Ibovespa hoje: guerra comercial entre EUA e China respinga na Bolsa em dia de ata do Copom
O Ibovespa hoje abriu em queda de 0,14%, aos 125.791 pontos nesta terça-feira (4). As atenções do mercado estão na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), além dos desdobramentos da guerra comercial dos Estados Unidos – veja aqui a agenda completa do dia.
A cautela dos investidores em meio ao contínuo debate sobre tarifas comerciais pode impedir o principal índice da B3 hoje de subir após o recuo na véspera. O tom é negativo nesta manhã nas bolsas europeias e nos índices futuros em Nova York apesar de o governo americano também ter voltado atrás em relação ao Canadá, depois do México. Agora ficam as atenções sobre a China, que já retaliou.
Conforme a MCM 4intelligence, os investidores estão temerosos quanto aos efeitos econômicos da política de comércio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O petróleo recua forte com o acordo entre México e Canadá e EUA na questão das tarifas. Juros dos Treasury bonds (títulos de renda fixa emitidos pelo governo americano) praticamente de lado no aguardo da pesquisa Jolts de dezembro que deve mostrar leve queda do estoque de vagas em aberto”, resume em nota.
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Após cravar o seu 11º pregão seguido em queda, a 5,8160 (-0,35%) – ainda nos menores valores desde fins de novembro e com desvalorização acumulada de 5,89% em 2025 -, o dólar abriu esta terça-feira em baixa de 0,24%, a R$ 5,8019 – confira detalhes aqui.
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O dólar hoje pode hesitar no mercado à vista. Os agentes de câmbio devem considerar as perdas da divisa americana frente o dólar canadense e o peso mexicano, após os acordos para suspensão de Trump.
Em relação a moeda emergentes, o dólar avança, o que somado ao rendimento dos Treasuries (títulos da dívida americana) devem direcionar os juros futuros, que têm viés de alta em dia de Ata do Copom (veja detalhes abaixo).
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Confira os destaques do Ibovespa hoje
Bolsas internacionais reagem às tarifas de Trump
As bolsas europeias e os futuros de Nova York reduzem suas perdas nesta terça-feira, após os EUA anunciarem a suspensão por um mês das tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México. Essa suspensão ocorre em troca de maior controle nas fronteiras para combater o tráfico da droga fentanil.
O foco agora está nas conversas entre os presidentes americano, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, com Pequim adotando medidas retaliatórias após o início das tarifas americanas de 10%. O carvão e o gás liquefeito terão tarifas de 15%, enquanto petróleo, máquinas agrícolas e veículos terão 10% a partir de 10 de janeiro.
Os juros dos Treasuries (títulos da dívida americana) sobem e o dólar se mantém instável, enquanto aguardam ainda dados e declarações do Fed. A expectativa é que o diálogo reduza os riscos de uma guerra comercial mais ampla, mas a incerteza persiste. O dirigente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, alerta para a necessidade de cautela na redução dos juros devido aos riscos inflacionários pela política de Trump.
Ata do Copom reforça o crescimento da Selic na próxima reunião
O foco dos investidores está na ata do Copom nesta terça-feira, após a elevação da taxa Selic de 12,25% para 13,25% e um tom mais ameno no comunicado da última reunião. No documento divulgado esta manhã, o comitê repetiu que o tamanho total do ciclo de aumento da taxa Selic será ditado pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Essa sinalização já constava no comunicado da última quarta-feira (29).
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O colegiado reiterou o forward guidance (projeção utilizada para influenciar as expectativas do mercado) de mais uma elevação de 1 ponto porcentual nos juros na sua próxima reunião, de março, que levaria a taxa Selic a 14,25%.
Em análise preliminar, Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, considerou o tom da ata “menos hawkish (dura)” do que no comunicado, que, segundo sua visão, pareceu que tinha grandes chances de não ter alta em maio (manter estável). “Já pelo tom da ata, parece que está aberto”, avalia.
O Copom também citou as projeções de inflação. Ele espera que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 4,0% no acumulado de quatro trimestres até o terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e considera elevação de 3,8% para os preços livres e de 4,6% para os administrados.
O Banco Central (BC) espera que o IPCA encerre 2025 em 5,2%, acima do teto da meta, de 4,5%. A estimativas consideram altas de 5,2% nos preços livres e de 5,2% nos administrados este ano.
No documento, o BC diz que “é necessária cautela e parcimônia na análise recente de dados de atividade” e que “a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”, trechos que não constavam no comunicado.
Commodities: petróleo tem queda acima de 2%
O petróleo opera em queda expressiva nesta terça-feira. O barril do tipo WTI cai 2,08%, enquanto o Brent recua 1,25%. O minério de ferro segue sem negociação nos mercados de Dalian, devido ao feriado do Ano Novo Lunar mantém mercados fechados na China, Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul. Já em Cingapura, a commodity fechou em alta de 0,74%.
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Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de firmas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,11% no pré-mercado de Nova York por volta das 10 horas (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 0,35%.
Mercado brasileiro acompanha guerra comercial no exterior
Os ajustes nos mercados continuam a depender da evolução das negociações sobre tarifas, com a possibilidade de um acordo entre Trump e a China melhorando o clima de negócios.
No entanto, as perdas no petróleo tendem a afetar a Petrobras e o Índice Bovespa hoje, que também reagirá aos dados de produção e vendas da estatal e à sinalização do presidente Lula sobre a liberação dos estudos para exploração de petróleo na Margem Equatorial.
No câmbio, as pequenas altas do dólar em relação ao peso mexicano e ao dólar canadense podem influenciar a abertura no mercado monetário hoje, mas um possível acordo com a China poderia favorecer moedas emergentes ligadas a commodities, incluindo o real.
* Com informações de Cícero Cotrim e Fernanda Trisotto, do Broadcast
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Estadão Conteúdo