canadá e ao México um adiamento de última hora de uma tarifa de 25%, após conversas com os líderes desses países.
“A resposta contida da China e o tom geralmente amistoso na mídia estatal e nas redes sociais antes do prazo final dos EUA sugerem um esforço para criar um cenário favorável para as negociações”, disseram Chang Shu, Eric Zhu e David Qu, da Bloomberg Economics. Sob esta luz, vemos a possibilidade de que as tarifas sobre a China não acabem tão altas quanto o nível de 60% ameaçado por Trump durante a campanha eleitoral. Mesmo assim, vemos um alto risco de que elas ultrapassem o aumento de 10 pontos percentuais que começou na terça-feira”, acrescentaram eles.
A resposta da China foi “medida e apropriada”, segundo Dylan Loh, professor assistente de política na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura.
“Acho que Pequim também observa o que o Canadá e o México fizeram, e sabe que eles ainda podem chegar a algum tipo de entendimento”, acrescentou ele.
As duas novas listas de tarifas da China afetam produtos dos EUA que totalizaram US$ 13,9 bilhões em 2024. Entre esses itens, US$ 9,5 bilhões em produtos como petróleo bruto, tratores e veículos funcionais estarão sujeitos a taxas adicionais de 10%, enquanto US$ 4,4 bilhões em produtos — carvão e gás natural liquefeito — enfrentarão uma taxa extra de 15%.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Bloomberg