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Ansiedade, trauma e superação: o que trava e liberta traders dentro e fora do gráfico

Ansiedade, trauma e superação: o que trava e liberta traders dentro e fora do gráfico

No reality Trade da Vida Real, idealizado por Nelson Lee, oito traders foram expostos a um ambiente de pressão máxima, dinâmicas emocionais intensas, operações ao vivo e convivência diária com seus próprios gatilhos.

Ao longo de uma semana, todos foram testados. Mas, diferente do que se vê em simuladores ou setups otimizados, o foco aqui não era bater meta — era encarar os seus próprios bloqueios.

Entre iniciantes e traders experientes, um ponto em comum uniu todos os participantes: os obstáculos internos. Ansiedade, impulsividade, bloqueios de merecimento e perfeccionismo excessivo apareceram como os principais vilões operacionais — frequentemente camuflados sob o discurso de “falta de disciplina”.

“O órgão mais sensível é o bolso”

Gestor monetário de uma rede de postos de combustíveis no interior paulista, Elison Nihi atua no mercado desde 2008 e já tem sete anos de experiência com day trade. Seu grande desafio, no entanto, não está em entender o gráfico — mas em operar com tamanho de lote que o leve à liberdade que deseja.

“A técnica eu executo muito bem, no entanto eu tenho padrões comportamentais que não me deixam atingir o meu sonho que é justamente viver da renda do trade.”

— Elison Nihi

Muitos traders acreditam que uma perda é apenas parte do jogo. Entretanto, perder além do previsto não atinge só a conta bancária, aciona um gatilho físico e mental.

“O órgão mais sensível do ser humano é o bolso. Quando você perde mais do que deveria, desencadeia uma série de reações físicas”, explica.

Segundo Elison, o maior risco para o trader não está apenas na perda financeira, mas em transformar o descontrole em rotina. Quando o dia de fúria deixa de ser exceção e passa a ser aceito como parte do processo, o caminho para a autossabotagem se instala.

“O problema não é o dia de fúria em si — é se acostumar com ele”, afirma.

Na casa, ele se viu sob pressão e fora da zona de conforto. “No começo, o ambiente assusta, é um pouquinho desconfortável porque você não está acostumado com esse ambiente, está fora da sua zona de conforto. Depois você vai assimilando as coisas. Comecei a encarar isso como um exercício de superação”, completa.

Elison Nihi, de Jales -SP, formado em Administração de firmas, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Uma voz dizia que eu não podia perder”

O economista e trader Rodolfo Silva Pinto começou a operar durante a pandemia, incentivado por um colega da área de TI. Logo descobriu que a teoria não preparava para os impactos emocionais.

“Mesmo sendo economista, eu tinha preconceito com o mercado. Achava que era só especulação. Mas o mercado tem um papel fundamental na economia”, disse.

Rodolfo destaca que sua prioridade ao entrar no reality não era melhorar a técnica, mas lidar com bloqueios internos.

“Vim para o reality mais pela minha evolução emocional do que pelo operacional. Meus traumas passados ainda interferem no que faço no gráfico”, explica.

Em uma das perdas mais marcantes, perdeu R$ 35 mil operando futuro de Bitcoin.

“Ganhei R$100 mil num dia, e depois achei que todo dia seria assim. Essa foi minha maior lição.”

— Rodolfo Silva Pinto

Mais do que perdas, Rodolfo carrega um trauma interno, uma voz do passado que o impedia de aceitar o loss. “Tinha uma voz interna que dizia: você não pode ser um perdedor. E isso me fazia quebrar meu gerenciamento”, explica.

No reality, encontrou um ambiente desafiador. “toda vez que eu opero com mais pessoas eu me sinto pressionado sim meus resultados não são satisfatórios”, relata.

Mesmo assim, ele vê evolução. “Estou aqui para me provar. Hoje entendo que consistência não é sobre vencer todo dia. É sobre respeitar meu gerenciamento”, afirma.

Rodolfo Silva Pinto, 39 anos, economista, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“O maior inimigo era meu próprio julgamento”

Danilo Martins Conceição passou 17 anos como líder de produção na indústria antes de largar tudo e se dedicar ao mercado. Começou no mundo cripto, que o atraiu pela possibilidade de ganhos exponenciais. Mas a falta de estrutura emocional o levou à ruína três vezes em cinco meses.

“Quebrei em agosto, horrível o sentimento. Um sentimento de derrota, de incapacidade. Aí quebrei de novo em dezembro, e depois quebrei de novo em abril. Foram três quebras em menos de cinco meses”, diz.

Para Danilo, o maior gatilho era o senso de merecimento.

