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Ações de energia e saneamento sobem até 70% antes de cortes na Selic; vale entrar já?

Ações de energia e saneamento sobem até 70% antes de cortes na Selic; vale entrar já?

firmas de energia e saneamento têm uma característica rara na Bolsa: por oferecerem serviços essenciais e trabalharem com concessões de longo prazo, elas resistem bem a crises e também prosperam em tempos de bonança, mantendo estabilidade mesmo quando a economia oscila. Ainda assim, ciclos de queda de juros costumam dar um impulso extra a essas ações – antes e depois da virada.

Um estudo feito pela corretora Rico a pedido do InfoMoney analisou o impacto dos últimos cinco ciclos de cortes de juros no Brasil (2005, 2009, 2011, 2016 e 2023) no segmento e em outros. O levantamento mostra que o setor geralmente se valoriza antes e depois da redução da taxa básica de juros no Brasil, hoje na casa dos 15% ao ano.

Em 2016, por exemplo, as os papéis saltaram, em média, 72,54% nos 12 meses anteriores e 51,16% nos seis meses anteriores ao corte de juros. Após o início do ciclo, o fôlego foi menor, com altas de apenas 4,18% em 12 meses e 4,95% em seis meses.

“O ciclo iniciado em 2016 foi o mais longo e profundo da história recente: de 14,25% até 2% em mais de quatro anos. Com inflação controlada e ambiente de recuperação, esse foi o ciclo em que a queda de juros teve maior impacto positivo e duradouro sobre a Bolsa”, disse Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.

Um padrão semelhante ocorreu em 2005, 2011 e 2023, quando o setor também mostrou valorização antes da queda dos juros, seguida por ganhos também após o corte.

A única exceção foi em 2009, auge da crise financeira global. Naquele ano, o setor acumulava perdas de 4,30% em 12 meses e 22,71% em seis meses até o início do afrouxamento monetário. Houve recuperação, no entanto, após a tesourada: as firmas de energia e saneamento subiram 44,57% em 12 meses e 25,72% em seis meses depois da virada da Selic.

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Veja tabela:

Veja tabela completa: 

Data Corte Perfomance média antes (12m / 6m) Perfomance média Depois (12m / 6m)
15/09/05 28,64% / 11,65% 24,69% / 23,45%
22/01/09 -4,30% / -22,71% 44,57% / 25,72%
01/09/11 20,82% / 2,94% 27,26% / 24,07%
20/10/16 72,54% / 51,16% 4,18% / 4,95%
03/08/23 15,86% / 30,51% 7,84% / 6,67%
Fonte: Bruna Sene, analista de renda variável da Rico

Qual o cenário hoje?

O mercado começa a precificar cortes no início de 2026 – e isso já repercutiu no mercado acionário. O UTIL B3, índice que reúne as ações de utilidade pública (energia, saneamento e gás), disparou 38,5% entre janeiro e setembro, mais que o dobro da alta do Ibovespa (18,6%). As companhias de energia e saneamento representam 97% do indicador.

Caio Mitsuo, planejador monetário e especialista em investimentos, disse que o movimento de queda de juros beneficia todos os ativos de risco, mas tem efeito ainda mais relevante em setores de capital intensivo e com elevado nível de endividamento, como energia e saneamento.

“A redução dos juros e, principalmente, do juro real, diminui significativamente o custo da dívida, abrindo espaço para maior distribuição de dividendos e viabilizando novos projetos cujo retorno supera o custo de capital”, falou.

Cristiano Leal, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF), vai na mesma linha. “Há um efeito direto no resultado operacional. E com juros mais baixos, o custo da dívida dessas companhias cai, os empréstimos ficam mais baratos e isso melhora margem e lucro”, disse.

Leia também: Ações do agro sobem até 74% após cortes na Selic; cenário será o mesmo em 2026?

Quais firmas podem se beneficiar mais?

As firmas alavancadas podem se beneficiar mais no cenário de queda de juros e redução do custo da dívida, segundo Leal. Ele destacou a Taesa (TAEE11), que tem indicadores “atrativos, capacidade de geração de lucros de dois dígitos e histórico de boa pagadora de dividendos”, e a Engie Brasil (EGIE3), que também tem “bons indicadores principalmente pela tese de diversificação em energia renovável”.

Mitsuo acredita que uma das principais beneficiadas pode ser a Eletrobras (ELET3), especialmente por causa da “redução no custo de dívida e da valorização de seus projetos de transmissão”. Ele mencionou também Engie, AES Brasil (AESB3) e Neoenergia (NEOE3) que, além de aproveitar a redução de dívida, têm “robustos pipelines de novos projetos”.

Outros fatores

Juros não são o único fator a afetar o setor de energia e saneamento. O segmento é altamente regulado e está sujeito a decisões políticas. Portanto, disse Mitsuo, a atenção do investidor ao ambiente político-regulatório é indispensável.

No cenário doméstico, além questão regulatória, a possibilidade de revisões tarifárias, a estabilidade de contratos, as privatizações e as novas concessões são questões criticas que também podem impactar as expectativas do mercado, segundo Leal.

No lado internacional, segundo Leal, riscos geopolíticos podem causar falta de oferta energética. Já Mitsuo lembrou que outro ponto-chave a observar no exterior é o diferencial de juros entre EUA e Brasil, já que o capital estrangeiro é determinante para viabilizar grandes projetos de infraestrutura.

Leia também: Chance de corte de juro pelo Fed em setembro vai a 100% após dado de emprego dos EUA

Vale investir agora?

Se a Selic realmente cair nos próximos meses, já estar posicionado dá ao investidor a oportunidade de ver seus ativos se valorizando, disse Leal. Para Mitsuo, este é um momento estratégico para investidores de longo prazo olharem para setores intensivos em capital e regulados, especialmente os que buscam dividendos e ativos defensivos. Ambos, porém, fizeram um alerta: além dos riscos políticos e regulatórios, fatores climáticos também podem pesar sobre o setor.

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Autor: lucasgmarins

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