BRF e Marfrig correm contra o tempo e pedem sessão extraordinária no Cade para aprovar fusão
No dia 15 de maio, quando Marcos Molina e as diretorias de BRF e Marfrig anunciavam a fusão à imprensa, o InvestNews perguntou se as firmas previam levar a operação para análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o órgão responsável por analisar e permitir a criação de grandes conglomerados, como é o caso da proposta da multibilionária MBRF Global Foods.
De imediato, os executivos foram uníssonos: não haveria necessidade de mais uma análise. O entendimento era que o Cade já havia analisado a compra do controle da BRF pela Marfrig e também já aprovado o investimento do fundo saudita Salic na dona da Sadia e Perdigão.
Mas a expectativa se mostrou otimista demais. Semanas depois, as firmas levaram a operação para a análise da autarquia, que acabou se tornando o maior obstáculo à conclusão da fusão, mesmo após o aval dos acionistas.
Nesta quarta-feira (3), BRF e Marfrig protocolaram uma petição urgente, pedindo uma sessão extraordinária do colegiado do Cade em até 24 horas para formalizar a aprovação da operação — sob argumento de que já há maioria clara e unanimidade encaminhada. Na sessão do dia 20 de agosto, conselheiro Carlos Jacques havia pedido vistas, mas decidiu apoiar a fusão em um voto apresentado nesta quarta — mas que foi rejeitado pelo presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, que solicitou que o item fosse discutido apenas na próxima reunião, prevista para o dia 10.
Mas BRF e Marfrig têm pressa: alegam que o prazo para direito de recesso dos acionistas da BRF termina nesta sexta-feira (5). Sem decisão, portanto, muitos podem sair, exigindo provisão de recursos bilionários e gerando instabilidade no caixa e no mercado.
“A postergação da decisão frustra expectativas legítimas do mercado, gera insegurança jurídica e impõe custos bilionários às companhias”, afirmaram BRF e Marfrig na petição.
As disputas no Cade
A tramitação no Cade acabou sendo muito acirrada. A concorrente Minerva Foods recorreu com receio de concentração e apontou risco concorrencial via Salic (que tem 24,49% da Minerva e 11,03% da BRF). A gestora Latache (do Fundo Nova Almeida) reforçou os questionamentos à governança.
Por outro lado, a Marfrig acusou Minerva de boicotar fornecimentos; a BRF argumentou que o controle já estava sob Marcos Molina desde 2021. A Salic rebateu as suspeitas, diz ser investidor passivo e classificou as preocupações como “hipotéticas”.
Esse embate levou o presidente do Cade a sugerir rito ordinário, mais demorado, mas a maioria dos conselheiros preferiu manter o rito sumário e que agora tem maioria absoluta pela aprovação, mas sem a chancela formal por conta dos ritos do Cade.
Agora, as firmas de Molina correm contra o tempo para garantir que a criação da MBRF Global Foods, uma gigante com mais de R$ 150 bilhões de faturamento anual, finalmente saia do papel.
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Autor: Rikardy Tooge