O projeto cripto de Donald Trump, chamado World Liberty Financial, anunciou que planeja lançar uma stablecoin resgatável em proporção de um-para-um com o dólar. O anúncio ocorre no momento em que sua administração manifesta apoio aos tokens digitais que sustentam a maioria das transações com criptomoedas.
O token USD1 será 100% lastreado por títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, depósitos em dólar e outros equivalentes de caixa, afirmou a firma de finanças descentralizadas (DeFi) apoiada por Trump em um comunicado na terça-feira. A custódia dos ativos ficará a cargo da BitGo, e os tokens USD1 serão inicialmente emitidos nas blockchains Ethereum e Binance Smart Chain. Nenhum cronograma foi divulgado.
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“O USD1 oferece o que projetos cripto algorítmicos e anônimos não conseguem — acesso ao poder do DeFi sustentado pela credibilidade e pelas proteções dos nomes mais respeitados das finanças tradicionais”, disse Zach Witkoff, cofundador da World Liberty, no comunicado. “Estamos oferecendo uma stablecoin digital em dólar que investidores soberanos e grandes instituições podem integrar com confiança em suas estratégias para transações internacionais seguras e fluidas.”
A World Liberty esteve em discussões para possíveis negócios com a exchange de criptomoedas Binance Holdings, conforme noticiado pela Bloomberg News no início deste mês. O fundador da Binance, Changpeng Zhao, declarou-se culpado em 2023 por falhas em combater a lavagem de dinheiro, o que permitiu que a Binance fosse utilizada por grupos criminosos e organizações terroristas, incluindo o Hamas.
As conversas incluíam a possibilidade de a Binance desenvolver uma stablecoin em parceria com a World Liberty. Posteriormente, Zhao afirmou na plataforma X que ele e a Binance “não têm acordos comerciais” com a World Liberty nem com seus fundadores. Zhao e a Binance não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
A administração Trump e o Congresso estão empenhados em consolidar a crescente importância das stablecoins — tokens digitais que devem manter um valor estável com respaldo de ativos tradicionais. Representantes da World Liberty não responderam imediatamente aos pedidos de informações adicionais.
Dois projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado têm como objetivo ampliar o papel das stablecoins na infraestrutura global de pagamentos, com apoio declarado de Trump. O interesse vindo de Washington tem incentivado o fluxo contínuo de novos recursos para o setor — mesmo enquanto outras áreas da indústria cripto enfrentam dificuldades — elevando o valor total das stablecoins para mais de US$ 230 bilhões.
Administrar um negócio de stablecoin se tornou um empreendimento lucrativo nos últimos anos, pelo menos para aqueles que alcançam participação de mercado suficiente. O aumento das taxas de juros em letras do Tesouro ajudou a Tether Holdings SA, a maior emissora de stablecoins com US$ 144 bilhões em circulação, para arrecadar cerca de US$ 13 bilhões em lucro no ano passado.
As stablecoins há muito chamam atenção — e críticas — por facilitarem a movimentação de dinheiro por criminosos através de fronteiras nacionais. O debate atual gira em torno da possibilidade de que esses tokens estejam vulneráveis a corridas bancárias como as que paralisaram o sistema monetário em crises anteriores, algo que pode ser ampliado se a legislação proposta permitir o crescimento acelerado do setor.
Céticos também levantaram preocupações sobre os vínculos de Trump com o setor e o envolvimento de sua firma com a Binance. Em uma audiência no Senado sobre um dos projetos de lei, no início deste mês, a senadora democrata Elizabeth Warren apontou o histórico legal problemático da Binance como evidência da necessidade de tais regras.
“Deveríamos estar enfrentando esse tipo de corrupção escancarada, não tentando descobrir como construir uma superestrada para que ela cresça ainda mais rápido, maior e melhor”, disse Warren durante a audiência.
A World Liberty Financial foi apresentada em setembro como um projeto DeFi — ou seja, que oferece serviços monetários como empréstimos e negociações de criptoativos sem intermediários — embora ainda não tenha começado a oferecer tais serviços.
A família Trump, incluindo o presidente e seus filhos Donald Jr. e Eric Trump, tem promovido ativamente o projeto por meio das redes sociais e de aparições públicas. Os cofundadores incluem Steve Witkoff, aliado próximo de Trump e atualmente enviado presidencial ao Oriente Médio, além de seu filho Zach.
O CEO da BitGo, Mike Belshe, organizou um evento de arrecadação de fundos em julho para a campanha presidencial de Trump, com participação de JD Vance, o candidato a vice-presidente pelo Partido Republicano.
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Autor: Bloomberg
