Ambipar (AMBP3): OPA Suspensa, Incerteza Regulatória e Impactos para Investidores
A Ambipar (AMBP3) está no centro de uma polêmica regulatória envolvendo uma possível Oferta Pública de Aquisição (OPA), aumentando a incerteza entre os investidores. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitou, em março, que a gestora Trustee protocolasse uma OPA por aumento de participação, após indícios de que a empresa atuou em conjunto com o controlador da Ambipar, ultrapassando o limite de 1/3 das ações em circulação. A medida visa preservar a liquidez e os direitos dos demais acionistas.
Apesar de o prazo de 30 dias para o registro da OPA ter sido inicialmente encerrado em abril e posteriormente estendido até 7 de maio, o processo foi suspenso com a apresentação de recursos pelas partes envolvidas. A CVM, por sua vez, tinha até 23 de maio para se manifestar, mas ainda não divulgou decisão oficial, o que mantém o mercado em compasso de espera.
A empresa não se pronunciou sobre o caso. A Trustee também não respondeu aos contatos da reportagem. A demora da CVM em dar um desfecho aumenta a tensão entre investidores da AMBP3, especialmente diante da ausência de explicações públicas por parte do regulador.
Especialistas avaliam que a situação é complexa e pode seguir para deliberação do colegiado da CVM, instância superior do órgão. Essa análise deve considerar tanto aspectos jurídicos quanto o impacto potencial no mercado. Possíveis desfechos incluem a manutenção da exigência da OPA, mudanças nas condições da oferta ou até sua dispensa parcial ou total. Existe ainda a chance de judicialização do caso, o que pode estender ainda mais o impasse.
Segundo a CVM, o objetivo da exigência da OPA é proteger os investidores em casos de tomada de controle sem a devida transparência. Fábio Coelho, presidente da Amec, avalia que a atuação do regulador, embora demorada, demonstra vigilância e preocupação com a equidade no mercado. No entanto, ele alerta que o atraso na resolução pode prejudicar investidores que desejam vender suas ações, à espera de um possível prêmio em uma OPA.
Apesar do ambiente regulatório conturbado, a Ambipar apresentou resultados operacionais robustos no 1º trimestre de 2025. A receita líquida alcançou R$ 1,74 bilhão, com alta de 37,3% em relação ao ano anterior. O Ebitda foi de R$ 552 milhões, superando as expectativas do mercado. Ainda assim, a incerteza regulatória levou muitas casas de análise a colocarem o papel sob revisão, reduzindo a cobertura ativa da empresa.
Entre os poucos bancos que mantêm cobertura está o UBS BB, que em abril recomendou posição neutra e preço-alvo de R$ 120. Já o Bradesco BBI e a Ágora Investimentos apontaram que, com base na média de aquisição da Trustee, o valor da OPA poderia ficar em torno de R$ 38,48 – muito abaixo do atual preço das ações, que gira em torno de R$ 122. Com isso, os analistas mantêm recomendação de venda, com preço-alvo em R$ 118.
Em 2024, os papéis da Ambipar subiram mais de 730%, atingindo valor de mercado de R$ 22,5 bilhões. Em 2025, o avanço foi mais modesto: 3,18%. A forte alta anterior foi associada a um possível “short squeeze” envolvendo a Trustee e o CEO Tércio Borlenghi Junior, o que intensificou a pressão de compra e fez o preço das ações disparar.
Para o investidor, o momento é de cautela. A resolução do caso pode impactar diretamente a liquidez, a valorização e a estabilidade das ações da Ambipar. Enquanto isso, o mercado segue à espera de um desfecho claro e transparente que traga mais segurança e previsibilidade.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Beatriz Rocha