As ações que dão uma surra no Ibovespa em 5, 10, 15 e 20 anos – e o que isso mostra


O Ibovespa acumula alta de quase 12% no ano, impulsionado pelo movimento global de aversão ao risco em meio à guerra tarifária dos Estados Unidos. Mas um olhar mais atento para dentro do índice revela um detalhe incômodo: a maioria das ações não acompanha esse desempenho.
Das 87 ações que compõem o Ibovespa, apenas 40 superaram o índice no período de um ano, segundo levantamento da Economatica feito a pedido do InfoMoney. E mesmo entre essas vencedoras, os ganhos realmente expressivos são minoria – um padrão que se repete em prazos mais longos, como três, cinco, 10, 15 e até 20 anos.
“Historicamente, uma pequena minoria das ações é responsável por quase todo o retorno positivo do mercado. A maioria das ações acaba ficando estagnada, sendo adquirida ou até quebrando ao longo do tempo”, disse Rogério Lobo, professor de finanças do curso de Administração da ESPM.
O Ibovespa tem um viés de sobrevivência, segundo o especialista. Na prática, explica, ele é composto pelas firmas mais líquidas e com maior capitalização, mas quando uma firma quebra ou sai do índice, ela deixa de ser considerada na conta. Isso significa que o índice, por construção, não reflete todas as histórias de fracasso do mercado, só as sobreviventes e vencedoras do momento.
”Por isso, quando olhamos para os índices, vemos um movimento puxado principalmente por poucos vencedores, enquanto muitas firmas individuais geram prejuízos ou retornos medianos. Esse padrão é observado não só no Brasil, mas também nos EUA e em outros mercados”, falou.
Quem estuda isso a fundo isso no cenário global é o pesquisador e professor Hendrik Bessembinder, da Arizona State University, baseada nos EUA. Há alguns anos, ele publicou um estudo sobre os retornos de 64 mil ações globais (387 do Brasil) entre 1990 e 2000. Resultado? Menos da metade entregou retornos positivos e o grau de riqueza ficou concentrando em poucos nomes.
”Descobrimos que os 2,4% das firmas com melhor desempenho são responsáveis por todos os US$ 75,7 trilhões em criação líquida de riqueza no mercado de ações global entre 1990 e dezembro de 2020”, escreveu o professor em seu estudo.
As ações que superaram Ibovespa em diferentes períodos
Mas afinal, quais são essas ações locais que consistentemente superam o Ibovespa? E o que esse comportamento revela sobre investir no mercado acionário no Brasil e no restante do mundo? Veja a seguir os 10 papéis que ganharam do índice em diferentes períodos. Mas aqui vai um disclaimer: a performance passada de um papel não é uma boa garantia de desempenho futuro.
”Embora olhar o histórico possa ajudar a entender a resiliência da firma em diferentes cenários, ele não diz tudo – e, muitas vezes, diz até pouco. O que realmente importa são os fundamentos atuais e as perspectivas futuras: capacidade de geração de caixa, posição competitiva, qualidade da gestão, alavancagem e, claro, o preço pago”, disse Ricardo Schweitzer, sócio-fundador da Garoa Wealth Management.
10 ações que superaram o Ibovespa em um ano
Ação | Retorno 12 meses (%) | Pontos percentuais acima do Ibov |
Marfrig (MRFG3) | 137,63 | 129,41 |
Embraer (EMBR3) | 70,28 | 62,06 |
Direcional (DIRR3) | 62,82 | 54,61 |
JBS (JBSS3) | 61,99 | 53,77 |
Porto Seguro (PSSA3) | 61,93 | 53,71 |
Sabesp (SBSP3) | 58,67 | 50,45 |
Lojas Renner (LREN3) | 44,34 | 36,12 |
Totvs (TOTS3) | 44,12 | 35,90 |
Cogna (COGN3) | 39,78 | 31,57 |
Copel (CPLE6) | 38,34 | 30,12 |
10 ações que superaram o Ibovespa em 5 anos
Ação | Retorno 5 anos (%) | Pontos percentuais acima do Ibov |
Embraer (EMBR3) | 920,63 | 854,56 |
Petrorio (PRIO3) | 623,89 | 557,82 |
Direcional (DIRR3) | 475,02 | 408,96 |
Petrobras (PETR4) | 462,92 | 396,85 |
Petrobras (PETR3) | 433,47 | 367,41 |
Santos Brasil (STBP3) | 411,88 | 345,82 |
Cemig (CMIG4) | 296,53 | 230,46 |
Marcopolo (POMO4) | 289,75 | 223,68 |
Banco BTG Pactual (BPAC11) | 276,19 | 210,12 |
Copel (CPLE6) | 236,57 | 170,51 |
10 ações que superaram o Ibovespa em 10 anos
Ação | Retorno 10 anos | Pontos percentuais acima do Ibov |
Petrorio (PRIO3) | 8.592,98 | 8.442,80 |
Direcional (DIRR3) | 1.054,52 | 904,34 |
Marfrig (MRFG3) | 835,62 | 685,44 |
SLC Agricola (SLCE3) | 796,88 | 646,69 |
Bradespar (BRAP4) | 780,86 | 630,67 |
Petrobras (PETR4) | 764,90 | 614,72 |
Sabesp (SBSP3) | 689,40 | 539,21 |
Eletrobras (ELET3) | 681,24 | 531,05 |
Weg (WEGE3) | 678,90 | 528,71 |
Copel (CPLE6) | 661,40 | 511,21 |
Leia também: WEG (WEGE3) – quais as perspectivas para ação em meio a tempos incertos?
