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Dólar tem pior primeiro semestre em mais de 50 anos; o que explica?

Dólar tem pior primeiro semestre em mais de 50 anos; o que explica?

O real tem se valorizado frente ao dólar nos últimos meses, mas o fenômeno não é exclusivo do Brasil. A moeda americana vive um momento de forte enfraquecimento no mundo inteiro, acumulando queda superior a 10% em 2025, a pior marca para o primeiro semestre desde 1973. Mas o que está acontecendo para o dólar, tradicionalmente visto como porto seguro em tempos de incerteza, perder força tão rapidamente?

Segundo analistas, a resposta passa por vários fatores, que vão de políticas econômicas do governo de Donald Trump, aumento expressivo da dívida pública americana, apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e até mudanças de estratégia de grandes investidores globais. Entenda a seguir:

Fator Trump

De acordo com o Morgan Stanley, embora as taxas de juros de curto prazo dos EUA ainda influenciem o valor do dólar, o cenário de incerteza fiscal e comercial gerado pelas ações do governo Trump criou um “prêmio de risco” negativo, pressionando a moeda. O banco estima que esse prêmio adiciona cerca de 4% de queda ao dólar em relação ao nível que seria justificado apenas pelos juros.

Mesmo movimentos que poderiam tradicionalmente favorecer o dólar, como altas no preço do petróleo ou tensões geopolíticas, têm tido efeito limitado. Para Francesco Pesole, do ING, isso é sinal de desconfiança persistente do mercado em relação à moeda americana.

Dívida americana

Além disso, o governo Trump vem propondo pacotes de corte de impostos que podem elevar a dívida americana em mais de US$ 3 trilhões na próxima década. A perspectiva de déficit crescente gera desconfiança sobre a sustentabilidade das contas públicas, afastando parte dos investidores de ativos americanos.

Juros do Fed

Ao mesmo tempo, o Federal Reserve é pressionado a cortar juros para sustentar a economia, o que, na prática, reduz o retorno de investimentos em dólar. Segundo projeções do Morgan Stanley, o Fed deve realizar cortes de até 175 pontos-base em 2026, mesmo sem recessão formal, já que as taxas atuais são consideradas restritivas para o crescimento.

Enquanto isso, o euro avançou cerca de 13% no ano, impulsionado por expectativas de fim do ciclo de alta de juros na Europa e pela busca de investidores por alternativas ao dólar. O ouro também renovou máximas, beneficiado da busca por proteção em meio às incertezas geopolíticas e cambiais.

Realocação de capital

Chris Turner, do ING, destaca que parte da pressão sobre o dólar vem da realocação de carteiras: “Investidores têm aumentado o hedge cambial ou reduzido exposição direta a ativos americanos, o que pesa sobre a moeda”.

Em relatório recente, o Morgan Stanley projetou que até US$ 66 bilhões podem ser direcionados para ações da América Latina — o equivalente a 6% do valor de mercado atual da região — caso fundos globais revertam a atual posição de 180 pontos-base abaixo da média (underweight) em ações de mercados emergentes, em um contexto de maior diversificação, movimento em que o Brasil seria o principal beneficiado.

Caso brasileiro: USD x BRL

Na disputa direta com o real, além do fator externo, contribui para a melhora do câmbio o diferencial de juros doméstico ainda atrativo para os investidores, especialmente após a última alta da Selic para 15% ao ano, observam analistas da LCA. Além disso, afirmam, a percepção de risco do Brasil melhorou em comparação a outros emergentes, favorecendo a moeda local, impulsionada pelo crescimento econômico consistente e menor exposição às tarifas recíprocas americanas.

O que esperar?

Apesar do enfraquecimento do dólar, o mercado de ações nos EUA segue em recordes. Mas, medido em outras moedas, o retorno de Wall Street fica atrás de bolsas europeias, segundo o Morgan Stanley.

Analistas ponderam que a velocidade da queda pode diminuir nos próximos meses, mas a incerteza deve continuar alimentando oscilações na moeda — que vê cada vez mais questionado seu status de reserva global.

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Autor: Paulo Barros

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