A corda bamba da Petrobras (PETR4) no novo plano de negócios; veja o que fazer com a ação
Chegou o dia “D” para os investidores da Petrobras (PETR4). Nesta quinta-feira (27), a estatal apresenta seu novo plano de negócios, que será a bússola das decisões financeiras entre 2026 e 2030. O documento detalha metas operacionais e de investimento, traz perspectivas sobre dividendos e aponta as prioridades estratégicas da companhia para os próximos anos.
Mesmo antes da divulgação oficial, o mercado já antecipa os principais movimentos do novo plano. A expectativa dominante é de que a Petrobras reduza os investimentos de longo prazo, o chamado Capex. O Itaú BBA projeta um corte de 4,5% na soma prevista para os próximos cinco anos, para US$ 106 bilhões. Já a Ágora Investimentos trabalha com um valor ainda menor, de US$ 98 bilhões.
A previsão de enxugamento do Capex ocorre em meio à queda dos preços do barril de petróleo e consequentemente das receitas esperadas da Petrobras. Em resumo: com o barril valendo menos, a estatal deve ter menos fôlego para bancar grandes investimentos.
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Caio Mitsuo, planejador monetário, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF), explica que nos últimos cinco anos o Capex foi calculado com o preço do barril de petróleo Brent acima de US$ 80. Hoje, a cotação está em torno de US$ 60.
Diante desse cenário, um plano de negócios que amplie substancialmente os investimentos pode ser interpretado de forma negativa pelo mercado, sobretudo se esses recursos forem direcionados a áreas fora do core business da Petrobras, a exploração de petróleo. Essa movimentação tende a pressionar a distribuição de dividendos, um dos principais atrativos da tese de investimento em PETR4.
“A combinação de aumento do Capex com queda do barril de petróleo Brent pode ser determinante para uma redução gradual dos proventos”, diz Mitsuo. “Espero que em 2026 não surjam investimentos em Capex que não façam sentido econômico ou que não gerem valor para a companhia, embora isso não seria surpreendente, tratando-se de ano eleitoral.”
Por outro lado, uma redução muito maior do que o esperado no Capex poderia impactar projetos de expansão. Esta é a corda-bamba por onde andará a Petrobras nos próximos cinco anos. “Isso reduziria o potencial de crescimento e a geração de caixa futura”, afirma Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos. “O melhor cenário seria um Capex bem distribuído, com foco na exploração e produção eficiente.”
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A redução das despesas operacionais, o Opex, é o segundo grande ponto que poderá ter efeito positivo nas perspectivas do mercado para a Petrobras. “Em resumo, o investidor individual deve prestar atenção à evolução do cenário de preços de commodities, às metas de redução de dívida e à consistência da política de dividendos – fatores que historicamente deram suporte ao valor das ações da Petrobras”, diz Ricardo Pegnoratto, especialista em finanças e investimentos e trader institucional da MIDE Mesa Proprietária.
Devo investir na Petrobras (PETR4)?
Fabiano Vaz, sócio e analista da Nord Investimentos, mantém recomendação neutra para as ações da Petrobras, considerando as incertezas trazidas pelo período eleitoral que se aproxima. Ele também chama a atenção para o aumento recente dos custos da Petrobras, em um cenário de queda nos preços do petróleo.
“Enxergamos um momento de geração de caixa pressionada por esses maiores custos, com perspectivas não muito positivas para os preços do petróleo”, afirma Vaz.
Já a Ágora Investimentos possui recomendação de compra para PETR4, com um preço-alvo de R$ 40, projeção de alta de 25% em relação ao patamar atual da ação. A corretora vê uma melhora nos níveis de produção que, alinhada aos esperados cortes no Capex e possivelmente nos custos operacionais da Petrobras, pode trazer condições para que a política de dividendos se torne mais longeva, ainda que os pagamentos fiquem menores.
“Acreditamos que o principal papel desta revisão do plano da Petrobras será adicionar longevidade à sua política de dividendos. Sob as premissas atuais, assumindo um preço do Brent de US$ 60, a vigência atual é curta, de dois anos. Com as possíveis mudanças mencionadas, acreditamos que a vigência da política de dividendos se expanda para cinco anos”, ressalta a Ágora, em relatório.
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O Itaú BBA também possui recomendação “outperform”, equivalente à compra, para PETR4. A expectativa de um ritmo de produção mais forte embasa a recomendação. Além disso, uma surpresa positiva de cortes de custos de produção poderia destravar valor.
“Se aparecer alguma redução de despesas operacionais (Opex) nas projeções, isso pode melhorar as expectativas, já que os investidores estão principalmente focados em mudanças de Capex e não estão considerando possíveis cortes de Opex”, afirma o Itaú BBA, em relatório.
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Autor: Jenne Andrade
