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Brasil entra na rota da japonesa Hitachi no bilionário mercado de dados da América Latina

O executivo Adrian Johnson desembarcou no início deste mês em São Paulo com uma missão: entender de perto como a América Latina se tornou a região de crescimento mais acelerado da Hitachi Vantara, braço de infraestrutura tecnológica e gestão de dados do conglomerado japonês Hitachi.

É a primeira visita do australiano desde que assumiu o comando das Américas — função que se soma à sua liderança sobre a Ásia-Pacífico, responsável por 70% do negócio global da companhia. A passagem pelo Brasil, diz ele, foi mais do que protocolar: uma tentativa de compreender o que explica o dinamismo latino-americano. “É um país de oportunidades, diversidade e energia impressionantes”, afirmou ao InvestNews.

Embora persista a ideia de que a América Latina estaria apenas iniciando seu ciclo de digitalização depois de países mais desenvolvidos, Johnson discorda e diz que o ambiente econômico é hoje o maior atrativo da região. 

“Não vejo a América Latina como atrasada [tecnologicamente], vejo como uma oportunidade”, avalia o executivo. “A transformação digital e a era da IA estão nivelando o campo de jogo, e a região tem um capital humano jovem e preparado para essa nova fase.”

A Hitachi encerrou o ano fiscal de 2024, em março, com receita global de 9,78 trilhões de ienes (cerca de US$ 70 bilhões). A divisão que engloba a Vantara e outros negócios digitais foi responsável por 2,83 trilhões de ienes (cerca de US$ 20 bilhões), o equivalente a cerca de 30% do total.

Adrian Johnson e Daniel Scarafia, executivos da Hitachi Vantara (Divulgação)

Fundada em 1910, a Hitachi é um dos maiores conglomerados industriais e tecnológicos do Japão. Suas operações vão de trens e sistemas elétricos a softwares e infraestrutura de dados.

Nos últimos anos, o grupo vem migrando de uma base industrial tradicional para o conceito de “firma digital-industrial”, conectando seus negócios físicos à plataforma global Lumada — um ecossistema que integra dados e inteligência em todas as áreas da companhia e abrange a Hitachi Vantara, dedicada à gestão e infraestrutura de dados corporativos.

É dentro dessa unidade que a Hitachi busca se consolidar para além do perfil de gigante da engenharia pesada, posicionando-se também como fornecedora global de tecnologia e inteligência de dados.

Espinha dorsal

O negócio da Vantara é operar a infraestrutura que mantém o fluxo de dados corporativos em funcionamento — de sistemas de armazenamento usados por bancos, operadoras e governos a plataformas que integram informações espalhadas entre servidores e nuvens.

Essas soluções formam o alicerce de boa parte da economia digital, garantindo que informações críticas, como transações financeiras, registros de clientes ou históricos médicos, estejam sempre disponíveis e seguras.

A companhia também oferece serviços de gerenciamento e análise de dados que transformam informações brutas em inteligência estratégica, ajudando firmas a tomar decisões mais precisas e a gerar novas receitas.

Enquanto o mercado global de armazenamento de dados deve movimentar US$ 255 bilhões em 2025, segundo a Fortune Business Insights, a América Latina já concentra um mercado de cerca de US$ 7 bilhões, que pode dobrar até o fim da década, de acordo com projeções da Research and Markets. 

No Brasil, o segmento de storage para data centers deve alcançar US$ 850 milhões em 2025, dentro de um ecossistema doméstico avaliado em quase US$ 3 bilhões, segundo dados da Mordor Intelligence. O avanço ajuda a explicar por que o país entrou no radar estratégico da Hitachi — um mercado de bilhões crescendo em ritmo de dois dígitos.

E gigantes como Dell Technologies, IBM, NetApp e Pure Storage disputam esse espaço, adaptando suas soluções à era do big data e da IA generativa.

Crescimento de 20%

Segundo Daniel Scarafia, vice-presidente da Hitachi Vantara para a América Latina, o negócio regional deve encerrar o exercício fiscal de 2025 (que termina em março de 2026) com crescimento superior a 20%. A firma não divulga números específicos sobre a operação na região.

Scarafia atribui o resultado à maturação digital das companhias locais e à retomada dos investimentos de longo prazo em tecnologia. “Depois de anos explicando que certos investimentos precisavam ter uma visão de longo prazo, agora vemos as firmas colocando dinheiro nisso”, afirma.

“Há também um componente geopolítico: muitas companhias preferem investir localmente para proteger seus ativos, e isso tem impulsionado o mercado.”

Sede administrativa da Hitachi Vantara
Sede administrativa da Hitachi Vantara (Divulgação)

O crescimento da Hitachi ocorre em meio a uma corrida mundial por infraestrutura de dados. Com firmas de todos os setores acelerando a digitalização e adotando inteligência artificial, cresce a demanda por sistemas capazes de armazenar e processar volumes cada vez maiores de informação.

“O dado é o novo capital das firmas”, resume Scarafia. “E nosso papel é garantir que esse capital esteja sempre acessível, íntegro e seguro.”

Estratégia “glocal”

A expansão da Vantara na América Latina se apoia numa estrutura “glocal” — tecnologia global, execução local. A divisão da Hitachi mantém equipes próprias e escritórios em todos os países da região e aposta em parceiros de canal locais para adaptar suas soluções às particularidades de cada mercado.

O Brasil é um dos principais mercados, seguido por México, Argentina e Colômbia, enquanto Chile aparece logo atrás. “O conhecimento de mercado e as relações locais são tão importantes quanto a tecnologia”, afirma Johnson. 

“Todos os países têm as mesmas necessidades digitais, independentemente do número de data centers”, acrescenta Scarafia. “Bancos, telecomunicações e varejo são os setores que mais demandam infraestrutura.”

A aposta da companhia é que essa combinação de presença local e tecnologia global posicione a Hitachi para capturar a próxima onda de investimentos digitais na região – o que deve garantir mais visitas do alto comando da firma ao Brasil.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Rikardy Tooge

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