As empresas da Bolsa brasileira que ganham com o alívio no tarifaço de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, removeu na quinta-feira (20) a tarifa adicional de 40% aplicada a diversos produtos brasileiros exportados para o mercado americano, incluindo cortes selecionados de carne bovina e café.
A lista de exceções ao tarifaço, que já contava com 700 nomes, agora tem mais de 900 produtos. O Estadão criou uma ferramenta para facilitar a pesquisa dos itens isentos. Confira aqui.
Na semana passada, Trump já havia assinado uma ordem executiva que retirou a tarifa recíproca de 10% sobre a importação de produtos como carne bovina, banana, café e tomate.
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Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avalia que os exportadores brasileiros poderão voltar a competir em condições mais equilibradas com outros países que tiveram suas tarifas reduzidas nos últimos dias. “A decisão devolve visibilidade ao agro exportador, beneficiando especialmente o complexo de proteínas, o setor de cafés especiais e as firmas com maior exposição ao mercado externo, em particular aos EUA”, afirma.
O humor do Ibovespa nesta sexta-feira (21), no entanto, não acompanha a decisão. O índice recuou 0,39% aos 154.770 pontos. “Hoje o mercado caiu refletindo um movimento mais amplo de aversão ao risco em nível global”, explica Bruno Perri, economista-chefe, estrategista de investimentos e sócio-fundador da Forum Investimentos.
Ele pondera, porém, que, passada a correção do índice, expectativas mais favoráveis para as firmas afetadas podem voltar a impulsionar o humor da Bolsa. Eventuais novas rodadas de flexibilização tarifária pelo governo dos EUA também tendem a reforçar esse movimento.
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Ainda assim, as tarifas estão longe de serem o único vetor de volatilidade do Ibovespa. A trajetória dos juros globais, o comportamento das commodities e o cenário fiscal doméstico seguem entre os principais fatores que devem ditar o desempenho do índice no curto prazo.
Quem ganha e quem ainda perde com as tarifas de Trump
Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP, afirma que as firmas beneficiadas são, principalmente, as agroexportadoras. Nesse contexto, destacam-se frigoríficos com atuação no setor de pecuária. “Companhias relacionadas ao mercado de café e a outros produtos agropecuários, que contribuem para a pauta de exportações ao mercado norte-americano, também serão impactadas”, acrescenta.
No caso da carne bovina, analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI apontam que a oferta restrita de gado nos Estados Unidos deve sustentar a demanda por proteína brasileira, reforçada pelo diferencial de preços entre os mercados. Somado a isso, o alívio no tarifaço tende a melhorar spreads de exportação (diferenças entre os custos e os preços de venda) para frigoríficos com maior exposição ao mercado norte-americano.
As casas avaliam que a Minerva (BEEF3) deve ser a principal beneficiária da decisão, já que 21% de suas vendas no terceiro trimestre tiveram como destino o mercado americano. A JBS (JBSS32) – firma preferida do BBI e da Ágora no setor de proteínas – e a MBRF (MBRF3) também podem ser favorecidas.
Para o café, os analistas acreditam que a normalização das exportações deve aliviar a escassez no mercado internacional, reduzindo parte da pressão sobre preços, embora o balanço global siga apertado. Internamente, a expectativa é de que os preços mantenham patamar elevado, com redução do desconto frente à CBOT (Chicago Board of Trade, uma das principais Bolsas de commodities do mundo), sustentando margens acima da média histórica.
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“Esse cenário deve ser favorável para players como Camil (CAML3) em 2026, com um ambiente de preços ainda construtivo para o setor”, afirmam os analistas José Ricardo Rosalen, da Ágora, e Henrique Brustolin, do BBI.
Segundo estimativas da XP, 55,4% das exportações brasileiras para a economia americana estão agora isentas da tarifa adicional de 40%, em comparação com 44,6% sob a medida inicial publicada em 30 de julho.
Embora a lista de produtos isentos das tarifas seja grande, setores industriais seguem penalizados na pauta de exportações do Brasil para os EUA. “Os destaques vão para os segmentos de siderurgia – que na Bolsa são representadas por Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) – e bens de capital, como Weg (WEGE3), Marcopolo (POMO4), Randon (RAPT4) e Tupy (TUPY3)“, destaca Bruno Issa, sales de renda variável da InvestSmart XP.
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Autor: Beatriz Rocha

