Crédito e inflação mantêm 3 milhões de famílias endividadas em São Paulo


Após três meses de alta, os indicadores de endividamento e inadimplência se mantiveram estáveis em junho na capital paulista. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela FecomercioSP nesta semana, 71,4% das famílias estão endividadas, 21,6% com contas em atraso e 9% sem condições de quitar as dívidas.
Os dados são semelhantes aos de maio, sinalizando uma pausa na escalada, mas ainda com níveis elevados. Isso porque quase 3 milhões de famílias têm alguma dívida, das quais 882,8 mil estão inadimplentes.
Para a FecomercioSP, o contexto econômico explica a dificuldade das famílias em manter as contas em dia. “Em um ano, os preços acumulam alta de 6% na cidade, segundo o IBGE, o que fez com que muitas perdessem o controle do orçamento doméstico”, avalia a entidade.
O uso do crédito como complemento da renda se intensifica, e os juros altos agravam a situação. Com a Selic em 15% ao ano, uma das maiores taxas nominais do mundo, o endividamento tende a persistir.
Emprego amortece, mas não resolve
Apesar da pressão sobre os orçamentos, o mercado de trabalho tem ajudado a conter uma deterioração maior. A taxa de desemprego na capital é de 5,8%, a menor da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um terço das famílias (32,7%) se declara pouco endividado.
Ainda assim, esse equilíbrio é frágil, especialmente entre os lares com renda inferior a dez salários mínimos, onde a taxa de endividamento chegou a 76% — o maior patamar desde janeiro de 2023.
“Esses lares são mais suscetíveis a momentos como esse, dependendo de crédito complementar.”
Inadimplência cresce entre os mais vulneráveis
Embora alguns indicadores mostrem sinais de alívio, como a leve queda no tempo médio das dívidas em aberto (de 62,7 para 61,6 dias), outros sugerem pressão de curto prazo.
Subiu, por exemplo, o peso das dívidas com vencimento em até três meses, que agora correspondem a 29,7% do total. Isso indica maior dificuldade de planejamento monetário imediato.
Além disso, a principal forma de dívida continua sendo o cartão de crédito, citado por 78,6% das famílias endividadas. Financiamentos de imóveis (15,7%) e de veículos (11,3%) completam a lista.
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Renda comprometida cai, mas alerta persiste
Apesar do quadro de pressão, a parcela da renda comprometida com dívidas caiu para 27,7% em junho, menor nível desde fevereiro de 2015. Em fevereiro deste ano, a taxa ainda superava 29%.
“Embora o mercado de trabalho evite um endividamento mais amplo, a inflação segue alta e, com os juros elevadíssimos, a tendência é que o poder de compra seja cada vez mais corroído.”
A queda, no entanto, não é suficiente para dissipar o alerta. Para a entidade, esse é o caminho que pode levar mais famílias à inadimplência.
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Autor: Janize Colaço