CRI, CRA, debêntures incentivadas ou de infraestrutura? Leia antes de investir

Disponível a partir de 2020, o FI-Infra é um instrumento que ajuda a aumentar o investimento privado para o desenvolvimento da infraestrutura no Brasil – (Foto: Unsplash)
Produtos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, como debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, caíram no gosto do investidor brasileiro nos últimos anos.
Dos R$ 131 bilhões emitidos no mercado de capitais no primeiro trimestre de 2024, R$ 114 bilhões foram de instrumentos de renda fixa corporativa, um recorde.
As debêntures responderam por R$ 72 bilhões deste total, quase o dobro do volume registrado no mesmo período do ano passado.
Mas a queda nos juros e mudanças regulatórias implementadas no início de 2024, incluindo a regulamentação das debêntures de infraestrutura, deixaram investidores em dúvida sobre qual é a melhor alternativa daqui em diante.
Para responder a essa pergunta, a Inteligência Financeira preparou um guia com base em um relatório da equipe de estrategistas de renda fixa do Itaú BBA.
Em fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) subiu a régua para emissões de CRA (recebíveis do agronegócio) e CRI (recebíveis imobiliários).
Isso porque algumas empresas de fora desses setores estavam também captando recursos para outros fins, portanto diferentes do objetivo previsto pelo governo.
Com a redução das ofertas, houve corrida de investidores para comprar os últimos papéis ofertados.
Consequentemente, a rentabilidade das emissões mais recentes caiu, tanto de papéis incentivados quanto de debêntures tradicionais, não isentas.
Depois disso, em março, um decreto deixou mais claro quem podia e quem não podia emitir CRIs e CRAs.
“Predominou o entendimento pelo mercado de que as novas medidas não tinham caráter tão restritivo como inicialmente imaginado”, afirmou Ciro Matuo, estrategista-chefe da área de renda fixa do Itaú BBA.
Quase simultaneamente, um decreto federal regulamentou as debêntures de infraestrutura.
Essas não são nem tradicionais nem isentas de IR para o investidor. Explicaremos mais sobre elas mais abaixo.
Com menos oferta e demanda ainda aquecida, o resultado foi queda da rentabilidade.
Pelas contas da equipe do Itaú BBA, desde fevereiro os chamados spreads de crédito caíram de 0,3 a 0,4 ponto porcentual.
O spread de crédito no caso é quanto o título de uma empresa paga mais do que o de um governo, em condições parecidas.
Para simplificar, suponha que um título soberano pagasse 10% ao ano no começo de 2024, enquanto o de uma construtora oferecesse 10,6%.
Desde então, assumindo que o papel do governo continuasse pagando 10%, o privado passou para 10,2% ou 10,3%.
Considerando que os riscos de empresas são considerados em geral maiores, portanto, valeria menos a pena comprar papel privado agora.
Segundo Ciro, a explicação para os investidores seguirem demandando incentivados é a isenção de Imposto de Renda.
Ou seja: mesmo com uma rentabilidade