Juros futuros têm baixa firme após IBC-Br reforçar cenário de desaceleração
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As taxas de Depósito Intermonetário (DI) fecharam a segunda-feira (17) em baixa firme após dados do Banco Central (BC) mostrarem queda da atividade em dezembro, em mais um indício de desaceleração da economia brasileira.
O feriado do Dia dos Presidentes nos Estados Unidos manteve o mercado de Treasuries fechado, o que também reduziu a liquidez na renda fixa brasileira.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2026 – um dos mais líquidos no curto prazo – estava em 14,67%, ante o ajuste de 14,794% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,575%, ante o ajuste de 14,791%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,29%, em queda de 26 pontos-base ante 14,553% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,25%, ante 14,514%.
Sem a referência dos Treasuries, o mercado brasileiro se voltou para a agenda doméstica, que tinha o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) como destaque.
Considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador caiu 0,7% em dezembro ante novembro, em dado dessazonalizado. O resultado foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters, de recuo de 0,4%.
Foi o resultado mensal mais fraco desde maio de 2023 (-1,72%), levando o índice a fechar o quarto trimestre com estagnação na comparação com os três meses anteriores, em dado dessazonalizado.
Na comparação com dezembro do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 2,4%, segundo números observados.
O IBC-Br pior que o esperado se juntou a outros dados recentes que sugerem desaceleração da economia no Brasil. Na semana passada o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia revelado dados de serviços, varejo e núcleos de inflação mais favoráveis ao controle da inflação.
“A economia brasileira está desacelerando, não tem maiores dúvidas em relação a isso. Resta ver que tamanho de desaceleração é esta”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, ao analisar o resultado do IBC-Br.
“O BC está obviamente olhando todos estes dados e tentando ver como é esta tendência de desaceleração, se é mesmo tendência, se não é só ruído, mas o fato é que a curva de juros tem reagido com uma queda forte. O juro longo está caindo bastante, com esta visão de que, crescendo menos, o Brasil desacelera e a pressão inflacionária cai.”
Às 14h59, a taxa do DI para janeiro de 2033 – um dos mais líquidos na ponta longa – atingiu a mínima de 14,22%, em baixa de 29 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira (14).
Embora a curva comece a precificar juros menores nos próximos anos, o relatório Focus do Banco Central, divulgado pela manhã, mostrou que as projeções de economistas do mercado para a inflação seguem piorando.
A mediana para o IPCA – o índice oficial de inflação – em 2025 passou de 5,58% para 5,6% e em 2026 foi de 4,3% para 4,35%, conforme o Focus. Em ambos os casos os percentuais estão bem acima do centro da meta contínua perseguida pelo BC, de 3%.
A Selic projetada no Focus para o fim de 2025 está em 15% e para o final de 2026, em 12,5%. Já a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 está em 2,01% e em 2026 é de 1,7%.
Durante evento pela manhã, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que o governo tem percebido uma desaceleração da economia e acrescentou que é “natural” que 2025 tenha crescimento um pouco inferior do que os dois anos anteriores.
Mesmo como o fechamento mais recente da curva de juros brasileira, autoridades do Banco Central seguem cautelosas ao avaliar a possível desaceleração econômica e seus efeitos sobre a inflação.
Na sexta-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, pediu “tempo” para que a instituição possa “consumir dados e ter clareza para ver se não estamos assistindo apenas uma volatilidade ou se estamos observando uma tendência”.
Nesta segunda-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse que o nível de segurança do aperto monetário precisa ser um pouco além do normal em meio ao nível elevado de incertezas na economia.
“A gente subiu 100 ‘bases points’ [da Selic em janeiro] e o cenário base é seguir por aí, porque temos o forward guidance e também a nossa preocupação em ter um nível de segurança que tem que ser um pouquinho além do normal por conta dessa incerteza”, disse. Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano.
Perto do fechamento desta segunda-feira a curva brasileira precificava 93% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic em março, como vem indicando o BC.
A principal dúvida, no entanto, é para o encontro seguinte, em maio.
Na última sexta-feira o mercado de opções de Copom da B3 precificava 49,5% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 17% de chances de elevação de 75 pontos-base e apenas 11% de probabilidade de alta de 100 pontos-base.
Nas últimas semanas, têm crescido as apostas em uma elevação menor de juros a partir de maio.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros têm baixa firme após IBC-Br reforçar cenário de desaceleração no site CNN Brasil.
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Autor: joaonakamura