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PIB tímido do 4º tri indica retração da demanda e economia mais fraca em 2025

PIB tímido do 4º tri indica retração da demanda e economia mais fraca em 2025

O PIB (Produto Interno Bruto) tímido do quarto trimestre, com alta de 0,2% na comparação com o período entre julho e setembro, a metade do esperado por economistas, indica um crescimento fraco em 2025 e pode afastar a chance de uma Selic muito mais elevada do que a média das projeções atuais, de 15% no final do ano.

A avaliação de especialistas é que a subida da taxa básica de juros (de 10,50% ao ano em setembro para os atuais 13,25% ao ano) e a inflação estão sendo sentidas na atividade econômica com mais força que o esperado.

A retração de 0,1% dos chamados outros serviços, que incluem bares e restaurantes, cabeleireiros e manicures, entre outros, foi um dos fatores que surpreenderam negativamente no quarto trimestre, assim como o desempenho ruim do consumo das famílias, com queda de 1%.

“A tendência de redução no ritmo do crescimento já era dada como um consenso, mas o que observamos foi uma retração mais agressiva na demanda”, diz José Alfaix, economista da Rio Bravo. “A política monetária se materializou em menor nível de consumo no último trimestre, o que fortalece a convicção de que o Banco Central não tenha necessidade de subir os juros para além dos 15% já precificados.”

Alfaix aponta que, por outro lado, o reajuste do salário-mínimo acima da inflação e a liberação do saque aniversário do FGTS, entre outros pontos, devem ajudar a economia no segundo semestre.

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, destacou em sua análise que “houve surpresas baixistas disseminadas no quarto trimestre”. “Observamos uma desaceleração importante da pecuária na reta final de 2024, somada à queda na produção de algumas culturas agrícolas importantes”, afirmou.

“O PIB de serviços teve um desempenho bem mais modesto do que esperávamos, com elevação de apenas 0,1% na margem, e o PIB de outros serviços contraiu 0,1%, surpreendendo negativamente”, avaliou Margato.

Apesar disso, disse Margato, a safra recorde de grãos prevista para 2025 e os níveis elevados de emprego e renda devem estimular a atividade no curto prazo. “Olhando adiante, continuamos a projetar crescimento de 2% para o PIB de 2025“, disse.

Atividade em desaceleração

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a atividade econômica deve começar a desacelerar já a partir do segundo trimestre.

“A combinação de inflação persistente, juros elevados e o consequente aperto das condições financeiras devem pesar sobre a atividade econômica”, avalia Cadilhac. “Nesse contexto, a desaceleração não apenas se torna inevitável, mas também necessária para corrigir os desequilíbrios atuais.”

O PicPay projeta um crescimento de 1,6% do PIB em 2025. “A partir do segundo trimestre, a desaceleração tende a se intensificar, aumentando o risco de estagnação e até mesmo de uma recessão técnica. Os setores de perfil mais cíclico tendem a enfrentar as maiores dificuldades ao longo do ano”, aponta o economista.

Para Leonardo Costa, economista do ASA, a abertura do PIB do quarto trimestre mostra fraqueza em boa parte das atividades. Ele destaca a queda da agropecuária, de 2,3%, e o crescimento tímido de serviços, que subiram 0,1% ante o primeiro trimestre.

“No crescimento do ano, destaque para desaceleração gradual ao longo do ano, com ritmo mais fraco de crescimento no quarto trimestre”, apontou. “Quarto trimestre com fraqueza ampla, destaque negativo para os serviços. Não obstante, os indicadores antecedentes apontam para aceleração da atividade no primeiro trimestre de 2025, com avanço da agropecuária. Em 2025, projetamos PIB crescendo 1,5%, com uma desaceleração mais forte da atividade doméstica na segunda metade do ano.”

PIB mostrou força no ano cheio

Quando se olha o ano como um todo, o PIB cresceu 3,4%, pouco abaixo do que era esperado, mas mostrando uma economia forte.

“O ano de 2024 marcou uma aceleração dos investimentos em resposta ao forte aumento do consumo, que se observa desde o fim da pandemia. No último trimestre do ano passado, entretanto, consumo e investimentos perderam força, provavelmente derivado do aumento dos juros e da inflação”, afirmou o Bradesco em relatório.

“Para este ano, esperamos que a economia cresça 1,9%, ajudada por um primeiro trimestre forte vindo da safra agrícola e dos efeitos sobre o consumo da elevação do salário-mínimo.”

Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o mercado de trabalho forte ajuda a explicar o PIB de 2024.

“Tanto o setor de serviços quanto o consumo das famílias foram impulsionados pelo aumento da ocupação e da massa salarial”, afirmou. “Os dados do PIB mostram que a atividade econômica, de maneira geral, se manteve mais resiliente do que projetávamos inicialmente para 2024. Para 2025, projetamos uma desaceleração gradual do PIB.”

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Autor: maeliprado

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