AO VIVO: Moraes vota pela abertura da ação penal contra Bolsonaro e sete aliados


O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza na manhã desta quarta-feira (26) a terceira sessão extraordinária para julgar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornará réu por crimes atribuídos por seu envolvimento nos atos que culminaram em uma suposta tentativa de golpe de Estado, em janeiro de 2023.
O julgamento, que analisa também casos de outros sete acusados, começa às 9h30, na Primeira Turma do STF, em Brasília. Ministro Alexandre de Moraes já votou pela abertura da ação penal contra Bolsonaro e sete aliados.
Ontem, as defesas de Bolsonaro e de demais denunciados se pronunciaram, e os ministros afastaram as preliminares e validaram a delação de Mauro Cid.
Hoje, a expectativa é que a sessão tenha como desfecho a decisão sobre o aceite ou não da denúncia apresentada pela PGR. Caso os ministros decidam acatar a denúncia, será instaurada a ação penal.
A acusação tem como base um relatório da Polícia Federal que aponta Bolsonaro como líder de um grupo que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.
Acompanhe EM TEMPO REAL o 2º dia de julgamento de Bolsonaro no STF
Confira detalhes de voto de Alexandre de Moraes
Após um voto que durou cerca de uma hora e meia, Moraes demonstrou a materialidade da denúncia e votou pela instauração da ação penal contra todos os 8 envolvidos nos atos de 8 de janeiro, dentre eles, o ex-Presidente, Jair Bolsonaro.
“Dia 8 de janeiro de 2023 foi uma notícia péssima para a democracia e as instituições. Não houve um domingo no parque”, afirmou Moraes
Moraes mostrou vídeos com atos do dia da diplomação, com explosão do carro bomba próximo ao aeroporto de Brasília e por fim com imagens do 8 de janeiro.
Segundo ele, as imagens mostram o absurdo de uma violência programada. “Ninguém estava passeando e todos invadiram agredindo policiais. É sempre com a intenção golpista, várias faixas pedindo intervenção federal “
A denúncia , de acordo com Moraes, descreve os atos criminosos permitindo que as defesas rebatam as acusações.
No voto , Moraes também rebateu argumentos das defesas dos acusados
“Não há inépcia da denúncia como alegado pela defesa. Permite contraditório e ampla defesa. Não há dúvida dos fatos descritos. Também está presente a justa causa para instauração do processo penal.
De acordo com Moraes, não é normal que presidente que perdeu eleição se reunia com ministro da defesa e comandantes para discutir uma minuta de golpe.
“Apesar de algumas alegações de que minutas de golpe são normais, que correm pela internet, não é normal que o presidente que acabou de perder uma eleição se reúna com comandantes do Exército, Marinha e ministro da Defesa para tratar de minuta de golpe”, acrescentou Moraes
Em relação a Bolsonaro, o ministro rebateu a argumentação da defesa da inexistência de provas. “Há indícios razoáveis para recebimento da denúncia”, afirmou .
Moraes disse ainda que a denúncia mostra que o então presidente coordenou integrantes do governo para atuarem de forma ilícita para construir uma narrativa de ataque às instituições. Ele destaca ainda que “não há dúvida de que Bolsonaro conhecia a minuta do golpe.”
Segundo Moraes, a Procuradoria Geral da República que Bolsonaro tinha conhecimento sobre o plano Punhal Verde e Amarelo.
Comportamento de Bolsonaro com minuta de golpe será ponto central em julgamento
Durante a leitura de seu voto no julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro e seus aliados, o ministro Alexandre de Moraes detalhou mais um ponto crucial da acusação: a minuta de decreto que visava instaurar um golpe de Estado no Brasil. Moraes revelou que o documento foi encontrado tanto na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, quanto no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
“Essa minuta, que representava um plano para instaurar o estado de defesa e, com isso, tentar reverter o resultado das eleições, foi amplamente discutida dentro do governo de Bolsonaro”, afirmou Moraes, ressaltando que, embora o documento tenha sido encontrado em vários locais, os depoimentos de comandantes das Forças Armadas revelam que Bolsonaro foi diretamente envolvido na elaboração e alteração da minuta.
O ministro também destacou que o comportamento de Bolsonaro, de discutir e alterar a minuta do golpe, será um ponto central a ser discutido durante o julgamento. “A intenção dele com isso é o que será discutido durante o julgamento”, disse Moraes, sinalizando que, apesar das tentativas de desqualificar a acusação, os elementos apresentados indicam envolvimento direto do ex-presidente nas tentativas de desestabilizar a ordem democrática.
