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Com derrocada do petróleo, junior oils podem enfrentar maior teste desde 2021

Crédito: Adobe Stock Photo

Com o petróleo do tipo Brent abaixo de US$ 65 o barril, as petroleiras independentes brasileiras — conhecidas como “junior oils” — Brava Energia, PetroReconcavo e Prio — enfrentam uma inédita pressão de margem.

O Brent, que é a referência global de preços do óleo, não registrava preços abaixo de US$ 65 desde 13 de abril de 2021, quando o mundo enfrentava os efeitos negativos da pandemia.

Nesta segunda-feira (7), o petróleo encerrou o dia cotado a US$ 64,21 o barril. Desde 2 de abril, quando Trump anunciou seu tarifaço, o petróleo acumula uma queda de 14,3%.

Ainda é cedo para dizer que esse vai ser o novo patamar de preços do petróleo. Mas o temor de uma recessão prolongada como consequência do tarifaço já trouxe pressão sobre os papéis das petroleiras. É importante lembrar que as produtoras de petróleo trabalham com uma composição de preços – uma média – ao longo do ano. Logo, o principal temor agora é de as cotações se estabilizarem abaixo dos US$ 70.

Desde o anúncio do novo pacote tarifário pelos Estados Unidos, na última quarta-feira, as ações das principais petroleiras independentes brasileiras registraram perdas expressivas: Brava Energia recuou 19,1%, PetroReconcavo caiu 15,6% e Prio acumulou queda de 12,8%.

“As decisões de investimento não mudam com a volatilidade do preço spot, mas sim com mudanças estruturais no mercado”, lembra Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Mas, quanto mais barato o Brent, menos projetos se sustentam — e, para uma junior, esse impacto é proporcionalmente maior do que para uma grande petroleira.”

Em uma avaliação inicial, Prio e PetroReconcavo devem ser mais resilientes ao cenário por terem operações mais maduras e margens mais confortáveis. Já a Brava Energia, criada em meados do ano passado a partir da fusão entre 3R e Enauta, tem uma perspectiva mais complexa diante de um custo operacional mais alto e o processo de integração dos ativos.

“Mesmo que o Brent se estabilize na faixa de US$ 65 ao longo deste ano, firmas como PetroReconcavo e Prio vão continuar gerando bastante caixa. Não há uma mudança relevante nos fundamentos”, diz Lucas Lima, da VG Research. “O mesmo não podemos dizer da Brava, que está em um momento operacional e monetário um pouco mais complexo.”

Impacto nas operações

Olhando para os balanços mais recentes das juniors brasileiras, referentes a 2024, alguns indicadores mostram um pouco do desafio.

O principal deles é a margem operacional (Ebitda): a da Brava Energia caiu 11,7 pontos para 25,9% no último trimestre do ano passado. Já a PetroReconcavo viu sua margem recuar 5,3 pontos para 48,5%, enquanto a Prio encerrou o ano passado com margem de 62%, ainda a mais alta entre as independentes, mas 18 pontos abaixo na comparação com igual período de 2023.

“Considerando um cenário de Brent a US$ 65, a Brava é o player mais exposto. Já a Prio é a que conseguiria navegar razoavelmente bem nesse cenário”, diz João Abdouni, analista da Levante.

A Brava Energia registrou lifting cost — o custo para extrair cada barril de petróleo — de US$ 17,50 por barril no período. A PetroReconcavo, com operações predominantemente onshore (em terra firme) e custos de extração também na casa dos US$ 14,52 por barril.

No caso da Prio, focada em ativos offshore (em alto-mar) — onde tradicionalmente os custos operacionais são mais elevados —, a companhia conseguiu reduzir seu lifting cost para US$ 11,10 por barril no quarto trimestre de 2024, refletindo ganhos de eficiência em seus projetos. Essa estrutura de custos competitiva sustenta a resiliência da firma mesmo em um cenário de Brent mais baixo.

Previsões e estratégias

Até aqui, as juniors oil brasileiras vinham baseando seus planos na expectativa de que o preço médio de longo prazo se manteria em torno dos US$ 70 por barril — conforme a Brava Energia contou ao InvestNews em setembro do ano passado. Esse valor de referência, explicou a firma à época, era viável para manter seu atual nível de investimento.

Caso a queda persista e se estabilize neste valor, um ajuste de rota das petroleiras não é descartado. A pressão sobre as junior oils pode se intensificar se o cenário macroeconômico deteriorar.

Bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley já rebaixaram suas projeções para o petróleo, e analistas alertam que quedas tão abruptas do Brent historicamente estiveram associadas a episódios de recessão global.

Segundo o Bank of America, o Brent pode cair para até US$ 50 em um cenário extremo de tarifas abrangentes nos Estados Unidos combinadas a um aumento inesperado da produção da Opep+, configurando o que o banco chama de “choque negativo de demanda de commodities”.

Uma queda acelerada

O gráfico de preços do primeiro trimestre de 2025 desenha uma trajetória descendente. Após atingir US$ 82,03 em 15 de janeiro, o petróleo iniciou um movimento de correção que se intensificou nos primeiros dias de abril.

Enquanto o preço médio do primeiro trimestre ficou em US$ 74,85 por barril, ainda sustentando condições operacionais favoráveis, a média dos últimos sete dias caiu para US$ 69,72, já abaixo da linha de US$ 70 considerada referência para o longo prazo das petroleiras independentes.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Rikardy Tooge

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