6 maneiras de lidar com a decepção de forma estratégica


Existem muitas razões pelas quais experimentamos decepção ao longo de nossas carreiras, como por exemplo os cargos de liderança, propostas e prêmios que desejamos, mas não conseguimos. Ou as palavras e ações de pessoas no trabalho, em nossa comunidade e na sociedade que não atendem às nossas expectativas.
A decepção é uma emoção complexa e multifacetada. Pode envolver uma mistura de sentimentos, incluindo frustração por não ter obtido o que esperava e tristeza porque o resultado era importante para você. Ou você pode sentir arrependimento se não fez o seu melhor, ressentimento se o resultado pareceu injusto ou ciúmes sobre outros que ganharam o prêmio em vez de você. Você também pode se sentir ansioso sobre o que pode acontecer a seguir.
Após uma decepção, muitas vezes somos aconselhados a lidar com a situação e seguir em frente. Mas esse conselho subestima o impacto emocional que vivenciamos, as escolhas que enfrentamos e o potencial de aprendizado. Também é fácil cair em uma das três respostas improdutivas e ficar preso:
Justiça (“Eu merecia isso”) – Após trabalhar arduamente para conquistar algo, pode ser fácil sentir-se no direito de ganhar. Mas essa resposta muitas vezes resulta de expectativas irreais; o sucesso nunca é garantido, não importa o quão talentoso você seja. Ficar preso à questão de se o resultado é “justo” apenas aumenta seus sentimentos negativos.
Extrapolação (“Eu nunca terei sucesso nisso”) – Um resultado adverso não significa que você é um fracasso ou que haverá outra decepção logo em seguida. Mas se acreditarmos que o futuro será ruim, muitas vezes agimos como se fosse, resultando em uma profecia autorrealizável.
Exasperação (“Como poderiam escolher outra pessoa?”) – Essa resposta ignora o fato de que você tem apenas uma visão parcial do processo de tomada de decisão. Pontos cegos e assimetrias informacionais significam que provavelmente havia fatores em jogo que você não conseguia ver.
Em vez disso, concentre-se no que está sob seu controle.
Aqui estão seis maneiras de responder à decepção de forma sábia e ser estratégico em relação ao seu próximo passo.
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Gerencie suas emoções
A decepção pode ser difícil, gerando emoções fortes que nos levam a fechar ou reagir de maneiras que depois lamentamos. Embora seja natural sentir-se chateado, como você lida com um revés é importante — não apenas para o seu crescimento, mas também para como você é percebido. Reagir mal pode deixar uma marca duradoura, moldando sua reputação mais do que o próprio revés, portanto, é crucial gerenciar suas emoções.
Comece reconhecendo e aceitando seus sentimentos e pensamentos sobre a decepção como algo natural. Desconstrua sua decepção, identificando seus sentimentos e rotulando-os com palavras específicas. Por exemplo, após não conseguir a parceria em uma das Big Four [as quatro maiores firmas de auditoria e consultoria do mundo: Deloitte, PwC, KPMG, e EY], o cliente de Dina, Anthony (nome fictício), disse a ela que se sentia “triste, desiludido e ferido.” Identificar e nomear suas emoções reduz sua intensidade, orienta sua resposta e ajuda você a traçar o caminho mais construtivo a seguir. Os sentimentos de Anthony apontavam para a necessidade de cura.
Conversar com pessoas de confiança e escrever sobre sua experiência também pode ajudá-lo a processar seus sentimentos e tem se mostrado eficaz em melhorar o bem-estar físico e mental. No entanto, tenha cuidado para quem você se volta. Colegas que incentivam fofocas ou negatividade podem mantê-lo preso em vez de ajudá-lo a se curar, e palavras soltas podem ser lembradas por anos. O objetivo não é se fixar na decepção, mas entendê-la, ganhar perspectiva e seguir em frente de forma construtiva.
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Reavalie suas expectativas
A decepção muitas vezes decorre de um descompasso nas expectativas: você pensou que o resultado desejado era uma conclusão inevitável, quando a realidade sugere o contrário. Talvez você não tenha entendido o que os tomadores de decisão estavam procurando, então concentrou seus esforços nas áreas erradas. Ou talvez você tenha entendido, mas presumiu que suas conquistas e habilidades falariam por si mesmas, ou simplesmente havia um candidato mais forte.
Revise o que os tomadores de decisão disseram — ou insinuaram — sobre o que estavam buscando. Coloque-se no lugar deles e pergunte: você forneceu as evidências que eles precisavam? Seja o seu impacto no dia a dia, a sua marca pessoal, a qualidade da sua apresentação ou seu desempenho em uma entrevista, quão bem você defendeu seu caso?
