Bolsonaro diz ficar “arrepiado” quando se fala que o 8/1 foi uma tentativa de golpe


O Supremo Tribunal Federal (STF) é palco nesta terça-feira (10) do interrogatório de Jair Bolsonaro sobre os eventos de 8 de Janeiro de 2023 e da suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente, sexto réu a depor na ação penal que envolve 31 pessoas, negou categoricamente qualquer ruptura institucional.
Durante seu depoimento, Bolsonaro fez uma declaração de princípios sobre sua relação com o poder. “Fizemos nossa parte, dei tudo de mim na Presidência, mesmo não esperando me eleger presidente. Eu não tenho obsessão pelo poder, tenho paixão pelo Brasil”, afirmou o ex-presidente.
A declaração busca construir uma imagem de estadista desapegado do cargo, contrastando com as acusações de que teria tramado para permanecer no poder após a derrota eleitoral.
Bolsonaro complementou: “Obviamente não gostaria de ser condenado, entendo que nada que estão me acusando procede. Espero um procedimento isento”.
8 de Janeiro: “pobres coitados” sem liderança
Sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro adotou um tom de distanciamento e minimização. “8 de Janeiro não preenche os requisitos de golpe”, declarou categoricamente, negando qualquer caracterização golpista dos eventos.
O ex-presidente disse ficar “até arrepiado” quando se fala que o 8 de Janeiro foi uma tentativa de golpe de Estado e chamou os bolsonaristas que invadiram as instituições de “pobres coitados”. A expressão revela como Bolsonaro enxerga seus apoiadores: como vítimas manipuladas, não como agentes conscientes de atos antidemocráticos.
Sobre os acampamentos em frente aos quartéis, Bolsonaro afirmou que os manifestantes “estavam se desmobilizando”, mas que “estranhamente, 100 ônibus chegaram na véspera”.
“Eu não consigo entender o que estavam fazendo aquelas pessoas, naquele momento ali. Não tinha liderança”, declarou, tentando se distanciar da organização dos atos.
Golpe seria “abominável” e “imprevisível”
Bolsonaro ainda fez uma reflexão sobre a natureza dos golpes de Estado. “Golpe é uma coisa abominável. O golpe até seria fácil começar. O after day que é simplesmente imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa”, afirmou.
“E não foi sequer cogitado essa hipótese de golpe no meu governo”, concluiu Bolsonaro, numa negação categórica que contrasta com evidências e depoimentos coletados pela investigação. A declaração sugere conhecimento sobre as consequências de rupturas institucionais, mas nega qualquer intenção de promovê-las.
“Sou apaixonado pelo general Heleno”
O momento mais inusitado do interrogatório ocorreu quando Moraes questionou Bolsonaro sobre uma suposta convocação urgente do general Augusto Heleno em 17 de dezembro de 2022. “Senhor ministro, eu sou apaixonado pelo general Heleno, confesso”, respondeu o ex-presidente, demonstrando proximidade emocional com o ex-ministro.
Bolsonaro negou se lembrar da reunião específica, apesar de ela ter sido confirmada tanto por Heleno quanto pelo comandante da Marinha, que teria dado carona ao general em avião da FAB.
O ex-presidente tentou minimizar a urgência da convocação com uma comparação jocosa: “por vezes também dá a desculpa de que a sogra está chamando” para fugir de eventos.
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Autor: Marina Verenicz