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Depois de tarifas e guerra, ainda dá tempo de aproveitar a corrida pelo ouro?

Em 2025, o ouro vive um ano brilhante – para combinar com o metal –, acumulando ganhos de 26,57% no mercado internacional. O movimento não vem por acaso: os últimos meses têm sido turbulentos para os investidores, com medidas polêmicas de Donald Trump, anúncio de tarifas comerciais pelos Estados Unidos e escalada de tensões geopolíticas no Oriente Médio.

A onça-troy (medida que representa 31,1 gramas) do ouro está cotada a US$ 3,3 mil. Em abril, a cotação atingiu o recorde histórico de US$ 3,5 mil. No mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma série de tarifas comerciais para outras nações, o que aumentou a volatilidade dos mercados globais.

De lá para cá, os EUA realizaram acordos com outros países, inclusive com a China, para reduzir ou pausar as tarifas inicialmente impostas. As declarações de Trump, no entanto, continuam movimentando os investidores. Na última quinta-feira (26), o republicano voltou a criticar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. “Temos de combater esse cara, ele não está fazendo o trabalho”, afirmou.

Em junho, um novo fator de risco entrou no radar dos investidores: uma escalada das tensões geopolíticas no Oriente Médio. Em 21 de junho, os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas, marcando a entrada oficial do país no conflito iniciado por Israel em 13 de junho.

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Três dias depois da ofensiva americana, Irã e Israel confirmaram um acordo de cessar-fogo, que vem sendo mantido. As preocupações de que os ataques possam retornar, no entanto, ainda seguem no radar.

Segundo Mauriciano Cavalcante, economista da Ourominas, o ouro é uma opção estratégica para investidores diante do cenário internacional marcado por tensões geopolíticas. “Internamente e no exterior, o momento é de incerteza, e o ouro continua sendo uma das alternativas mais seguras para preservar patrimônio”, diz.

Por aqui, o grande temor envolve o desequilíbrio entre a arrecadação e os gastos do governo federal – um dilema que ainda parece distante de uma solução, na opinião de Cavalcante.

A decisão recente do Congresso Nacional de derrubar os decretos relacionados ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) levantou questionamentos sobre o que o governo fará para compensar a perda de arrecadação na ordem de R$ 10 bilhões em 2025. Entre as opções, estão ir à Justiça contra a decisão do Congresso, buscar uma nova fonte de receita ou fazer um novo corte no Orçamento.

Vale investir em ouro mesmo com preço elevado?

O ouro mantém o seu status como um “porto seguro” para o investidor, valorizando-se em períodos de instabilidade. “Ele continua sendo uma peça estratégica para diversificação de portfólio, principalmente para quem tem um perfil mais arrojado. Funciona como um hedge (proteção) relevante tanto contra choques geopolíticos quanto em momentos de maior incerteza global”, afirma Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

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O metal encontra-se em patamares historicamente elevados, mas especialistas avaliam que ainda pode haver espaço para valorização se a instabilidade geopolítica se intensificar ou se houver deterioração adicional nos ativos de risco globais.

Mesmo existindo espaço para novas altas, Leonardo Andreoli, analista da Hike Capital, recomenda que o investimento em ouro seja feito com cautela. “O metal dourado deve ser visto como uma proteção parcial e de longo prazo, não como um ativo de timing especulativo”, avalia.

Quem tem uma visão semelhante é Marcus Vinícius, sócio fundador da Driven Capital, que enxerga o ouro como uma forma de proteção a ser mantida de modo constante no portfólio. “Não é uma questão de arbitrar se vai subir mais ou cair. Penso que é mais um carregamento estrutural dentro da carteira dos investidores”, diz.

Segundo o especialista, nos últimos 15 anos, o ouro apresentou uma rentabilidade média anual de aproximadamente 14,7% quando analisado em reais, proporcionando um retorno equivalente ao IPCA + 8,3%. “Foi um ativo que performou acima da inflação e trouxe um ganho real para os investidores ao longo desse período.”

Ainda assim, Vinícius considera que a aplicação no metal precisa ser realizada de forma equilibrada, de acordo com o horizonte de investimento e os objetivos de cada pessoa. Ele lembra que, apesar de ser visto como um mecanismo de proteção, o ouro está sujeito à volatilidade.

Dólar x ouro: qual o mais seguro?

Quem também recebe a fama de ser um refúgio seguro aos investidores é o dólar. Em 2025, porém, a moeda americana tem caído em relação às principais divisas globais, conforme mostramos nesta matéria. O índice DXY, que compara o dólar com seis moedas fortes, acumula perdas de 10,36% no ano.

Andreoli, da Hike Capital, explica que o ouro tende a se valorizar quando a moeda americana se enfraquece. Isso ocorre porque o metal é cotado globalmente em dólar – assim, uma divisa mais fraca mundialmente torna o ouro mais barato para compradores estrangeiros, elevando a demanda.

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O analista afirma que o ouro costuma preservar valor em cenários de perda de confiança nas moedas fiduciárias (aquelas que não estão lastreadas em nenhum metal). “Para investidores preocupados com o poder de compra do dólar ou com a volatilidade cambial, o ouro funciona como uma reserva de valor mais estável”, destaca.

A forma mais acessível de investir em ouro

No imaginário popular, o ouro ainda é associado a um bem de difícil acesso, principalmente por conta do seu alto valor. Dentro do ramo de investimentos, no entanto, existem formas alternativas de se expor ao metal, sem a necessidade de adquirir barras físicas em distribuidoras autorizadas.

Uma das maneiras é aplicar em fundos de investimento em ouro. Vinícius, da Driven Capital, explica que existem opções com hedge – ou seja, com uma proteção contra as oscilações do dólar – e sem. “Nesse último caso, o investidor lida com a volatilidade tanto da moeda americana como do metal.”

O especialista acredita que a forma mais prática de investir em ouro é por meio de ETFs (fundos de índice). “Essa representa a alternativa mais barata para o investidor, porque envolve menores custos, com uma taxa de administração mais baixa”, ressalta Vinícius.

Cunha, da iHUB Investimentos, comenta que uma opção disponível na B3 é o Trend Ouro (GOLD11), que sobe 11,13% no ano, com cotas de R$ 18,79, e acompanha a variação do ouro pelo índice LBMA Gold Price. “É um produto acessível, com boa liquidez e que dispensa a custódia do ativo físico.”

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Beatriz Rocha

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