Sob pressão, BP aumenta o investimento em petróleo e corta em energia renovável
Sob pressão, a BP anunciou nesta quarta-feira (26) mudança estratégica com foco no petróleo e gás. A firma prometeu vender ativos e reduzir gastos. As ações da petroleira caíram após o anúncio de redução significativa nas recompras de ações.
Em uma atualização de estratégia muito aguardada, o CEO da BP, Murray Auchincloss, descartou um plano de retirada do petróleo e gás e anunciou aumento na produção. Ele reduziu investimentos em energia renovável e iniciou revisão estratégica do negócio de lubrificantes Castrol, que pode valer até US$ 10 bilhões em caso de venda.
As mudanças buscam atrair acionistas descontentes, incluindo a Elliott Investment Management. O CEO diminuiu o ritmo das recompras de ações, parte fundamental do apelo aos investidores. A BP reduzirá suas recompras trimestrais para US$ 1 bilhão, abaixo dos US$ 1,75 bilhão anteriores, enquanto seus concorrentes mantêm os pagamentos.
As ações da firma caíram 0,9%, para 432,9 pence, às 11h04, no pregão de Londres.
A BP enfrenta pressão intensa desde que a Bloomberg revelou que a Elliott construiu participação de quase US$ 5 bilhões. O investidor ativista, conhecido por táticas agressivas, exige mudanças drásticas, incluindo saída mais ampla da energia de baixo carbono. A reação da Elliott às promessas de Auchincloss definirá os próximos passos.
Após 13 meses como CEO, esta é a primeira grande mudança de Auchincloss. Ele assumiu prometendo manter a transição para energia de baixo carbono iniciada por Bernard Looney. Após queda de 16% nas ações em 2023, ele decidiu “redefinir fundamentalmente” a estratégia da firma.
“Nós montamos algo que é muito atraente, que é uma estratégia de reinicialização focada no crescimento do upstream” enquanto cortamos gastos em outras áreas para ajudar a fortalecer o balanço da BP, disse Auchincloss em uma entrevista. “Eu acho que no longo prazo os investidores vão adorar isso.”
A BP aumentará o investimento em petróleo e gás para cerca de US$ 10 bilhões por ano, visando produção de 2,3 milhões a 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030. A meta anterior previa redução de 25% na produção até o fim da década, comparado a 2019.
A firma reduzirá o investimento anual em energia de baixo carbono para US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões, US$ 5 bilhões menos que a orientação anterior. A BP manterá investimentos “seletivos” em biogás, biocombustíveis e carregamento de veículos elétricos.
A firma pretende vender cerca de US$ 20 bilhões em ativos até o final de 2027, ajudando a reduzir a dívida líquida para US$ 14 bilhões a US$ 18 bilhões, em comparação com quase US$ 23 bilhões no final do ano passado.
Duas das principais novas metas da BP são aumentar o fluxo de caixa em mais de 20% ao ano até 2027 e elevar os retornos sobre o capital médio empregado para mais de 16%. A projeção considera um preço do petróleo Brent de US$ 70 o barril e gás natural dos EUA a US$ 4 por milhão de Btu, valores próximos aos atuais.
“O novo foco em hidrocarbonetos é positivo para a BP, assim como os gastos gerais mais baixos” e as vendas de ativos, disse o analista da Morningstar Allen Good em uma nota. “No entanto, ainda há pouco, se houver, crescimento da produção, e a taxa de recompra da BP foi reduzida materialmente.”
A Elliott pode pressionar por mudanças no conselho e na gestão caso não aprove as ações da BP, segundo fontes à Bloomberg. O presidente Helge Lund, principal defensor da estratégia de net zero da firma, pode enfrentar pressão especial.
“O conselho acredita que esta é uma redefinição estratégica importante para a BP e está confiante de que, juntamente com uma gestão de desempenho rigorosa, proporcionará melhor desempenho e valor sustentável para os acionistas da BP”, disse Lund no comunicado.
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Autor: Diego Mendes