Estudo brasileiro pode facilitar diagnóstico de Alzheimer e demais formas de demência


Cientistas brasileiros identificaram biomarcadores presentes no sangue que podem tornar o diagnóstico da doença de Alzheimer e outras demências mais preciso, rápido e acessível. A descoberta foi publicada recentemente na revista científica Nature Communications.
O Alzheimer e outras formas de demência têm sido uma das maiores preocupações de saúde pública mundial, especialmente em países com menos recursos, como o Brasil. Com o envelhecimento da população, o país enfrenta o desafio de melhorar o diagnóstico e o tratamento de doenças neurodegenerativas.
Encontrar formas mais rápidas, simples e acessíveis de fazer o diagnóstico precoce da doença é um dos caminhos para tentar mudar o curso da doença e reduzir seu impacto no sistema de saúde. No novo estudo, pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), em colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Neurolife e Universidade Queen’s avaliaram o desempenho diagnóstico de biomarcadores plasmáticos em 145 idosos brasileiros.
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Os biomarcadores são substâncias que indicam a presença de alterações no corpo, como uma doença. No caso do Alzheimer e outras demências, esses biomarcadores ajudam a identificar alterações no cérebro de forma precoce, o que pode ser essencial para o tratamento. Para avaliar o desempenho desses biomarcadores, eles foram comparados com o diagnóstico clínico e na positividade dos biomarcadores no líquor ou líquido cefalorraquidiano.
A análise do líquor é um dos métodos usados para diagnóstico da doença, assim como a tomografia por emissão de pósitrons (PET). Mas esses exames não são simples e são pouco acessíveis à população.
Os participantes foram clinicamente categorizados como cognitivamente sem comprometimento, comprometimento cognitivo leve amnésico, doença de Alzheimer, demência por corpos de Lewy ou demência vascular.
Liderados pelas especialistas Fernanda Tovar-Moll e Fernanda De Felice, do IDOR, os pesquisadores analisaram os biomarcadores NfL, GFAP, pTau181 e pTau217, que podem indicar alterações no cérebro causadas pela doença de Alzheimer. Os resultados mostraram que a análise desses biomarcadores por meio de um exame de sangue pode ajudar a detectar a doença de forma mais simples e acessível.
Um dos principais achados do estudo foi o biomarcador pTau217, cuja presença no sangue apresentou um acerto superior a 90% para identificar alterações cerebrais associadas ao Alzheimer.
“A capacidade de identificar de forma tão precisa as alterações cerebrais associadas à doença de Alzheimer pode mudar a forma como a doença é diagnosticada e tratada, principalmente em locais onde o acesso a exames mais avançados é limitado. Isso abre um caminho para diagnósticos mais rápidos e eficazes, ajudando a oferecer a cada paciente uma chance maior de tratamento precoce”, afirma Fernanda Tovar-Moll, uma das pesquisadoras principais do estudo, em comunicado.
Outras descobertas também foram importantes. O biomarcador pTau181, por exemplo, demonstrou eficácia em diferenciar o Alzheimer de outras formas de demência, como a demência com corpos de Lewy e a demência vascular. Esse é um avanço significativo, pois os sintomas dessas doenças podem ser semelhantes, e a capacidade de diferenciá-las ajuda os médicos a determinar o melhor tratamento para cada caso.
O GFAP (sigla para proteína ácida fibrilar glial), por exemplo, é um biomarcador que pode indicar danos ou inflamações no cérebro. Essa substância está relacionada ao declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer. Quando os níveis desse composto estão elevados, junto com pTau181 ou pTau217, isso sugere que o paciente tem maior risco de uma progressão mais rápida da doença.
Isso faz com que o GFAP seja útil não apenas no diagnóstico, mas também no monitoramento da evolução da doença ao longo do tempo, ajudando os médicos a acompanhar o estado do paciente. Outro achado mostrou que a combinação de biomarcadores como pTau e Aβ42 tem um desempenho ainda mais preciso, sugerindo que testes combinados podem tornar o diagnóstico mais confiável e eficiente.
Este estudo tem uma importância crucial para o Brasil. Estima-se que 77% das pessoas com demência ainda não foram diagnosticadas corretamente, o que prejudica a possibilidade de tratamento e acompanhamento adequados.
A pesquisa representa um passo importante na validação de biomarcadores sanguíneos como ferramentas de diagnóstico acessíveis e eficazes.
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Autor: Agência O Globo