Homem processa OpenAI após ChatGPT o acusar de ter matado seus filhos

Você já pesquisou seu nome no Google apenas para ver o que a internet diz sobre você? Bem, um homem teve a mesma ideia com o ChatGPT e, agora, registrou uma queixa contra a OpenAI com base no que sua IA disse sobre ele.

Arve Hjalmar Holmen, de Trondheim, Noruega, disse que perguntou ao ChatGPT: “Quem é Arve Hjalmar Holmen?”, e a resposta—que não vamos reproduzir na íntegra— dizia que ele foi condenado por assassinar seus dois filhos, de 7 e 10 anos, e sentenciado a 21 anos de prisão. Também afirmou que Holmen tentou matar seu terceiro filho.

Nada disso realmente aconteceu, no entanto. O ChatGPT parece ter gerado uma história completamente falsa que acreditava ser totalmente verdadeira, o que é chamado de “alucinação” de IA.

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Com base em sua resposta, Holmen apresentou uma queixa contra a OpenAI com a ajuda da Noyb, um centro europeu de direitos digitais, que acusa o gigante da IA de violar o princípio de precisão estabelecido na Lei Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da UE.

“O reclamante ficou profundamente perturbado com essas saídas, que poderiam ter um efeito prejudicial em sua vida privada, se fossem reproduzidas ou de alguma forma vazadas em sua comunidade ou em sua cidade natal”, afirma a queixa.

O que é perigoso na resposta do ChatGPT, segundo a queixa, é que ela mistura elementos reais da vida pessoal de Holmen com fabricacões totais. O ChatGPT acertou a cidade natal de Holmen e também estava correto quanto ao número de filhos—especificamente, filhos —que ele tem.

JD Harriman, sócio do Foundation Law Group LLP em Burbank, Califórnia, disse à Fortune que Holmen pode ter dificuldade em provar difamação.

“Se eu estiver defendendo a IA, a primeira pergunta é ‘as pessoas devem acreditar que uma declaração feita pela IA é um fato?’” perguntou Harriman. “Existem inúmeros exemplos de IA mentindo.”

Além disso, a IA não publicou ou comunicou seus resultados a um terceiro. “Se o homem encaminhou a mensagem falsa da IA para outros, então ele se torna o editor e teria que processar a si mesmo”, disse Harriman.

Holmen também provavelmente teria dificuldade em provar o aspecto de negligência da difamação, uma vez que “a IA pode não se qualificar como um agente que poderia cometer negligência” em comparação com pessoas ou corporações, disse Harriman. Holmen também teria que provar que algum dano foi causado, como a perda de renda ou negócios, ou que sofreu dor e sofrimento.

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Avrohom Gefen, sócio do Vishnick McGovern Milizio LLP em Nova York, disse à Fortune que casos de difamação envolvendo alucinações de IA são “sem precedentes” nos EUA, mas mencionou um caso pendente na Geórgia, onde um apresentador de rádio entrou com uma ação por difamação que sobreviveu à moção de arquivamento da OpenAI, então “podemos em breve ter alguma indicação de como um tribunal tratará essas reivindicações”.

A queixa oficial pede que a OpenAI “delete a saída difamatória sobre o reclamante”, ajuste seu modelo para produzir resultados precisos sobre Holmen e seja multada por sua suposta violação das regras do GDPR, que obrigam a OpenAI a tomar “todas as medidas razoáveis” para garantir que os dados pessoais sejam “apagados ou retificados sem demora”.

“Com todos os processos judiciais, nada é automático ou fácil”, disse Harriman à Fortune. “Como disse Ambrose Bierce, você entra em litígios como um porco e sai como uma salsicha.”

A OpenAI não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Fortune.

Esta história foi originalmente publicada no Fortune.com.

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