OCQ, gigante química brasileira, inicia produção de resinas acrílicas na Índia e avança no mercado asiático
O grupo químico brasileiro OCQ anunciou nesta segunda-feira (10) sua primeira parceria de produção na Índia, que se dará por meio de uma joint venture com a indiana Thermax, em um acerto que poderá ser ampliado nos próximos dois anos com a construção de uma fábrica própria.
A OCQ, cujos negócios com resina acrílica, alvo inicial da parceria, geraram uma receita de cerca de R$ 3,7 bilhões no ano passado, afirmou que a parceria envolve o uso de sua tecnologia em instalações fabris da Thermax no Estado indiano de Gujarat.
“A planta indiana vai prestar um serviço de industrialização para nós e após essa primeira fase, vamos fazer uma planta do zero e o investimento será compartilhado”, disse o diretor de fusões e aquisições e estratégia da OCQ, Filippo Cattozatto Fortunato, em entrevista a jornalistas.
Detalhes monetários da joint venture não foram revelados, com os executivos da OCQ citando que a primeira fase consiste de valores baixos diante do volume inicial de produção reduzido que será destinado a testar o mercado indiano.
Segundo o executivo, a produção inicial, que deve iniciar a partir de meados deste ano nas instalações da Thermax, será de entre 1.000 e 2.000 toneladas por mês, volume pequeno se comparado com um mercado alvo pela OCQ que movimenta 500 mil toneladas por ano no sudeste asiático.
Como comparação, o mercado brasileiro movimenta “na melhor das hipóteses” 300 mil toneladas por ano de resinas acrílicas, afirmou.
O produto tem uma vasta gama de aplicações, incluindo tintas voltadas à construção civil, etiquetas, revestimento impermeável de embalagens e estamparia de tecidos.
“É praticamente um laboratório”, disse Filippo Cattozatto ao se referir à escala inicial da parceria em que a Thermax terá 51% de participação e a OCQ deterá o restante.
“A depender de como o negócio se desenvolva e entendermos como o mercado reage à nossa entrada, vamos partir para uma potencial fase 2 e aí dimensionarmos uma planta (fábrica)”, disse o executivo. Segundo o presidente-executivo da OCQ, Francisco Fortunato, tipicamente uma fábrica de resinas acrílicas exige investimento de cerca de US$45 milhões para ser construída.
Os executivos comentaram que a OCQ, que afirma ser “um dos maiores grupos do setor químico da América Latina, com 21 investidas, e vendas de 800 mil toneladas de resinas em 2024”, tinha planos de ter uma fábrica nos Estados Unidos, mas que o projeto foi colocado em “stand by” diante da volatilidade criada pelo governo de Donald Trump.
“Com os EUA dá um certo receio maior…a partir do momento em que o Brasil quiser igualar as tarifas que o Trump pretende colocar, isso pode inviabilizar” os planos, disse o presidente da OCQ.
“Estamos olhando agora um pouco mais para fora da caixinha dos EUA”, acrescentou o executivo ao comentar sobre o mercado indiano. “A Índia fica mais interessante nesse contexto e nossos negócios ficam mais fortes na região”, acrescentou o executivo.
A Índia tem como atrativos um grande mercado em rápida expansão, um ambiente que passou por reformas de governança que trouxeram mais segurança para investimentos e posição logística estratégica, disse Filippo Cattozatto, mencionando ainda os impactos da guerra comercial de Trump sobre os fretes internacionais.
“O Brasil é hoje um mercado com lógica de rouba-monte”, disse Filippo Cattozatto, comentando sobre a fraqueza do setor químico nacional, que tem sido pressionado nos últimos anos por baixo crescimento, custos em alta e torrente de importações. “Está muito difícil ser empresário do setor químico e petroquímico no Brasil”, disse Fortunato ecoando queixas recentes da gigante Braskem sobre o grande déficit na balança comercial do setor. “E isso estimula irmos para tão longe como estamos indo para Índia”, acrescentou.
Fortunato afirmou que a OCQ vai ficar em modo de análise do mercado indiano até a metade de 2027, quando a partir daí poderá tomar decisão sobre as dimensões de uma fábrica própria para a parceria. Na primeira fase, a fábrica da Thermax em Gujarat vai adaptar uma linha de produção de resinas acrílicas com base no know-how desenvolvido pela OCQ, o que inclui base de etanol de cana-de-açúcar, que também é produzido na Índia.
Os planos de produção de outros produtos além de resinas acrílicas pela joint venture não estão descartados quando da conclusão da primeira fase da joint venture com a Thermax, disseram os executivos da OCQ.
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Reuters