A inteligência artificial deu um passo decisivo na indústria do varejo ao vivo na China. Em uma transmissão recente, um avatar digital do influenciador Luo Yonghao arrecadou mais de R$ 738 milhões em apenas seis horas, superando performances anteriores feitas por ele mesmo em transmissões ao vivo tradicionais.
A live foi realizada no último domingo (15), na plataforma de vendas Youxuan, do grupo Baidu. Luo, um dos criadores de conteúdo mais populares do país, não precisou comparecer fisicamente ao evento. Em vez disso, um “gêmeo digital” criado com base em cinco anos de vídeos seus assumiu a apresentação ao lado de outro avatar chamado Xiao Mu.
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O resultado monetário da transmissão superou de longe o desempenho da live realizada no mês anterior pelo influenciador sem o uso de inteligência artificial, indicando o potencial disruptivo da tecnologia.
IA substitui estúdios, produção e descanso
Os avatares foram desenvolvidos por meio do modelo de IA generativa do Baidu, similar ao DeepSeek, e programados para reproduzir as piadas, entonações e estilo de fala de Luo.
Segundo Wu Jialu, líder de pesquisa da Be Friends Holding (agência do influenciador), essa tecnologia marca uma revolução comparável ao impacto que os primeiros grandes modelos de IA causaram no mercado monetário.
Além da performance comercial, o uso de humanos digitais promete redução drástica de custos: não há necessidade de estúdios, equipes de gravação ou pausas para alimentação. As transmissões podem ser contínuas e escaláveis. “O efeito humano digital me assustou. Estou um pouco atordoado”, disse Luo a seus 1,7 milhão de seguidores no Weibo.
Apesar de testes anteriores com avatares não terem dado retorno, desta vez o sucesso foi incontestável. Wu admitiu que a equipe sempre foi cética quanto ao potencial dessas figuras digitais, mas os números mudaram a percepção.
E-commerce chinês se reinventa com lives
As lives comerciais ganharam força na China especialmente após a pandemia, criando novos canais de relacionamento entre marcas e consumidores. A Douyin, versão chinesa do TikTok, já se tornou a segunda maior plataforma de e-commerce do país, ultrapassando a gigante JD.com.
Especialistas alertam, no entanto, para um possível efeito colateral: a alta taxa de devolução. Como as compras são muitas vezes feitas por impulso durante as transmissões, consumidores tendem a se arrepender após a finalização do pedido.
Mesmo assim, o mercado chinês parece pronto para uma nova etapa — em que humanos digitais podem não apenas entreter, mas também bater metas de vendas que influenciadores reais não alcançavam.
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Autor: Marina Verenicz
