Como a nova série da Netflix pode te ensinar a não cair em golpes financeiros pelas redes sociais?
Uma influenciadora de saúde construiu um império digital em 2013 com a narrativa de que conseguiu se “curar” de um câncer cerebral inoperável com uma rotina de alimentação saudável. Com mais de 300 mil seguidores, ela aplicou um golpe monetário ao lucrar com seu aplicativo de dicas e as vendas de seu livro “The Whole Pantry” – ou “Toda a dispensa”, em tradução livre para o português. A história dessa influencer, Belle Gibson, será contada na nova minissérie da Netflix, Vinagre de Maçã, que estreia nesta quinta-feira (6).
No entanto, Gibson nunca esteve com câncer e também nunca cumpriu as promessas de doações de lucros do seu aplicativo para instituições de caridade. As informações falsas a consolidaram no ambiente digital, mas sua história pode ajudar a aprender como não cair em golpes monetários nas redes sociais.
Os anúncios de produtos ou serviços têm ocupado espaço persistente enquanto um usuário arrasta seu dedo pela tela do celular. Segundo Thiago Bertacchini, head de vendas da Mangopay, ofertas fraudulentas são o principal tipo de golpe nas mídias digitais.
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Por exemplo, descontos exagerados ou produtos de marcas famosas por preços muito abaixo do mercado são pontos a ficar alerta. Outras formas de golpe podem se mostrar como ofertas de “desapegos” desses produtos promovidas por perfis que fazem parte da rede de contatos da vítima, mas que foram invadidos através de golpes de engenharia social ou através de credenciais vazadas.
Confira outros tipos de golpes comuns nas redes sociais:
- Phishing: Links maliciosos que solicitam dados pessoais, bancários ou cartões de crédito;
- Perfis falsos: Perfis imitando firmas ou influenciadores para aplicar golpes, geralmente pedindo pagamentos antecipados;
- Golpes com QR Codes: QR codes maliciosos que levam a páginas fraudulentas;
- Golpe do falso suporte: Contatos que se passam por atendentes para roubar dados bancários.
É importante salientar que os golpes evoluem e muitas vezes usam tendências ou assuntos em alta para atrair vítimas, assim como Gibson aproveitou da alta dos temas de bem-estar e saúde. Na época, essa indústria, avaliada em US$ 6,3 trilhões no ano de 2023 e com projeção para aumentar US$ 9 tri até 2028 – dados do Global Wellness Institute -, estava em crescimento.
Carlos Castro, CEO e planejador monetário da SuperRico, destaca outro tipo de abordagem: investimentos com promessas de retorno rápido, busca por atalhos de enriquecimento, utilizando de uma regulação questionável em relação às criptomoedas ou mesmo as apostas online (bets).
É possível confiar em anúncios e perfis das redes sociais, no entanto, Bertacchini explica que é preciso ter cautela. “Embora algumas marcas confiáveis utilizem anúncios patrocinados, por exemplo, há muitos golpistas que se aproveitam dessas ferramentas para enganar os consumidores mesmo quando veiculado em redes sociais, pois as plataformas não garantem a legitimidade de todos os anunciantes e nem se comprometem em ressarcir eventuais prejuízos”, conta.
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Antes de comprar um novo produto, pesquisar a reputação da loja em sites como o Reclame Aqui, ou o Procon podem contribuir na análise. “Outra forma também é avaliar os comentários no Google ou fóruns de consumidores e até mesmo tentar identificar o CNPJ da firma vinculada para ver se ele está ativo”, frisa o planejador da Super Rico.
Os especialistas ainda revelam uma série de dicas para evitar golpes e encontrar produtos e serviços de maneira segura em meio às redes sociais. Confira:
- Desconfie de ofertas boas demais: Promoções muito agressivas e/ou com prazo muito curto para acabar são geralmente um sinal de alerta;
- Não tenha pressa para comprar: Sempre desconfie de pagamentos que pedem urgência ou pressão emocional para concluir a transação;
- Verifique a legitimidade do vendedor: Consulte o site oficial da firma, pesquise no Reclame Aqui e procure as redes sociais verificadas do anunciante caso este seja de médio a grande porte;
- Evite clicar em links desconhecidos: Prefira digitar diretamente o endereço no navegador;
- Cheque certificados de segurança: Certifique-se de que a URL começa com “https://”;
- Prefira formas de pagamento seguras: Cartão virtual e plataformas intermediárias oferecem mais proteção. Se a única forma de pagamento oferecida for Pix, o cuidado deve ser ainda maior e deve-se checar quem é o destinatário daquela transação. Na dúvida, pesquise o nome que aparece como destinatário acompanhado de palavras como “golpe” ou “fraude”;
- Habilite a autenticação em duas etapas: Isso dificulta o acesso não autorizado às suas contas;
- Prefira acessar o site oficial da marca ou marketplaces conhecidos: Em vez de clicar no anúncio, digite manualmente o endereço da firma no navegador;
- Desconfie de perfis sem histórico: Prefira firmas com tempo de mercado e histórico confiável.
- Verifique políticas de devolução e suporte: Um bom indicador de confiabilidade é uma política clara de pós-vendas.
Vale destacar, por fim, que Belle Gibson foi multada em 1,1 milhão de dólares australianos (AUD$) em 2015, quando foi descoberta a fraude. Porém, o montante foi reduzido para AUD$ 410 mil porque a acusada não podia pagar a quantia inicial. A multa incluiu AUD$ 230 mil por mentir sobre as doações dos lucros do aplicativo e do livro de receitas, AUD$ 150 mil por dizer a um casal cujo filho sofria de câncer cerebral que lhes daria parte das lucros do projeto, e AUD$ 30 mil por mentir sobre uma doação que faria para apoiar um evento no Dia das Mães.
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Autor: Camila Lutfi