“Quando você vai para o mundo do trade, você começa a ver valores diferentes. Quando eu trabalhava na firma, eram valores que eu levava quatro meses para fazer. E no trade, às vezes você faz em uma semana. Então comecei a ter esse viés: ‘Será que eu mereço esse valor?”

— Danilo Martins Conceição

Hoje, Danilo se considera em processo de formação contínua. Depois de montar uma reserva financeira e fazer a transição completa para o mercado, ele afirma que está 100% dedicado à nova fase. “Montei minha reserva, fiz a transição de carreira e estou focado. Mas sigo em construção — emocional, técnica e profissional”, conclui.

Danilo Martins Conceição, 38 anos, de Guarulhos – SP, cursa engenharia elétrica, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Você não vai ser um bom trader se não for uma boa pessoa”

Policial militar e formado em Letras, Rondney entrou no trading durante a pandemia em busca de uma renda extra. Mas acabou encontrando uma nova forma de se conhecer. “Você jamais vai conseguir ser um bom trader se você não for uma boa pessoa, com uma boa mente, bons valores, ter objetivos e ser fiel aos seus objetivos”, reflete.

Rondney passou recentemente por dois episódios que ele mesmo classifica como “dias de fúria”. Em um deles, viu sua conta em uma corretora estrangeira ser bloqueada com cerca de 8 mil dólares.

Mesmo abalado, tentou operar por impulso em outra conta menor e acabou perdendo 10% do capital. “Eu não estava com a mente boa para operar”, admite.

Ao ser questionado sobre a pressão do ambiente coletivo, Rondney relatou uma mudança significativa ao longo dos dias.

“No primeiro dia tive um desconforto, meu computador e minha cadeira não estavam na posição certa. Tudo isso me bloqueava. No segundo dia, depois das práticas com o Nelson, comecei a colocar em prática as ferramentas que aprendi. Hoje, operei em paz.”

— Rondney

Ele acredita que os principais gatilhos emocionais que antes atrapalhavam sua performance já foram enfrentados e superados. A jornada dentro do reality permitiu identificar padrões que antes passavam despercebidos e, aos poucos, foram sendo quebrados.

“Não me sinto mais travado. A lembrança dos bloqueios já está distante”, afirma.

Antônio Rondney Mouta Xavier, 44 anos, de Sobral – CE, Policial Militar do Ceará, formado em letras, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Ainda não sou profissional, mas estou no caminho”

Natural de Igrejinha (RS), o comerciante Anderson Luís Ritter, 43 anos, entrou no mercado monetário há pouco mais de dois anos, após vivenciar um momento de exaustão emocional na sua firma de distribuição de alimentos. “Eu queria fazer algo da minha vida que eu não dependesse de terceiros para executar”, relembra.

Por indicação de um amigo, começou a estudar sobre o mercado monetário e, aos poucos, mergulhou no universo do day trade — mesmo carregando, no início, um forte preconceito de que aquilo tudo se tratava apenas de “mais uma pirâmide financeira”.

Com o tempo, percebeu que o problema não estava no mercado em si, mas na falta de conhecimento que o cercava.

Anderson já havia participado da primeira edição do reality, e voltou para aprofundar o processo. Ele contou que ensinou alguns comandos ao seu filho de 9 anos, que já demonstra maturidade ao operar no simulador.

“Hoje o meu menino, com 9 anos, já tem esse conhecimento… Às vezes brinca no simulador, anota o resultado e diz: ‘já está bacana’. Aí ele para. Eu, adulto, com muito mais consciência, muitas vezes não consigo parar.”

— Anderson Luís Ritter

Ele se define como um trader em evolução. “Ainda não sou profissional, mas estou no caminho. E sei que minha jornada vai ser mais curta por ter buscado ajuda desde cedo”, concluiu.

Anderson Luís Ritter, de Igrejinha – RS, comerciante, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Consegui segurar uma operação de 840 pontos”

Servidora pública estadual no Amazonas, Ana Maria Oliveira da Silva, formada em Direito e residente em Manaus, conheceu o mercado monetário há mais de 10 anos, mas sem se aprofundar. Em 2021, reacendeu o interesse e passou a estudar investimentos com foco em ações.

A porta de entrada para o day trade surgiu como bônus em um curso. Inicialmente, ela acreditava que era algo arriscado demais. “Eu não achei que era um mercado sério. Achei que era como se fosse apostas. Mas como eu vi esse mentor abordando o assunto pensei: deve ser algo que vale a pena dar uma verificada”, explica.

