Não é só motor: a WEG é líder na produção de herdeiros bilionários
A WEG uma firma bastante conhecida por fabricar uma série de equipamentos — de motores elétricos a maquinário industrial, passando por tintas e vernizes. São mais de 1.500 tipos de produtos fabricados e um faturamento de R$ 37 bilhões por ano. Mas o que também chama a atenção para a firma um outro tipo de produção: a de brasileiros bilionários.
Em 2024, 29 pessoas ligadas à catarinense WEG entraram na lista de bilionários da revista Forbes, o maior número para uma firma brasileira. O segundo colocado como “produtor” de bilionários é o Itaú, maior banco privado do Brasil: foram 15 os herdeiros da instituição que figuram nesse seleto ranking.
Foi da WEG que veio também a bilionária mais jovem do mundo. Trata-se de Livia Voigt, neta de outro fundador da WEG, o Werner Ricardo Voigt. Aos 19 anos, em abril de 2024, a estudante de psicologia, era dona de uma fortuna avaliada em mais de US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5,8 bilhões pelo câmbio atual.
Mas a mais rica dentre os 29 nomes da WEG é Anne Werninghaus. Dona de um patrimônio de cerca de R$ 7 bilhões, Anne é neta de Geraldo Werninghaus, um dos fundadores da companhia. Atualmente, ela trabalha no ramo da moda.
Crescimento da firma
Esses bilionários ligados à WEG são herdeiros dos três fundadores da firma. E suas fortunas vêm crescendo constantemente ao longo da última década com a valorização das ações da companhia. Desde o fim de 2014, as ações da WEG subiram mais de 1.100% na bolsa. Hoje, seu valor de mercado é de mais de R$ 200 bilhões.
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Essa valorização dos papéis se deve principalmente à estratégia bem-sucedida de expansão da companhia, que envolve aumentar a participação nos mercados em que já atua (motores comerciais e para eletrodomésticos, equipamentos industriais, equipamentos para energia e tintas e vernizes) e ao mesmo entrar em novos segmentos.
Hoje, cerca de 60% do faturamento da firma, que em 2024 totalizou R$ 37,9 bilhões, vêm de produtos lançados nos últimos cinco anos. Entre os novos segmentos estão energia eólica e painéis solares, armazenamento de energia, sistemas para veículos elétricos e soluções para casas inteligentes.
Como a WEG organiza seus herdeiros
Mas os 29 bilionários que aparecem na lista da Forbes não são os únicos herdeiros da WEG. No total, a companhia tem mais de 90 herdeiros. E para mantê-los alinhados, a companhia um sistema de governança e estruturação patrimonial na década de 1970 que foi pioneiro no país.
Hoje, a participação das três famílias fundadoras (Voigt, Silva e Werninghaus) está concentrada em uma holding, a WPA Participações. Ela detém 50,1% das ações da WEG e participações em outros negócios que as famílias acumularam.
Dentro de sua estrutura, a holding tem o chamado Conselho de Família, formado por alguns herdeiros da WEG com o objetivo de manter a união e cultura entre as famílias.
Para isso, o conselho organiza cursos e treinamentos. Os herdeiros que ainda são crianças e adolescentes, por exemplo, aprendem sobre finanças, conhecem a história e a cultura da firma e de seus fundadores.
Já os adultos recebem formação em gestão, liderança e estratégia. A ideia é que todos estejam preparados para acompanhar os resultados e o planejamento da WEG.
Gestão profissionalizada
Mas o pulo do gato da WEG foi definir uma gestão profissionalizada. Isso significa que o comando da firma não será, necessariamente, ocupado por uma pessoa da família. Atualmente, quem está na presidência executiva da firma é um profissional que não pertence ao clã: é o engenheiro eletricista Alberto Kuba, que chegou à cadeira de CEO em abril de 2024. Kuba chegou à presidência graças à cultura da WEG de investir fortemente no treinamento dos funcionários, algo também definido pela firma desde as décadas iniciais.
Todos dentro dos negócios, ligados aos fundadores ou não, têm um plano de carreira. E os líderes têm planos de sucessão com dois ou três candidatos sempre em preparação para assumir os cargos.
Na WEG o segredo não está só nos motores, mas também no modelo de negócio. Eles profissionalizaram a gestão, mas mantiveram a receita familiar: uma combinação que produz motores, tecnologia e também uma longa lista de bilionários.
O InvestNews procurou a WEG a WPA Participações, mas as firmas não concederam entrevista.
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Autor: Letícia Toledo