Como a China reduziu dependência agrícola dos EUA e melhorou arsenal comercial


(Reuters) – Desde a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China no primeiro mandato do presidente norte-americano, Donald Trump, Pequim focou em reduzir a dependência de produtos agrícolas norte-americanos para reforçar sua segurança alimentar.
Como resultado, a China agora pode usar os bilhões que investe nos produtos dos EUA como uma arma na escalada da guerra comercial, com menos riscos internos.
A decisão de impor tarifas de 84% sobre os produtos norte-americanos a partir de 10 de abril está pronta para praticamente romper o comércio agrícola com Washington, levando Pequim a acelerar sua mudança para fornecedores alternativos, como o Brasil.

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A seguir, detalhamos os esforços da China para reforçar a segurança alimentar desde 2019:
5 de agosto de 2019: China interrompe compras de produtos agrícolas dos EUA em retaliação às tarifas impostas pelo primeiro governo Trump.
16 de janeiro de 2020: Trump e o então vice-primeiro-ministro da China, Liu He, assinam um acordo comercial de “Fase 1” em que a China concorda em aumentar em US$32 bilhões a compra de produtos agrícolas norte-americanos em dois anos.
2021: China lança o plantio experimental comercial de milho e soja geneticamente modificados.
29 de abril de 2021: China adota uma lei antidesperdício de alimentos para evitar o desperdício de grãos e proíbe vídeos de sobras excessivas.
1º de fevereiro de 2022: EUA diz que a China não cumpriu acordo da “Fase 1” e compras ficaram aquém do esperado.
4 de fevereiro de 2022: China permite a importação de trigo e cevada de todas as regiões da Rússia, o maior exportador de trigo do mundo.
25 de maio de 2022: China permite a importação de milho brasileiro.
14 de abril de 2023: Para conter importações de soja, o país lança um plano para reduzir as proporções de farinha de soja na ração animal para menos de 13% até 2025, de 14,5% em 2022. Também planeja aprovar proteínas microbianas para ração e projetos-piloto para usar restos de alimentos e carcaças de animais para ração animal.
4 de maio de 2023: China aprova soja com edição genética, que não introduz DNA estranho, pois manipula o genoma natural existente.
26 de dezembro de 2023: China emite licenças para um primeiro lote de 26 firmas de sementes para produzir e vender sementes de milho e soja geneticamente modificadas em determinadas províncias.
9 de abril de 2024: China lança uma iniciativa para aumentar a produção de grãos em mais de 50 milhões de toneladas métricas até 2030.
28 de maio de 2024: China permite a importação de duas variedades de milho geneticamente modificado cultivadas na Argentina.
3 de junho de 2024: Entra em vigor a primeira lei de segurança alimentar da China com foco em grãos básicos e produção de alimentos. A norma demanda que províncias e governo central incorporem a segurança alimentar em seus planos econômicos.
25 de outubro de 2024: China lança um plano de ação 2024-2028 para acelerar o desenvolvimento da agricultura inteligente e da agricultura de precisão.
Novembro de 2024: As importações agrícolas chinesas dos EUA de janeiro a novembro de 2024 caem 14%, para US$26 bilhões, em comparação com o mesmo período de 2023, o que representa uma queda pelo segundo ano.
6 de novembro de 2024: Donald Trump é eleito presidente dos EUA pela segunda vez.
13 de dezembro de 2024: A produção total de grãos da China em 2024 atinge um recorde de 706,5 milhões de toneladas, principalmente devido a uma colheita recorde de milho.
24 de dezembro de 2024: China lança um plano de 2024 a 2035 para aumentar o consumo de grãos de cereais.
31 de dezembro de 2024: China emite orientações para que o setor de aquicultura use rações que não sejam de grãos, como proteína microbiana, e tem como objetivo reduzir o consumo de ração por unidade de produto animal produzido em mais de 7% até 2030 em relação aos níveis de 2023.
4 de março de 2025: Em retaliação às tarifas de Trump, a China anuncia aumentos nas taxas de importação de US$21 bilhões em produtos agrícolas dos EUA. Produtos afetados incluem soja, milho, sorgo, trigo, carne, algodão, frutas, laticínios e vegetais.
4 de abril de 2025: China divulga uma série de contramedidas em resposta às tarifas recíprocas dos EUA, incluindo uma tarifa de 34% sobre todos os produtos norte-americanos, além das tarifas de 10%-15% impostas em março.
9 de abril de 2025: China anuncia que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos dos EUA a partir de 10 de abril, um aumento em relação aos 34% anunciados anteriormente.
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Autor: Lara Rizério