Diga ‘xis’, universo! Cientistas revelam primeiras imagens de megatelescópio no Chile

Sorria, universo! É hora de brilhar com o Observatório Vera C. Rubin.

O telescópio, mais de duas décadas em construção, oferecerá uma visão abrangente do céu noturno como nunca antes vista pelos astrônomos. Os cientistas do projeto revelaram algumas das primeiras imagens divulgadas nesta segunda-feira (23).

“O Observatório Rubin é a maior máquina de descobertas astronômicas já construída”, disse Željko Ivezić, diretor da construção, durante a apresentação das primeiras imagens. Ele destacou que, pela primeira vez, o número de objetos celestes observados será maior do que o número de pessoas vivendo na Terra.

Ao longo da próxima década, as imagens serão unidas para criar “o maior filme de todos os tempos”.

O Rubin é uma parceria entre o Departamento de Energia dos EUA e a Fundação Nacional de Ciência (NSF). Foi construído em uma montanha no norte do Chile, nos contrafortes dos Andes, na borda do Deserto do Atacama. A localização, alta e seca, oferece céus claros para a observação do cosmos.

O vasto conjunto de dados do observatório permitirá aos astrônomos investigar a energia escura, uma força que impulsiona a expansão acelerada do universo, bem como a matéria escura, uma substância misteriosa que se comporta como uma cola galáctica. Mais próximo da Terra, o observatório identificará asteroides que possam estar em rota de colisão com o planeta.

O observatório leva o nome de Vera Rubin, astrônoma conhecida por descobrir evidências da matéria escura no cosmos.

Duas das primeiras imagens mostram trechos do Aglomerado de Virgem, um grupo de galáxias a cerca de 65 milhões de anos-luz.

No primeiro plano, estrelas brilhantes dentro da nossa galáxia, a Via Láctea. Ao fundo, muitas galáxias extremamente distantes, com tonalidade avermelhada, pois, em um universo em expansão, objetos distantes se afastam em alta velocidade. No meio, galáxias do aglomerado de Virgem. Os pontos azuis dentro das galáxias são regiões de formação estelar, com estrelas mais jovens e quentes.

Mas cada trecho compartilhado é apenas uma pequena parte da imagem completa produzida pelo telescópio.

O nível de detalhe nas imagens do Rubin é impossível de ser transmitido em uma tela de computador ou página de jornal.

Por isso, a equipe do Rubin desenvolveu o Skyviewer, que permite às pessoas dar zoom in e out nas imagens gigantes. “Precisávamos criar formas dinâmicas de compartilhar os dados”, disse Steven Ritz, físico da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e cientista do projeto Rubin, em entrevista. “Sabíamos que as imagens eram tão grandes que, se você desse zoom para fora, pareceriam mingau. Você não veria a riqueza dos detalhes. Era preciso poder dar zoom.”

Com o Skyviewer, qualquer pessoa pode levar o cosmos no bolso, pelo smartphone.

“Você pode ter 6 bilhões de pixels no seu bolso”, disse Ritz. “É muito legal.”

A ferramenta de software também permite ouvir as imagens. “Construímos uma capacidade de interação para experimentar os dados, não com os olhos, mas com os ouvidos”, explicou Ritz. “Isso é importante para algumas pessoas que, claro, só têm essa capacidade. Mas acho que é valioso para todos.”

Ivezić também mostrou rastros de asteroides que “fotobombaram” as imagens cósmicas. O software do observatório os remove automaticamente das fotos do universo distante e calcula suas órbitas. Em poucas noites de observação, foram descobertos 2.104 novos asteroides.

Sete deles são asteroides próximos da Terra, embora nenhum esteja em rota de colisão com o planeta. Os demais estão no cinturão principal de asteroides entre Marte e Júpiter.

Outra imagem mostrou uma vista vibrante e rosa das nebulosas Trífida e Lagoa.

As duas nuvens extensas de poeira e gás, a milhares de anos-luz da Terra, na constelação de Sagitário, já foram fotografadas frequentemente por amadores e astrônomos profissionais. Instrumentos mais potentes capturaram fotos mais detalhadas, mas com campo de visão estreito, mostrando apenas uma pequena parte da cena.

As regiões azuis são iluminadas pela luz de estrelas jovens e quentes e dispersas pela poeira, explicou Clare Higgs, especialista em divulgação do Rubin. As cores rosadas provavelmente vêm das emissões de átomos de hidrogênio excitados, e os filamentos escuros são faixas de poeira.

A construção do Observatório Rubin começou há uma década. O telescópio completo registrou seus primeiros sinais de luz em 15 de abril.

O Rubin não é o maior telescópio do mundo, mas é uma maravilha tecnológica. A estrutura principal, com um espelho primário de 8,4 metros de largura, um espelho secundário de 3,4 metros e a maior câmera digital do mundo, flutua sobre uma fina camada de óleo. Motores magnéticos giram a estrutura de 300 toneladas — em alta velocidade, pode completar uma rotação completa em pouco mais de meio minuto.

Seu design único permite que o telescópio observe tanto em profundidade quanto em largura. Escaneando todo o céu a cada três a quatro dias durante 10 anos, descobrirá milhões de estrelas em explosão, rochas espaciais passando e regiões de espaço-tempo distorcidas que produzem imagens deformadas de galáxias distantes.

“Você nunca viu tudo isso, capturado de uma vez só, com essa profundidade e tantos objetos”, disse Ritz. “Isso, eu diria, é novidade. E o quão bonito é.”

Essa operação em alta velocidade permite que o Rubin percorra rapidamente o céu, tirando cerca de 1.000 fotos por noite.

c.2025 The New York Times Company

The post Diga ‘xis’, universo! Cientistas revelam primeiras imagens de megatelescópio no Chile appeared first on InfoMoney.