Considere o ambiente também. Quem ou o que mais poderia estar na disputa? Quais eram seus pontos fortes e fracos? Onde você se posiciona na hierarquia?
Fazer essa reflexão de forma sistemática significa que você sairá com uma expectativa mais razoável das chances que tinha. Aplicar esse processo da próxima vez também ajudará você a selecionar oportunidades futuras que correspondam melhor às suas forças e a se preparar para o processo de maneira mais diligente.
Uma das clientes de David, Jayne, reconheceu que ela era uma candidata improvável para um cargo de CEO. Ela havia iniciado sua campanha tarde, e outros candidatos tinham mais experiência. Mas ela queria sinalizar sua ambição e aprender com o feedback que receberia durante o processo de seleção. Quando ela não conseguiu o cargo, ficou naturalmente decepcionada — especialmente porque sua confiança havia crescido durante o processo — mas não surpresa. Com essa mentalidade positiva, ela teve um bom começo em seu próximo papel e começou a explorar futuras oportunidades de CEO.
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Permita a recuperação
A decepção pode ser desgastante, afetando você emocionalmente e esgotando sua motivação e produtividade. Seu bem-estar e desempenho se recuperarão mais rapidamente se você dedicar tempo e espaço para reabastecer seus recursos internos. Isso não significa parar ou recuar por meses a fio, mas envolver-se intencionalmente em atividades não relacionadas ao trabalho que promovam a recuperação.
Considere quais atividades ajudam você a se desconectar do trabalho e a reenergizar. Para Anthony, isso significou retomar a rotina de exercícios matinais que ele havia abandonado na intensa corrida em direção à decisão sobre a parceria. O que seria agradável e restaurador para você? Passar mais tempo com amigos e familiares, se envolver em uma atividade criativa, assistir a um filme engraçado ou participar de um serviço religioso? O que você escolher importa menos do que o tempo dedicado a isso.
A recuperação não é indulgência; é um ato estratégico. Quando você reserva um tempo para se recuperar e reiniciar, especialmente após um revés, você não apenas se recarrega, mas também fortalece sua liderança. Líderes que priorizam a recuperação aumentam a criatividade e o desempenho em suas equipes e se apresentam de maneiras mais solidárias e eficazes.
Um dos clientes de David, John, queria reavaliar sua vida após ser preterido para um cargo. Ficou evidente que o trabalho dominava sua identidade, então, quando as decepções aconteciam, ele tinha pouco mais em que se apoiar. Evitando reações impulsivas, ele optou por passar tempo reconectando-se com sua família, assumindo um novo papel em um comitê na sua universidade e melhorando seus hábitos de sono e dieta. Isso permitiu que ele estivesse em uma posição melhor para pensar sobre o que fazer a seguir.
Extraia aprendizado
Pode ser doloroso refletir sobre a decepção, portanto, é tentador evitá-la completamente ou fazê-lo superficialmente. Mas essa é uma oportunidade perdida para aprender algo que aumentará suas chances de sucesso na próxima vez.
Há muito o que perguntar e aprender: o processo de tomada de decisão, os tomadores de decisão, as prioridades organizacionais e as dinâmicas de poder, seus colegas ou outros candidatos, e seus colegas de trabalho. Comece pelos tomadores de decisão, facilitando e tornando confortável para eles fornecerem feedback. Use uma comunicação curta e simples que adote um tom positivo, como:
Caro [Nome],
Obrigado por compartilhar a notícia. Naturalmente, estou decepcionado com o resultado. Mas estou ansioso para aprender com a experiência, para que eu possa trazer uma contribuição ainda mais forte no futuro. Suas respostas a estas três perguntas me ajudarão a fazer isso:
Qual você viu como minha maior força?
O que você não viu o suficiente?
Que conselho você me daria?
Posso encontrar 15 minutos na sua agenda na próxima semana para conversarmos sobre isso?
Pergunte aos seus colegas e a outros próximos a você, incluindo em casa, o que eles notaram sobre você ou lembram de você ter falado durante o processo. Em seguida, volte-se para dentro, concentrando-se no que será necessário para criar a melhor versão do seu futuro eu. Pergunte: O que você aprendeu sobre a organização que ajudará você a se destacar e progredir no futuro? O que seus colegas ou outros candidatos fizeram que você pode aprender? O que você precisa aprender para fazer melhor na próxima vez?
