Natura (NTCO3) despenca 30% após 4T, maior tombo da história: o que frustrou tanto?


A Natura (NTCO3) divulgou seus resultados do quarto trimestre na noite de quinta-feira (13), que ficaram significativamente abaixo das expectativas do mercado, especialmente no aspecto operacional. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou até 35% abaixo das previsões.
As ações da Natura&Co desabaram 29,94%, a R$ 9,50, sendo o maior tombo percentual em um dia das ações na história da companhia e perdendo R$ 5,6 bilhões em valor. Isso em um dia em que o Ibovespa, benchmark da Bolsa brasileira, saltou 2,64%.
Por outro lado, a firma confirmou as boas expectativas de receita líquida, mas o aumento nas despesas foi o principal fator para o desempenho abaixo do esperado, mesmo ajustando-se para os gastos com contratos de investimentos em TI (Tecnolotia da Informação) e sistemas que foram capitalizados no passado.
Os ganhos fiscais e os impactos positivos das operações de hedge nas despesas financeiras ajudaram, mas o lucro por ação ajustado de R$ 0,17, que reverte as perdas do ano passado de -R$ 0,37, decepcionou materialmente o consenso de R$ 0,24, aponta o JPMorgan, enquanto superou a estimativa do banco de R$ 0,11, já que houve maiores encargos cambiais nas despesas financeiras.
Além disso, com a reincorporação da Avon International e os esforços para integrar as operações na América Latina, os ajustes nos resultados continuam sendo muitos, limitando a visibilidade para avaliar corretamente a geração de fluxo caixa (FCF) para os ativos contínuos.
De acordo com a administração da companhia, houve um consumo de caixa de R$ 41 milhões no 4T24. Além disso, considerando o financiamento de fornecedores, a dívida líquida da Natura foi de cerca de R$ 3 bilhões, com uma relação dívida líquida/Ebitda de cerca de 2 vezes (ex-financiamento de fornecedores, de 1,5x). Na visão do JPMorgan, isso não oferece espaço significativo para pagamentos adicionais de dividendos, dado o alvo de estrutura de capital da firma de 1,5 vez.
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Apesar de ter observado um momento positivo em torno da firma sendo construído entre os investidores recentemente, o JPMorgan acredita que o desempenho operacional abaixo do esperado, que sugere riscos de baixa para as expectativas de curto prazo, deve pesar bastante no preço das ações. Com as ações sendo negociadas a 12 vezes e 11 vezes Preço/Lucro ajustado para 2025 e 2026, contudo, o JPMorgan reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 21 para as ações da Natura.
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O Bradesco BBI, por sua vez, já esperava uma reação negativa para ação da Natura na sessão desta sexta-feira, considerando que as expectativas recentes foram ancoradas principalmente pelos KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) operacionais da Natura&Co América Latina, e sua lucratividade decepcionou tanto na margem bruta (300 pontos-base abaixo das projeções) quanto na margem Ebitda ajustada.
Do lado positivo, o bom desempenho das vendas continuou a ser impulsionado pela Natura Brasil, mas, por outro lado, a margem bruta imprimiu uma desaceleração importante e inesperada para 63,2%, impactada pelo mix de categorias (presentes têm margens menores) e alguns esforços promocionais, e os ajustes nas despesas vieram maiores do que o esperado com algum capex de TI convertido em opex (impacto de 160 bps) e um impacto maior de royalties (impacto de 50 bps).
A dívida líquida estava amplamente em linha com a expectativa do BBI, em R$ 2,4 bilhões, melhorando de R$ 3,7 bilhões no 3T24, mas com uma impressão de dívida líquida/Ebitda pior, pois o banco não esperava que o Ebitda decepcionasse tanto no 4T24.
O BBI também destaca que os resultados foram novamente poluídos por itens não recorrentes (por exemplo, ajustes de R$ 843 milhões no nível do Ebitda), principalmente devido ao processo do Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA) da Avon Internacional (API) e aos investimentos da Onda 2 (de integração das operações).
Olhando para o futuro, o BBI comenta que será importante ter uma visão mais clara sobre: (1) lucratividade em 2025, já que a potencial persistência de margem bruta mais fraca e opex mais alto, incluindo custos de transformação na Onda 2, pode representar revisões importantes de estimativas de curto prazo, bem como atualizações sobre soluções potenciais para o dilema da Avon Internacional, principalmente de uma perspectiva de tempo.

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Com todos os olhos voltados para esses pontos, por enquanto o BBI manteve classificação de compra e preço-alvo de R$ 17.
Já o BTG destaca que Natura reportou números do 4T24 impactados pela reconsolidação da Avon International. Ao excluir a Avon International, os números ficaram abaixo das estimativas do banco, principalmente devido a custos de vendas, gerais e administrativos (SG&A) mais altos no período e margem bruta inferior.
Do lado positivo, o BTG ressalta o forte desempenho das vendas da marca Natura tanto no Brasil quanto na América Latina, além do aumento da eficiência nas despesas comerciais.
Por outro lado, a Avon América Latina continua enfrentando dificuldades para recuperar as vendas, enquanto as despesas G&A (gerais e administrativas) vieram acima das expectativas.
O BTG manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 18.
(com Reuters)
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Autor: Felipe Moreira