Deputado publica vídeo de Bolsonaro assistindo ao julgamento
Ex-presidente foi à sede do PL mais cedo e agora assiste ao julgamento do gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado.
Moraes comenta ataques recebidos ao relatar comportamento de Bolsonaro
Ao relatar o comportamento de Bolsonaro, Moraes ironizou e disse que o ex-presidente tem “palavras carinhosas” para se referir a ele, fazendo referência àquelas palavras ofensivas proferidas publicamente. A troca de ataques não é nova: Bolsonaro, em várias ocasiões, criticou a atuação de Moraes, principalmente em relação ao que considera ações e decisões “parciais” do STF contra seus aliados e sua administração.
Moraes cita comunicado da Casa Branca sobre sistema eleitoral brasileiro para destacar credibilidade
O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva nesta terça-feira (25) para alterar normas eleitorais dos Estados Unidos, exigindo que as pessoas forneçam documentos comprovando que são cidadãos quando se registrarem para votar. O texto do decreto cita o exemplo do Brasil e da Índia como países que impõem proteções eleitorais.
Alexandre de Moraes utilizou um comunicado da Casa Branca para contrastar os elogios feitos pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ao sistema eleitoral brasileiro com as tentativas de seus aliados de desacreditá-lo no Brasil. Moraes citou a declaração do governo dos EUA, que elogiava o sistema eleitoral tanto do Brasil quanto da Índia, como uma maneira de destacar a credibilidade internacional das eleições brasileiras.
Voto de Moraes reforça que autos demonstram que há indícios de Bolsonaro como líder de organização criminosa
“Os autos, nesse momento de cognição, de recebimento da denuncia, demonstram que há indícios na denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República, que apontam Jair Messias Bolsonaro como líder de uma organização criminosa demonstrando a participação do ex-presidente da República com os elementos de provas colhidos na investigação da Polícia Federal”, diz Moraes
“Muita criatividade”, diz Bolsonaro sobre especulações por ausência no STF
A ausência de Jair Bolsonaro no julgamento de hoje, no Supremo Tribunal Federal (STF), gerou uma série de especulações e boatos, incluindo rumores de que o ex-presidente estaria com medo de ser preso ou de ser alvo de uma determinação para o uso de tornozeleira eletrônica ao final da sessão do recebimento da denúncia.
Em resposta às especulações, Bolsonaro reagiu com ironia. “Muita criatividade”, comentou o ex-presidente, desconversando sobre os rumores que circulavam nas redes sociais e entre jornalistas.
Embora não estivesse presente na Corte, Bolsonaro acompanhou o julgamento a partir do gabinete de seu filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no Senado. O ex-presidente afirmou que pretende se reunir com jornalistas cerca de 30 minutos após o término da sessão para esclarecer suas posições sobre o processo.
Alexandre de Moraes compara comportamento de código de conduta de grupos criminosos
Moraes citou uma mensagem trocada entre os denunciados, na qual é feito um apelo para ampliar as críticas contra militares que se recusaram a aderir ao golpe. O ministro comparou esse comportamento a códigos de conduta de grupos criminosos, dizendo: “até a máfia tem um código de conduta de que os familiares são civis, não entram na guerra, mas parece que aqui lamentavelmente não foi seguido”.
Alexandre de Moraes destaca indícios sólidos de autoria dos denunciados no processo
No decorrer de seu voto, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a denúncia apresentou indícios sólidos de autoria dos denunciados no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. O relator mencionou trechos de uma reunião ministerial do ex-governo de Jair Bolsonaro, onde os investigados discutiram e disseminaram notícias falsas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, um dos pontos centrais da acusação.
Moraes, ao rebater as alegações de fraude eleitoral, enfatizou que não há “nada mais confiável que as urnas eletrônicas”. O ministro reforçou que os ataques ao sistema eleitoral brasileiro, impulsionados por informações falsas, são parte integrante do contexto da trama golpista que, segundo a denúncia, envolveu membros do governo Bolsonaro em uma tentativa de desestabilizar o processo democrático.
Alexandre de Moraes indica que votará pela abertura da ação penal
“Não há, portanto, nenhuma inépcia da denúncia como alegado pelas defesas, porque a descrição fática da denúncia permite o pleno exercício do contraditório, da ampla defesa, não havendo, me parece, com certeza, nenhuma dúvida da exposição, como eu disse, clara e compreensiva de todos os requisitos exigidos pelo artigo 41. Da mesma forma, está presente a justa causa para a instalação da ação penal”, afirma em seu voto.
Moraes: Há vínculo claro entre ex-presidentes e outros denunciados, apresentado pela PGR
De acordo com Moraes, a PGR não apenas apresentou os fatos e indícios que envolvem os acusados, mas também estabeleceu um vínculo claro entre o ex-presidente e os outros denunciados com os crimes descritos na denúncia.
