Milei divulga criptomoeda e se envolve em suposto golpe; veja o que se sabe até agora
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A Argentina está em meio a um escândalo político e monetário. O presidente Javier Milei se viu envolvido em uma polêmica com a criptomoeda $LIBRA, promovida por ele mesmo como parte de um suposto projeto de investimento em startups argentinas.
A iniciativa rapidamente se revelou como um possível golpe monetário, que pode ter causado perdas entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões — e deixado milhares de investidores argentinos no prejuízo. Agora, a oposição levanta questionamentos sobre a responsabilidade do chefe de Estado, com rumores sobre uma possível investigação e até um pedido de impeachment.
Milei promove criptomoeda
Na noite da última sexta-feira (14), o chefe de Estado anunciou em suas redes sociais um projeto chamado “Viva la Libertad”, que, segundo ele, incentivaria investimentos privados na economia argentina, por meio da criptomoeda $LIBRA.
“A Argentina liberal está crescendo! Este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina por meio do financiamento de pequenas firmas e startups argentinas. O mundo quer investir na Argentina”, escreveu Milei em sua conta no X (antigo Twitter).
A criptomoeda, lançada na rede Solana, rapidamente atraiu investidores, com sua cotação disparando de US$ 0,000001 para US$ 5,20 em poucas horas. O problema? O projeto apresentava indícios de um golpe do tipo “rug pull” — quando os criadores de um ativo digital inflacionam artificialmente seu valor, e depois retiram o dinheiro, deixando os investidores com prejuízos.
Segundo informações do Infobae, cerca de 40 mil carteiras digitais foram afetadas nesse meio tempo. O golpe foi apontado e denunciado pelo programador e professor Maximiliano Firtman, que analisou o contrato do $LIBRA e encontrou inconsistências graves. “Não é suficiente dizer que você não entendeu, Javier. Não é nem perto disso. Você não pode ser tão estúpido na ação e tão irresponsável na reação”, escreveu Firtman em uma publicação no X.
A repercussão foi instantânea. Especialistas em criptomoedas e parte da comunidade política da Argentina começaram a questionar a ligação do presidente com o esquema. Milei apagou a publicação algumas horas depois, e declarou que não tinha conhecimento prévio dos detalhes do projeto. Ele não se desculpou pelo impacto negativo da sua postagem.
Um golpe monetário planejado?
De acordo com informações do Ámbito Financiero, a firma por trás do projeto, a KIP Network Inc., está registrada no Panamá, no qual os opositores de Milei lembram se tratar de um conhecido paraíso fiscal. Além disso, o CEO, Julián Peh, já havia se encontrado com o presidente em outubro do ano passado no evento TechForum, onde a firma era patrocinadora, e ele foi palestrante.
Outros fatos apontados como suspeitos dizem respeito ao “Projeto Viva la Libertad”, cuja página oficial continha poucas informações, usando um endereço de e-mail do Gmail e criada poucas horas antes do anúncio de Milei. Junto a isso, com o próprio presidente publicando o contrato inteligente do $LIBRA, houve a facilitação do investimento direto e o aumento da credibilidade do projeto entre os investidores.
Mais um detalhe considerado suspeito foi a participação dos fundadores na oferta inicial de tokens. Normalmente, desenvolvedores de criptomoedas mantêm cerca de 10% a 15% dos ativos para garantir estabilidade ao projeto. No caso do $LIBRA, os criadores detinham 70%.
Quando a moeda atingiu um valor alto o suficiente, os desenvolvedores venderam sua participação massiva. Isso provocou uma queda abrupta e deixou os investidores sem saída além do prejuízo.
Milei pode ser investigado?
A oposição já reagiu ao escândalo. Segundo informações apuradas pelo La Nación, parlamentares da oposição consideram que há elementos suficientes para justificar um pedido de impeachment contra o presidente. Eles alegam que Milei utilizou sua influência para promover um ativo monetário fraudulento.
A questão agora é se haverá uma investigação formal. Se for comprovado que o presidente recebeu qualquer tipo de compensação financeira ou vantagens por promover o $LIBRA, ele poderia enfrentar acusações de fraude e abuso de poder.
Só que essa não é a primeira vez que ele se envolve em situação do tipo. Em 2021, quando ainda era deputado, Milei promoveu a CoinX, uma plataforma de investimentos que prometia rendimentos elevados e acabou se revelando um esquema fraudulento. Na época, ele admitiu ter recebido US$ 10 mil para fazer a propaganda.
O que vem pela frente?
Para a imprensa argentina, a crise também levanta um questionamento sobre a credibilidade do governo argentino e o impacto desse escândalo na confiança dos investidores estrangeiros. A Argentina, que já atravessa uma grave crise econômica, agora vê seu presidente no centro de um caso que pode manchar a imagem do país no mercado internacional.
Embora o presidente tenha tentado se desvincular do projeto, o estrago já está feito e virou trunfo na mão dos kirchneristas. Além das repercussões políticas, investidores lesados podem entrar com ações judiciais, e órgãos reguladores podem iniciar investigações sobre a legitimidade da operação.
Se houver provas concretas de que Javier Milei esteve diretamente envolvido na manobra fraudulenta, a Argentina poderá enfrentar uma nova turbulência política.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Janize Colaço