Incêndios em alta: como funcionam os seguros contra fogo
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As ocorrências de incêndios estruturais atingiram um recorde em 2024, com 2.453 casos registrados – um aumento de 10,4% em relação ao ano anterior, além de atingir o maior volume da série histórica, monitorada a partir de 2017, segundo dados do Instituto Sprinkler Brasil (ISB).
De acordo com Marcelo Lima, consultor do ISB, as ocorrências continuam acontecendo em função de problemas em edificações, em locais como indústrias, shoppings e hospitais, por exemplo. “Muitas vezes esses incêndios acontecem por problemas de qualidade de equipamento, falta de manutenção, erros de projetos e de instalação, problemas de treinamento da mão de obra. O que notamos é que também há um desinteresse dos proprietários pela proteção contra incêndio, fazendo somente o mínimo necessário para ser aprovado pelos bombeiros”, observa Lima.
Casos recentes que ocorreram no país em menos de 10 dias, como o incêndio que atingiu uma fábrica de fantasias para o Carnaval no Rio de Janeiro, outro que afetou um galpão na zona sul de São Paulo e mais um terceiro que atingiu parte dos estúdios Globo (também no Rio de Janeiro) levantam uma questão importante: como funciona o seguro contra incêndio e quem deve contratá-lo?
Segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney, o seguro contra incêndio é uma cobertura básica nas apólices patrimoniais, presente em contratos residenciais, comerciais, industriais e de condomínios. “No caso de condomínios, por exemplo, a legislação brasileira exige a contratação de seguro que proteja as áreas comuns contra riscos de incêndio, explosão e raios”, afirma Rodolfo Bokel, sócio da corretora de seguros Globus.
Ele ressalta que para imóveis alugados, a Lei do Inquilinato define que a responsabilidade é do proprietário, embora o contrato de locação possa transferir essa obrigação para o inquilino.
A cobertura básica indeniza danos causados por fogo, explosões e quedas de raio, mas não cobre casos de negligência ou falta de manutenção. “Dependendo da apólice, pode cobrir também os custos com remoção de escombros e medidas emergenciais”, explica Denis Maelaro, diretor da seguradora AXA no Brasil.
Marcelo Elias, vice-presidente de cativas, riscos e sinistros da corretora de seguros Alper, destaca que existem modalidades de apólices (contrato de seguro) patrimoniais que são mais simples, como as residenciais e firmariais, e as mais complexas, como para grandes polos comerciais e grandes ativos de infraestrutura. “Há alguns riscos excluídos dependendo do formato da apólice. Por exemplo: riscos nomeados e riscos operacionais, essas duas modalidades são coberturas que se pode definir no detalhe o que está e o que não está coberto”, salienta.
Na apólice de riscos nomeada, são definidas as coberturas e consta os eventos que não estão cobertos e riscos excluídos. Segundo Elias, em linhas gerais a maioria delas cobre danos da natureza e danos acidentais decorrentes de algum acidente. Já a apólice de riscos operacionais é chamada de ‘all risks’, ou todos os riscos, portanto cobre todos os tipos de eventos, exceto uma lista de riscos excluídos. “É mais fácil de se gerenciar”, aponta o especialista da Alper.
O preço do seguro varia conforme o tipo de imóvel (residencial, comercial ou industrial), localização e medidas de segurança adotadas. “Dependendo das coberturas custa menos de 1% do valor segurado”, destaca Bokel. firmas com maior exposição a riscos, como fábricas, podem pagar prêmios (valor pago pelo cliente à seguradora ao comprar o seguro) mais altos.
No Brasil, a adesão a esse seguro ainda é baixa, especialmente entre proprietários de imóveis residenciais. “Apenas 1/3 das residências no Brasil tem o seguro residencial, diferente de outros países, como Chile e Estados Unidos, onde mais de 80% têm”, aponta Bokel. No setor firmarial, a contratação é maior, até por força de legislação, mas há espaço para avanços, especialmente em PMEs (pequenas e médias firmas), avaliam os especialistas.
Para ampliar a contratação, eles apontam a necessidade de campanhas educativas, preços competitivos, coberturas flexíveis e incentivos governamentais, como políticas públicas para áreas de maior risco.
“Eventos trágicos como incêndios de grandes proporções em fábricas ou edifícios históricos frequentemente chamam atenção para o tema e percebemos uma busca maior por contratação, mas a conscientização ainda precisa crescer “, diz Maelaro. Ele também defende a simplificação da contratação e a ampliação da cobertura para novas demandas, como placas solares e carregadores de veículos elétricos.
Veja abaixo os fatores geralmente considerados pelas seguradoras para calcular o prêmio (custo) do seguro patrimonial contra incêndio:
- Uso do imóvel: Imóveis comerciais ou industriais podem apresentar maior risco devido às atividades realizadas e o que armazenado nesse local;
- Localização: Regiões com maior incidência de sinistros ou de difícil acesso para combate a incêndios podem elevar o custo;
- Características construtivas: Imóveis construídos com materiais combustíveis ou em mau estado de conservação são considerados de maior risco.
- Coberturas adicionais: A inclusão de proteções extras, contra explosões ou danos a bens móveis, aumenta o valor do prêmio.
- Histórico de sinistros: Ocorrências anteriores no imóvel ou na região podem influenciar negativamente o cálculo.
- Sistemas Protecionais: Importante informar o sistema de combate a incêndio e roubo do imóvel
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Autor: jamilleniero