Moraes destacou, ainda, que o arcabouço probatório da denúncia foi elaborado a partir de uma investigação robusta conduzida pela Polícia Federal, e não se sustentou exclusivamente na delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. O relator fez questão de pontuar que “a delação é embasada pela investigação, e não o contrário”, refutando a tese de que a acusação dependeria unicamente da colaboração do delator.
Alexandre de Moraes se adianta e reforça que a PGR conseguiu demostrar a autoria delitiva de Bolsonaro e sete aliados, e que ação penal deve ser instaurada
“Dia 8 de janeiro de 2023 foi uma notícia péssima para a democracia e as instituições. Não houve um domingo no parque”, diz Moraes. “É um absurdo as pessoas dizerem que não houve violência, não houve agressão, e que, por isso, não há materialidade”.
O ministro ressaltou que a materialidade dos delitos já foi reconhecida pelo STF em outras 474 denúncias
“Os crimes relacionados ao 8 de Janeiro foram gravíssimos, e a gravidade foi reconhecida em parte das sustentações orais dos advogados aqui na sessão”, comentou o relator.
Moraes: “Imagens não deixam dúvida da materialidade”
“Não se vê Bíblia nem batom”, diz Moraes, enquanto exibe imagens dos ataques do 8 de janeiro
“É importante lembrarmos que tivemos uma tentativa de golpe de Estado violentíssimo”, continuou o ministro.
“É absurdo dizer que não houve violência”, diz Moraes.
“Foi um absurdo de violência programada”, disse o ministro. Ele relembrou o caso de uma bomba desarmada. “Ninguém estava passeando”.
Enquanto isso, jornalistas são informados que Bolsonaro não irá comparecer ao STF nesta quarta
Voto do relator afirma que a materialidade dos crimes contra o Estado Democrático de Direito ficaram comprovados pela PGR
O ministro destacou que a PGR, em sua denúncia, descreve de forma satisfatória os fatos criminosos e explica os motivos pelos quais os acusados foram imputados.
“A PGR descreve, satisfatoriamente, fatos típicos, dando conhecimento aos acusados os motivos pelos quais foram imputados”, afirmou Moraes.
Alexandre de Moraes começa a leitura do seu voto
A sessão deverá começar em instantes, com a leitura do voto do ministro relator, Alexandre de Moraes
A previsão é que a exposição dos motivos trazida pelo ministro dure, ao menos, 1h30. Na sequência apresentam seus votos: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Jornalistas aguardam a possível chegada de Bolsonaro do lado de fora do prédio da Primeira Turma
Ainda não se sabe se o ex-presidente irá comparecer ao segundo dia de julgamento.
Relembre quem está sendo julgado junto com Bolsonaro
- Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Walter Braga Netto, general e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin;
- Almir Garnier, almirante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Relembre os crimes dos quais Bolsonaro é acusado
- Organização criminosa armada
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado
- Dano qualificado ao patrimônio público
- Deterioração de patrimônio tombado
Bolsonaro deve comparecer novamente ao julgamento
Segundo falou ontem o deputado federal Zucco (PL) ao final da segunda sessão na Primeira Turma, o ex-presidente deverá estar novamente presente no segundo dia de julgamento. Na terça, ele esteve sentado na primeira fileira, ao lado de correligionários.
O que deve acontecer neste 2º dia
- O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, deve apresentar seu voto no mérito — ou seja, avaliar o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para abrir uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).
- Após o voto do relator, os demais ministros da 1ª Turma devem se manifestar na seguinte ordem: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
- O colegiado vai decidir se o caso deve avançar e ser transformado oficialmente em uma ação penal.
- Caso a denúncia seja aceita, os investigados se tornam réus e passarão a responder a um processo criminal na Corte.
Veja o resumo do 1º dia de julgamento no STF
- O ministro Alexandre de Moraes leu o documento que detalha as condutas atribuídas a Jair Bolsonaro e aos demais acusados, destacando ataques sucessivos à democracia.
- O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou seus argumentos, com ênfase na atuação de Bolsonaro na disseminação de ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas.
- As defesas dos sete acusados e de Bolsonaro também expuseram seus posicionamentos (confira aqui um resumo).
- Os ministros do STF rejeitaram as chamadas “questões preliminares” — questionamentos formais apresentados pelas defesas.
- O ministro Luiz Fux foi o único a divergir. Ele defendeu que a denúncia relacionada à tentativa de golpe deveria ser analisada pelo plenário do Supremo, e não pela 1ª Turma.
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Autor: Marina Verenicz