AMD vê preço das ações caindo mesmo com resultados fortes — e a culpa é da IA


Mesmo após a divulgação de resultados robustos, a AMD viu suas ações desvalorizarem a nível próximos a 2023 na última semana. A culpa foi da suspeita de sempre no atual momento do mercado de tecnologia: a inteligência artificial. Nem mesmo um crescimento na linha de data centers foi suficiente para cumprir as expectativas do mercado.
Na última quarta-feira (4), a companhia de desenvolvimento de chips para computadores e data centers divulgou uma receita 24,2% maior na comparação anual do quarto trimestre de 2024, para US$ 7,66 bilhões. O crescimento de 69% na linha de data centers, no entanto, ficou 5,8% abaixo das expectativas do mercado. De lá para cá, a desvalorização do papel foi de aproximadamente 3,7%.
A reação do mercado, no entanto, não surpreendeu a firma. Sérgio Santos, diretor-geral da AMD Brasil, conta que o assunto foi discutido em uma reunião anterior à divulgação dos resultados feita junto à CEO global da AMD, Lisa Su.

“As expectativas internas, foram atingidas. Existe esse buzz, esse ruído tão grande em volta de IA, que, às vezes, estão se criando expectativas que estão indo de uma forma muito acelerada”, comenta Santos.
Os elevados investimentos feitos nas big techs, muito em função da inteligência artificial, levaram o valuation (valor de mercado) dessas companhias a múltiplos muito elevados nos último anos, o que tem levado analistas a adotarem posturas mais cautelosas e casas recomendações de diminuição da exposição aos papéis.
O discurso geral das companhias é que suas estratégias têm sido desenvolvidas com foco no longo prazo. Para a AMD, explica Santos, isso se manifesta na aposta da firma em desenvolver softwares para seus produtos com base em código aberto, em que a comunidade de desenvolvedores contribui para o desenvolvimento da tecnologia.
Efeito DeepSeek
A principal rival da AMD no setor é a Nvidia, companhia que também viu suas ações sendo desvalorizadas na última semana sob efeito do DeepSeek, modelo de linguagem grande de inteligência artificial que, afirmam seus desenvolvedores, custou menos de US$ 6 milhões para ser desenvolvido.
O anúncio, no entanto, foi um baque para todo o setor. Desenvolvido por uma firma chinesa, o DeepSeek não tem acesso às tecnologias mais avançadas de processamento, GPUs e CPUs de ponta desenvolvidos por firmas americanas e embargados aos mercado chinês. Isso impacta a expectativa de vendas de modelos mais caros por desenvolvedoras como AMD, Nvidia e Intel.
Santos diz que a companhia ainda tem estudado os resultados divulgados pela DeepSeek e que ainda é necessários “mais investigação” para concluir se “de fato conseguem entregar o que falaram, da forma como eles falaram”. “Hoje todas as grandes firmas estão exatamente fazendo isso nesse movimento. Entender o que de fato fizeram.”
Um relatório publicado pelo time de Research internacional da XP aponta que os resultados da AMD melhoraram no último trimestre em um momento em que a firma se beneficiava de esforços de clientes para reduzir a dependência da Nvidia. Desde a explosão da IA generativa, muitas discussões rodam em torno de definir se a Nvidia já teria saído vencedora no mercado.
O executivo da operação brasileira acredita que o DeepSeek possa ter um efeito positivo na concorrência: “Não acreditamos que exista uma firma que vai ter a resposta para tudo”. “Uma situação como esta do DeepSeek acaba reforçando que, de fato, é um mercado que precisa de vários players para atender várias demandas diferentes”, diz.
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Autor: iurisantos