Ameaça de tarifas nos EUA faz Diageo abandonar meta de crescimento
A Diageo, firma britância que é uma das maiores produtoras de bebidas alcoólicas do mundo, abandonou sua meta de vendas enquanto lida com crescimento lento e uma possível guerra tarifária nos Estados Unidos, seu maior mercado.
A fabricante do uísque Johnnie Walker desistiu de sua meta de médio prazo de 5% a 7% de crescimento orgânico nas vendas líquidas, citando incertezas econômicas e políticas em seus principais mercados. As tarifas americanas ameaçadas sobre México e Canadá podem “impactar significativamente” o impulso da Diageo, especialmente suas marcas de tequila e uísque canadense, alertou a CEO Debra Crew.
O antecessor de Crew, Ivan Menezes, havia estabelecido a meta de vendas em 2021, durante a pandemia, quando a demanda por destilados para coquetéis caseiros estava em alta. A Bloomberg informou no mês passado que a Diageo provavelmente reduziria suas ambições de crescimento e revisaria suas expectativas devido aos gastos mais fracos dos consumidores nos mercados-chave: EUA, América Latina e China.
Cenário complicado
A Diageo sempre apostou que o crescimento populacional e o aumento da renda em seus principais mercados levariam os consumidores a preferir suas marcas premium. No entanto, tem enfrentado pressão dos investidores para reduzir uma meta que claramente estava difícil de alcançar, considerando a demanda fraca e as mudanças no mercado, especialmente nos EUA.
“O sentimento está melhorando nos EUA e as pessoas querem destilados, mas estão sentindo o peso no bolso”, explicou Crew. “As famílias estão enfrentando os maiores preços de supermercado dos últimos 30 anos”, acrescentou.
A situação pode piorar se o presidente americano, Donald Trump, cumprir a ameaça de impor tarifas sobre produtos do México e Canadá. Embora uma trégua de 30 dias tenha sido negociada na segunda-feira (3), o risco permanece para firmas como a Diageo, que gera 38% de suas vendas na América do Norte.
O diretor monetário Nik Jhangiani revelou que cerca de 45% das vendas da Diageo nos EUA vêm de importações do Canadá e México. Segundo ele, a firma pode amenizar parte significativa do impacto das tarifas no lucro operacional. Porém, cresce o receio de que os consumidores migrem para produtos domésticos mais baratos se a Diageo e concorrentes precisarem aumentar os preços.
Preparação
Crew informou que a Diageo está preparando medidas preventivas para possíveis tarifas, incluindo ajustes na cadeia de suprimentos e estoques, além de manter diálogo com a administração americana. A firma também planeja realocar investimentos.
A firma conquistou maior participação de mercado nos EUA no primeiro semestre, impulsionada pelo bom desempenho da tequila Don Julio e do uísque canadense Crown Royal.
Em perspectiva global, a Diageo cresceu em quatro de suas cinco regiões, com recuperação acima do esperado na América Latina e África, segundo analistas da Jefferies.
“O relatório de resultados trouxe muito do que esperávamos”, avaliou James Edwardes Jones, analista da RBC Capital Markets, elogiando a substituição da meta de vendas “problemática” por uma orientação de curto prazo mais realista. A Diageo também promete melhorar a produtividade e manter maior disciplina financeira.
© 2025 Bloomberg L.P.
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Autor: Bloomberg