Após vários dias de fúria, acumulou uma perda marcante. “Perdi R$8 mil em uma operação. Foi meu pior dia. Eu vi que eu estava pisando num terreno que eu não conhecia ainda muito bem”, relembra. Buscou ajuda pelas redes sociais, mergulhou na PNL e, depois, no trabalho comportamental com Nelson Lee.

No reality, ela conquistou o que considera sua primeira grande vitória.

“Consegui segurar uma operação de 840 pontos no índice. Nunca tinha feito isso. Pra mim foi um fato inédito.”

— Ana Maria Oliveira da Silva

Ana conta que já havia identificado a impulsividade como um dos principais desafios em sua jornada no day trade. No ambiente operacional, essa característica a fazia muitas vezes agir fora do plano, prejudicando sua consistência.

No reality, ela diz ter conseguido aprofundar essa percepção e desenvolver um novo olhar sobre si mesma. “Estou conseguindo enxergar com mais clareza, tanto o gráfico quanto a mim mesma”, afirma.

A mudança de postura trouxe resultados positivos. “Essa semana estou bem consistente e acredito que vou me manter assim. Não que eu nunca mais vá errar, mas agora sei que posso moderar”, conclui.

Ana Maria Oliveira da Silva, de Manaus – AM, servido pública estadual, formada em direito, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Eu quero ser uma trader profissional”

Empresária do varejo em Catalão (GO), Eulia Maria Marques, de 54 anos, conheceu o mercado monetário durante um período de instabilidade econômica. A pandemia e as mudanças no governo afetaram seus negócios, e foi ao lado do marido que ela começou a estudar o mercado de renda variável.

“Vi que é uma possibilidade de uma renda extra, e comecei a estudar a respeito”, conta.

A jornada no day trade, no entanto, não foi fácil. Ela lembra de um episódio marcante. “Já perdi, assim, em uma só vez, em torno de R$5 mil. É um impacto muito grande. Não é fácil”, relembra.

Durante as operações na casa, percebeu que o maior desafio não era o ambiente coletivo ou as câmeras, mas a condução das operações.

“Não saí nem uma vez com perda. Saí no zero. Mas a dificuldade foi esticar o trade.”

— Eulia Maria Marques

Ela entende que técnica e emocional caminham juntos, e que a insegurança para alongar os movimentos no gráfico ainda é um obstáculo a vencer.

Apesar dos avanços, Eulia é realista. “Eu ainda não me considero uma profissional. Estou estudando muito para isso e buscando vencer esses obstáculos das dificuldade. Mas eu ainda quero ser uma profissional no mercado”, afirma.

Eulia Maria Marques, 54 anos, de Catalão – GO, empresária, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

“Me considero um trader profissional júnior”

Graduado em processos gerencias e com mestrado em agricultura de precisão, Ropson Jendrzikowski decidiu mudar de vida e mergulhar no mundo do trading. Planejou a transição, montou uma reserva e traçou objetivos claros.

“Hoje eu estou focado totalmente para trabalhar com trade. É um projeto que eu desenhei nos últimos anos”, relata.

O convite para o reality surgiu após um evento com Nelson Lee. Antes de aceitar, Ropson refletiu sobre o real motivo de estar ali.

“Eu estava ciente de que, se eu não fosse vir aqui para tratar os meus problemas emocionais. Que é o objetivo do reality. Não fazia sentido eu estar fazendo um investimento que eu não fosse me doar.”

— Ropson Jendrzikowski

Ao ser questionado sobre a pressão de operar diante das câmeras e colegas, Ropson foi direto. “Se eu te falar que não, vou estar mentindo, o quanto? Pouco! Porque a pressão ela vai existir em qualquer circunstância. Isso é bom porque vai aflorar os emocionais das questões dos sentimentos, dessa forma fica mais fácil de interpretá-los para poder depois tratar”, afirma.

O maior aprendizado foi lidar com as emoções em tempo real. “As ferramentas sendo aplicadas nos exercícios, as dinâmicas… isso já dá pra dizer que estou por satisfeito. Está sendo muito disruptivo”, enfatiza.

Hoje, Ropson se considera em evolução. “Eu me considero já um trader profissional júnior.”

E sabe onde está o próximo desafio. “Acho que está mais relacionado à parte financeira mesmo. Entender o quanto que você vai destinar do teu patrimônio para colocar ali nas operações”, conclui.

Ropson Jendrzikowski, 39 anos, natural de Guarani das Missões – RS, graduado em processos gerenciais e mestrado em agricultura de precisão, integra o elenco do Trade da Vida Real 2. (Imagem: Bruno Nadai)

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Autor: Bruno Nadai

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