Derrota de Milei na Argentina compromete consolidação fiscal, diz gestor da Vinland


A derrota de Javier Milei na província de Buenos Aires, nas eleições deste domingo (7), acendeu o alerta sobre a sustentabilidade do plano de ajuste fiscal argentino. Para a Vinland Capital, o revés eleitoral enfraquece a capacidade do presidente de levar adiante a agenda de austeridade sem ampliar alianças políticas – movimento que pode elevar o custo das reformas.
“Foi um experimento bem executado de consolidação fiscal e convergência de inflação. Mas, para funcionar, é preciso respaldo popular, que não apareceu na última eleição provincial”, afirmou José Monforte, sócio da gestora, em entrevista ao podcast Outliers, do InfoMoney.
Com quase 40% do eleitorado argentino, Buenos Aires funciona como termômetro para a disputa presidencial de outubro. A vantagem de 47% a 33% dos peronistas sobre Milei sinaliza dificuldades adicionais na construção de apoio político.
O mercado reagiu de imediato: a Bolsa de Buenos Aires recuou 13%, o peso caiu 3% e os títulos argentinos perderam 4%. Para a Vinland, o movimento reflete não apenas o resultado eleitoral, mas a percepção de risco sobre a continuidade da política fiscal do governo.
Monforte destacou que a observação do cenário argentino deve se manter atenta às próximas eleições presidenciais:
“Se houver recuperação moderada, ainda dá uma sobrevida para o plano do Milei. Mas o custo político é real”

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Desafios políticos de Milei e cenário econômico argentino
A derrota em Buenos Aires evidencia a insatisfação popular com a austeridade e com denúncias de corrupção no governo Milei. Apesar de ter reduzido a inflação de três dígitos desde dezembro de 2023, protestos e controvérsias abalaram a popularidade do presidente.
Analistas da Vinland destacam que Milei precisará construir alianças políticas, especialmente com governadores provinciais, para conseguir aprovar reformas e garantir a continuidade de seu programa econômico.
Dessa forma, avaliam, a incerteza persiste até as eleições nacionais de outubro, quando a direção da política fiscal poderá ser confirmada ou ajustada.
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Investidores monitoram Argentina e Brasil
Para a Vinland, a situação argentina oferece lições importantes ao Brasil: políticas fiscais responsáveis e consenso político são essenciais para a estabilidade econômica.
Enquanto isso, os investidores brasileiros seguem atentos a sinais de inflação e política monetária, que determinarão possíveis cortes na Selic e ajustes na dinâmica econômica do país.
Os gestores avaliaram ainda o impacto do cenário eleitoral e fiscal sobre a política de juros. Monforte acredita que a Selic, atualmente nos 15% ao ano, está adequada e permitirá cortes entre dezembro e janeiro, possivelmente chegando a 11,5%.
O ritmo de cortes, segundo ele, dependerá da evolução da inflação e da credibilidade fiscal do governo.
Jean-Pierre Cotegio, sócio da Vinland, reforçou que o patamar de juros ainda é alto, com custos de capital punitivos para muitas firmas, afetando decisões de investimento e crescimento econômico.
Ele alertou, por fim, para a necessidade de acompanhamento atento das decisões do Federal Reserve e do governo brasileiro.
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Autor: osniralves