Bolsonaro chama defensores de intervenção militar de “malucos” no STF


O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu nesta terça-feira (10) o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre sua percepção dos defensores de intervenção militar. O ex-presidente, sexto réu a depor na ação penal que envolve 31 pessoas, chamou de “malucos” aqueles que defendiam AI-5 e ação militar, tentando se distanciar de qualquer narrativa golpista.
O caso investiga uma suposta conspiração para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como figura central da trama, que teria envolvido militares de alta patente e autoridades do governo federal.

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“Malucos” com ideias de intervenção
Durante suas declarações, Bolsonaro tentou se distanciar de apoiadores radicais que defendiam ações antidemocráticas. “Tem sempre maluco que fica com ideia de intervenção militar”, afirmou o ex-presidente, numa aparente tentativa de desqualificar vozes extremistas em seu entorno.
Bolsonaro complementou: “Agora, tem sempre os malucos com ideia de AI-5 e intervenção militar. As Forças Armadas jamais embarcariam nessa”. A declaração busca demonstrar que tanto ele quanto os militares rejeitavam propostas de ruptura institucional.
O ex-presidente também negou ter “torcido para o pior acontecer”, alegando que por isso desmobilizou os caminhoneiros que bloqueavam estradas após sua derrota eleitoral. “Talvez, pela minha figura, o pessoal não fez absurdo”, declarou, sugerindo que sua influência teria evitado atos mais graves.
Documento golpista no PL
O ex-presidente também forneceu explicação sobre um documento encontrado pela Polícia Federal em seu gabinete na sede do PL. O texto esboçava um discurso presidencial em caso de golpe, representando uma das evidências mais comprometedoras da investigação.
“Alguém pegou em algum lugar esse discurso aí”, declarou Bolsonaro, tentando se distanciar da autoria do documento. O ex-presidente alegou que recebeu o texto de seu advogado, Paulo Amador, que o havia extraído dos autos do inquérito.
A explicação busca caracterizar o documento como material de defesa, não como plano operacional. No entanto, a presença de um esboço de discurso golpista no gabinete do ex-presidente levanta questões sobre suas reais intenções no período pós-eleitoral.
“Só sente saudade de quem vai embora”
Para reforçar sua negação sobre cogitar um golpe, Bolsonaro recorreu a uma declaração feita após a eleição. O ex-presidente lembrou que fez um pronunciamento à imprensa em que disse que a população “sentiria saudade” dele.
“Só sente saudade de alguém quando alguém vai embora”, afirmou Bolsonaro, apresentando essa frase como prova de que sempre teve intenção de deixar o poder. A argumentação busca demonstrar que suas palavras indicavam aceitação da derrota, não resistência ao resultado.
Transição “pacífica”
Bolsonaro também destacou sua colaboração com a transição para o governo Lula, que classificou como “pacífica”. A declaração tenta construir uma imagem de estadista responsável, que teria facilitado a transferência de poder apesar das divergências políticas.
No entanto, essa versão contrasta com sua ausência na cerimônia de posse e com evidências coletadas pela investigação sobre reuniões e documentos que sugeriam resistência à transição de poder.
Estratégia de distanciamento
O depoimento de Bolsonaro revelou uma estratégia clara de distanciamento de elementos radicais e ações antidemocráticas. Ao chamar defensores de intervenção de “malucos” e negar autoria de documentos comprometedores, o ex-presidente busca se apresentar como moderado.
Essa abordagem contrasta com o tom de suas declarações durante o período pós-eleitoral, quando frequentemente questionava o resultado das urnas e fazia declarações que alimentavam teorias conspiratórias entre seus apoiadores.
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Autor: Marina Verenicz