Aceite que você nem sempre obterá respostas claras. Mas o ato de aprender deliberadamente concentra sua atenção de forma construtiva e sinaliza aos outros que você está adotando uma abordagem positiva.
Reconstrua sua confiança
É natural que a autoconfiança diminua após um revés. Você pode se pegar questionando suas habilidades, perguntando: “Eu interpretei mal a situação?” ou “Não sou tão capaz quanto pensei?” Embora esses pensamentos sejam compreensíveis, ficar preso a eles o bloqueará.
Comece colocando esse evento em perspectiva. Uma grande decepção pode nos fazer esquecer nossos sucessos passados, então reserve um momento para revisitar e refletir sobre suas conquistas anteriores, seja um grande projeto que você liderou, uma conversa difícil que você navegou ou um risco que valeu a pena. Amplie sua visão e pergunte a si mesmo: Isso realmente importará em um ano? Embora um revés possa parecer devorador e tão grande no momento, a resposta é frequentemente não.
Em seguida, comece a tomar medidas concretas para recuperar o ímpeto, seja se oferecendo para um novo projeto, propondo outra ideia ou simplesmente falando em uma reunião. Pequenas vitórias ajudam a reconstruir a confiança.
Após aceitar sua decepção por não ter sido escolhido para a parceria duas vezes, Anthony redirecionou sua energia e foco para o que podia controlar e tomou uma atitude. Ele se ofereceu para dois projetos fora de sua prática, expandindo sua rede e ganhando elogios e novos defensores críticos na firma. Fora do trabalho, ele se candidatou ao conselho escolar local, liderou uma campanha forte e venceu. Ambas as experiências ajudaram Anthony a reforçar suas habilidades e restaurar sua confiança.
Avance
Identifique os tomadores de decisão, patrocinadores, colaboradores, líderes informais, mentores e outros que o apoiam e conte a eles sobre sua ambição, convidando-os a ajudar. Vá além em seu trabalho, mostrando quão bem você se desempenha e que pode progredir. Seja uma força positiva, fortalecendo sua reputação como alguém com quem é bom trabalhar e estar por perto. Seja a pessoa que diz “sim, nós podemos” e que está focada no futuro.
Isso é exatamente o que John e Anthony fizeram após suas respectivas decepções. John alinhou-se de perto com seu novo chefe, tornando-se sua pessoa de referência ao entregar alto desempenho em projetos prioritários e ser um defensor da nova estratégia que ajudou a criar. Anthony expandiu sua rede na firma, se oferecendo para dois projetos de alta visibilidade e interdisciplinares e cultivando seus relacionamentos com seu chefe e outros parceiros-chave. Ambos se apresentaram para trabalhar com uma mentalidade mais positiva e voltada para oportunidades. Em seis meses, John foi promovido a um cargo de liderança C-Level e Anthony se tornou sócio.
Se as prioridades da organização não o interessam ou se o que esperam de você não é algo que você está disposto a oferecer, considere para onde mais você pode se mover dentro ou fora da organização. Embora Jayne tenha dado o seu melhor em seu próximo papel, ela logo percebeu que não faria parte do círculo íntimo do CEO, o que limitaria seu progresso. Com essa clareza, ela começou a explorar novas oportunidades, incluindo cargos de CEO para si mesma.
Lidar com a decepção é um esforço estratégico. Envolve uma série de escolhas sobre como responder e o que fazer a seguir. Se feito de maneira inadequada, diminui sua reputação e prejudica suas perspectivas. Se feito corretamente, fortalece sua determinação, esclarece seu foco e o posiciona para o crescimento. Que caminho você escolherá?
- David Lancefield é um catalisador, estrategista e coach para líderes. Ele aconselhou mais de 50 CEOs e centenas de executivos, foi sócio sênior na Strategy& e é professor convidado na London Business School. Encontre-o no LinkedIn (@davidclancefield) ou em davidlancefield.com, onde você pode se inscrever em sua newsletter “Every Day is a Strategy Day” e receber o kit de ferramentas Mastering Big Moments.
- Dina Denham Smith é coach executiva para líderes seniores e equipes em grandes firmas globais, como Adobe, Netflix, PwC, Dropbox, Goldman Sachs, Stripe e inúmeras startups de alto crescimento. Ex-executiva de negócios, ela é a autora principal do best-seller “Emotionally Charged: How to Lead in the New World of Work”. Conecte-se com ela no LinkedIn ou em dinadsmith.com, e inscreva-se em sua newsletter para estratégias comprovadas para acelerar seu sucesso.
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Autor: Roberto de Lira