10 ações que superaram o Ibovespa em 15 anos
Ação | Retorno 12 meses | Pontos percentuais acima do Ibov |
Equatorial (EQTL3) | 2.635,53 | 2.506,71 |
Weg (WEGE3) | 2.383,67 | 2.254,85 |
Sabesp (SBSP3) | 1.495,56 | 1.366,74 |
SLC Agricola (SLCE3) | 1.062,07 | 933,25 |
Porto Seguro (PSSA3) | 1.053,68 | 924,87 |
Energisa (ENGI11) | 955,48 | 826,67 |
Localiza (RENT3) | 909,94 | 781,13 |
JBS (JBSS3) | 901,90 | 773,08 |
RaiaDrogasil (RADL3) | 896,86 | 768,05 |
Copel (CPLE6) | 852,00 | 723,19 |
10 ações que superaram o Ibovespa em 20 anos
Ação | Retorno 12 meses | Pontos percentuais acima do Ibov |
Localiza (RENT3) | 5.504,72 | 5.042,45 |
Marcopolo (POMO4) | 3.844,36 | 3.382,08 |
Sabesp (SBSP3) | 3.763,97 | 3.301,70 |
Porto Seguro (PSSA3) | 3.588,07 | 3.125,79 |
Copel (CPLE6) | 2.862,07 | 2.399,80 |
Isa Energia (ISAE4) | 2.207,01 | 1.744,73 |
Itausa (ITSA4) | 2.012,81 | 1.550,54 |
Banco do Brasil (BBAS3) | 1.850,48 | 1.388,20 |
Itaú Unibanco (ITUB4) | 1.593,63 | 1.131,35 |
CPFL Energia (CPFE3) | 1.515,51 | 1.053,23 |
Leia também: Ações mais indicadas para junho: Itaú lidera, enquanto BB “some” das carteiras
O que isso significa para o investidor?
O professor Bessembinder, em seu estudo sobre os ganhos de ações no longo prazo, disse que investidores que não conseguem identificar essas ações com antecedência podem ter melhores resultados ao investir em índices passivos amplos. Já aqueles com uma real vantagem para selecionar os papéis vencedores podem se beneficiar da escolha ativa de ações. Parte dos analistas locais concorda.
”Tudo depende da estratégia de investimento de cada pessoa e do nível de conhecimento no mercado de ações. Comprar uma cesta completa do Ibovespa, como por exemplo, no BOVA11 – um ETF com gestão passiva – traz uma diversificação maior e, teoricamente, menos volatilidade”, disse Felipe Sant’Anna, analista da Axia Investing.
”Quando o investidor já tem algum conhecimento, pode montar sua própria carteira, selecionando os principais papéis da B3, em setores bem distribuídos, gerando maior confiança por se tratarem de firmas sólidas”, completou.
Para George Sales, coordenador do mestrado em Controladoria e Finanças na Fipecafi, se o investidor deseja montar uma carteira sozinho, vale adotar algumas abordagens clássicas na escolha, de modo a reduzir os possíveis erros.
Entre elas estão ”olhar para os fundamentos da firma, investir em companhias com modelos sustentáveis, montar um portfólio com nomes de diferentes setores e perfis e priorizar firmas consistentes, que costumam oferecer melhores retornos do que as ‘modinhas’ do momento”.
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Autor: lucasgmarins