BBAS3: Itaú BBA corta preço-alvo, vê pressão além do agro e prega cautela para ações


As ações do Banco do Brasil (BBAS3) seguem no olho do furacão do mercado em meio aos resultados fracos e possíveis consequências sobre as ações envolvendo a Lei Magnitsky. No acumulado do ano, as ações BBAS3 registram queda de cerca de 26%.
O Itaú BBA apontou ser importante manter a cautela com o nome e manteve recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para o ativo, ainda que reduzindo o preço-alvo de R$ 25 para R$ 23, um potencial de alta de 13% frente o fechamento de quarta-feira.
A equipe de analistas do BBA, liderada por Pedro Leduc, aponta que o BB tem sido um dos nomes mais discutidos em sua cobertura. O “valor” com base no múltiplo de preço/lucro (0,6 vez) chama a atenção, mas o argumento se limita a isso.
“A visibilidade dos lucros permanece baixa, mesmo para os otimistas. Recomendamos paciência, pois prevemos lucros pressionados nos próximos trimestres”, aponta. Para os analistas, o ângulo do “valor” se dissipa quando se considera o momentum fraco, um P/L de 5x (vezes) em 2026 ou rendimentos de dividendos de apenas 4-5%.
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Além disso, as questões agrícolas amplamente discutidas que motivaram as revisões iniciais para baixo dos lucros ainda estão sendo abordadas. O BBA ainda prevê maiores despesas com provisão em crédito para PMEs (pequenas e médias firmas) e pessoas físicas, sendo que parte da deterioração nesses dois segmentos foi contida por meio de altos níveis de renegociações.
Soma-se a isso a indicação de que a desaceleração macroeconômica em um ambiente de alta Selic deve desencadear o surgimento de NPLs (inadimplência) ao longo do segundo semestre de 2025 e o ano de 2026.
“Considerando a perspectiva mais fraca para a carteira de crédito, margem financeira líquida (NII) e custos de provisão, estamos reduzindo nossas estimativas para o ano fiscal de 2025/2026 em 18/20%, abaixo do limite inferior da projeção”, avalia, enquanto aponta que o ROE (Retorno sobre o patrimônio) deve ficar abaixo do custo do capital próprio também para o ano fiscal de 2026, justificando o desconto em relação ao valor contábil.
O banco tem o Bradesco (BBDC4) como nome preferido entre os grandes bancos brasileiros, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra).
Pressão além do agro
Os analistas projetam que as pressões sobre o custo do crédito persistirão além do Agro. Os custos do crédito no Agro (cerca de 1/3 do total da carteira) foram a principal surpresa negativa para os lucros deste ano e não esperam que diminuam em breve.
“As margens do produtor não melhoraram e o crédito ficou mais caro. A carteira de crédito renovada (16% do total versus uma média de 5% em 10 anos) apresenta um risco de inadimplência de crédito reprimido. Isso indica que uma grande parcela dos créditos (cerca de R$ 36 bilhões ou 80% do saldo total de NPLs) poderia ter se tornado NPLs se não fosse renovada, considerando a parcela acima da média que foi postergada. Dada a baixa visibilidade na carteira, provavelmente veremos provisões significativas desta carteira impactando os resultados futuros”, avaliam os analsitas.
A próxima janela de pagamento ao produtor rural que pode apresentar melhor cobrança de crédito será no primeiro e segundo trimestres de 2025. Além do Agronegócio, também há pressões acumuladas de NPLs emergindo das carteiras de PMEs e Varejo. A maior parte do crescimento dos empréstimos renegociados veio de pessoas físicas (8% do total versus 6% do total no segundo trimestre de 2023) e PMEs (12% do total vs. 9% do total no segundo trimestre de 2023). “Observamos uma abordagem diferente de outras operadoras, que não apresentam essas tendências”, aponta a equipe do BBA.
A recente mudança nas baixas contábeis também deve diluir parte das provisões, pressionando ainda mais os números do ano fiscal de 2026. Portanto, mesmo com a melhora do setor agropecuário em 2026, o BB provavelmente precisará aumentar as provisões para pessoas físicas e PMEs no próximo ano.
“Mantemos níveis elevados de provisão para o ano fiscal de 2026, em R$ 56 bilhões, contra R$ 59 bilhões no ano fiscal de 2025”, destaca.
Já a redução de risco da carteira deverá pressionar as estimativas para o ano fiscal de 2026. O BB reduziu sua projeção de crescimento da carteira de crédito de 7,5% para os atuais 4,5% no centro do ano fiscal de 2025, implicando uma desaceleração em relação ao ritmo de 10% observado no primeiro semestre de 2025.
“Também esperamos um crescimento modesto de 6% para 2026. Os ajustes de carteira são atualmente mais pronunciados no segmento agropecuário e continuarão por algum tempo. No entanto, também prevemos redução de risco em PMEs e pessoas físicas, o que deve representar obstáculos para o ano fiscal de 2026”, avaliam os analistas, ressaltando que o mix da carteira provavelmente se inclinará para clientes e produtos com spreads mais baixos, embora o BB possa trabalhar com spreads mais altos para os mesmos produtos.

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Embora reconheça que a redução de risco seja a abordagem correta, o BBA avalia que ela inevitavelmente levará a: 1) um ponto de partida menor para a carteira de crédito em 2026; 2) pressões sobre a margem financeira líquida (NII); 3) desaceleração da receita de tarifas; e 4) pressões sobre a eficiência.
O BBA reitera, assim, uma visão cautelosa, reduzindo as estimativas para os anos fiscais de 2025/2026 em 18%/20%, para R$ 20/24 bilhões, devido à menor NII e ao maior custo de risco. Para eles, os problemas de qualidade de ativos geralmente não são resolvidos rapidamente, dado o tamanho e a duração da carteira.
“Acreditamos que o ano fiscal de 2026 será mais um ano de ajustes, com os lucros se recuperando apenas gradualmente para R$ 24 bilhões (12% de ROE). Esperamos que o banco aproxime os retornos do custo do capital próprio apenas em 2027. A qualidade dos lucros ajustados reportados também é baixa, com grande parte proveniente de atividades bancárias não essenciais”, avalia.
O BBA aponta que, dado o fraco momento dos lucros e a baixa visibilidade, o valuation parece justo e o dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) de 4-5% também é pouco atrativo em relação a outros bancos, enquanto o BB deve manter o dividend payout (dividendo em relação ao lucro) em cerca de 30% também no próximo ano. “Acreditamos nas perspectivas de longo prazo do banco, mas preferimos aguardar”, avalia.
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Autor: Lara Rizério