André Moraes: “Estamos prestes a viver a oportunidade da década na Bolsa”


No começo deste ano, o analista técnico André Moraes chamou a atenção do mercado monetário alertando sobre a grande chance de estarmos começando uma nova era na Bolsa brasileira. Ao final do primeiro trimestre, o Ibovespa acabou subindo mais de 8%. Para ele, o cenário atual guarda semelhança com outros momentos do mercado, como foi o caso do ano de 2016.
Naquela ocasião, mesmo com o pessimismo generalizado do mercado, ele viu sinais que contrariavam o sentimento predominante no mercado.
“Uma queda muito forte acontecia também nos países emergentes e, claro, quando você tem um período tão forte de queda, não só no Brasil como nos países emergentes, é necessário só um gatilho para que aconteça uma explosão imediata do mercado”, diz Moraes.
Ibovespa entre março de 2015 a abril de 2016

Índice MSCI Mercados Emergentes de junho de 2014 a setembro de 2016

Essa leitura, segundo ele, veio de padrões. “A taxa de juros estava lá em cima com o Tesouro Direto pagando o IPCA mais 7,5%, e observando padrões, toda vez que isso acontece, marca um fundo de mercado. Naquele momento, o que eu imaginava é que uma Bolsa no preço que estava e também uma renda fixa no preço que estava, era muito difícil que aquilo se transformasse em um mau investimento”, justifica.
Essa análise precoce seria o início de uma virada histórica. Assim, o que parecia ousadia, na época, se provou uma visão certeira. O gatilho que faltava — o impeachment da então presidente Dilma Rousseff — veio logo depois, e o Ibovespa iniciou um ciclo de alta que duraria cinco anos.
“Foi quando o InfoMoney me chamou para fazer uma matéria que recebeu o nome de ‘O Call da Década’. Era uma possibilidade que foi confirmada e a gente fez uma segunda reportagem falando dessa confirmação que acabou trazendo 5 anos de alta para o mercado”, conta.
O que André Moraes enxerga em 2025
De acordo com Moraes, o cenário atual carrega similaridades com o de 2016, mas com nuances próprias. Ele identifica o início de uma nova era no mercado, que ainda não tem nome, mas já mostra seus sinais.
“Eu comecei a formatar na minha cabeça o que tinha vivido nos últimos 20 e poucos anos de mercado. ‘Vivi 4 Eras’: a das commodities, o Fim do Brasil, a ressurreição e a da inflação. Agora, acredito que a gente está prestes a viver uma grande onda do mercado, já que de 2021 até agora a gente só caiu. Sim, esta pode ser a oportunidade da década”.
Ele aponta uma combinação de fatores que sustentam essa tese: rali eleitoral (antecipando 2026), moderação no pessimismo, possível estabilização da inflação, juros menores que o previsto pelo mercado, retomada do fluxo estrangeiro e um mercado com menos ações disponíveis, o que poderá gerar uma continuidade de short squeeze.
Além disso, Moraes destaca que, ao contrário dos últimos ciclos eleitorais, o “rali eleitoral” pode ter se iniciado mais cedo. O mercado, segundo ele, está mais rápido e reage antes aos sinais.
“É natural que o mercado também queira precificar um provável rali eleitoral um pouco antes”, afirma, comparando o momento atual ao da eleição de Javier Milei na Argentina, quando o índice local se valorizou 1.400% para quem entrou com antecedência.
Além do fator político, Moraes observa um ambiente de mudança estrutural no comportamento dos investidores estrangeiros, que neste primeiro trimestre do ano voltaram a aplicar no mercado secundário da B3.
Esse tipo de entrada maciça de capital, segundo ele, pode acionar uma dinâmica de escassez no mercado acionário. “O mercado perdeu 50 firmas nos últimos anos. Praticamente 90% das firmas estão recomprando as suas próprias ações, em um volume que é raro de se ver”.
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Análise técnica com contexto macroeconômico
Apesar de ser conhecido como analista técnico, André Moraes vai além dos gráficos. Ele sustenta que entender o cenário macro e microeconômico é indispensável para acertar a direção do mercado.
“Eu escuto muita gente falar que o analista técnico só olha para gráfico, mas eu realmente não acredito nisso. Você tem que entender o contexto. Quando você entende o macro, o micro, você consegue usar análise técnica de forma muito mais assertiva. Ela vai te dar o timing”.
Nesse sentido, a análise técnica se torna uma ferramenta de precisão, usada depois que o panorama mais amplo já está claro. A análise técnica aponta os gatilhos, os pontos de entrada, saída e os possíveis alvos, mas ela não explica o “porquê” da movimentação.
“Para operações de day trade, você só precisa de análise técnica e saber a que horas saem os dados econômicos. Agora para uma visão de médio e longo prazo é necessário entender o macro e o micro para também entender a direção mais provável”.
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Oportunidade para quem está atento
Moraes acredita que o mercado está prestes a surpreender até mesmo os analistas mais experientes, principalmente se as “engrenagens” macro se encaixarem de forma coordenada: inflação sob controle, teto e início do ciclo de corte de juros, retomada de fluxo estrangeiro e maior confiança institucional.
“Eu não estou falando deste movimento, eu estou falando de um movimento que nem eu imagino a dimensão. Com as variáveis corretas, com a engrenagem toda funcionando, de repente vai surpreender quem gosta de fazer previsões para o Ibovespa no final do ano”.
Ele afirma que o Ibovespa já se aproximou do topo histórico, neste ano, antes do acirramento da crise tarifária entre EUA e China, mas que isso não é o fim da linha, e sim o começo de uma possível onda maior.
Colocando o terceiro princípio da Teoria de Dow em prática, Moraes acredita que saímos da fase de acumulação e estamos vivenciando a segunda fase da tendência de alta.
“Se olharmos para o Ibovespa nos últimos 4 anos, a gente enxerga a fase de acumulação. Entendo eu que essa é a fase de alta é muito sensível; ou seja, se o mercado realmente vai fazer um belo ano, ele nem começou a subir”.
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Autor: Bruno Nadai