Gol (GOLL54): prazo para subscrição está acabando; veja o que fazer com as ações
Investidores que tinham posição acionária na Gol (GOLL54) até 11 de junho precisam tomar uma decisão importante nos próximos dias. Isso porque, na segunda-feira (14), acaba o prazo para exercer os direitos de subscrição – processo em que uma companhia decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores.
Nesse tipo de situação, a firma é obrigada a dar preferência de compra dessas novas ações aos seus atuais investidores. A ideia é garantir que os acionistas tenham a opção de manter o mesmo nível de participação na companhia.
Dentro do seu plano de reestruturação, a Gol recebeu um aumento de capital de R$ 12 bilhões, que envolveu a emissão de 8,1 trilhões de ações ordinárias (a R$ 0,00029 por ação) e 968 bilhões de ações preferenciais (a R$ 0,01 por ação). Toda vez que uma firma faz um aumento de capital como esse, automaticamente os investidores perdem participação na companhia, daí a importância do direito de subscrição.
De acordo com os cálculos do BTG Pactual, no caso da Gol a diluição acionária será de 99,8%. Ou seja, caso um investidor detivesse 100% da companhia aérea, passaria a ter apenas 0,2%.
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É justamente essa diluição significativa que faz com que a Ágora Investimentos e o Bradesco BBI mantenham recomendação de venda para a Gol. Já XP Investimentos, Genial Investimentos, Santander e BB Investimentos não têm mais cobertura para firma. O Itaú BBA, por sua vez, está com análise restrita para a companhia aérea, sem produção de relatórios.
Como funciona a subscrição?
Para cada ação GOLL4 antiga, o acionista da firma aérea tem o direito de comprar 2.861 ações novas por R$ 0,01. Um investidor com 1 mil ações até o dia 11 de junho, por exemplo, recebeu 2.861.000 direitos de subscrição. Até segunda-feira (14), é possível vender ou exercer esses direitos, comprando os papéis por R$ 0,01. Quem não fizer nada até a data verá sua participação ser reduzida a quase zero na firma.
Em processos como esse, também existem as chamadas sobras de subscrição, que acontecem quando nem todos os investidores exercem seu direito de subscrição durante o período pré-determinado. Essas “sobras” ficam disponíveis posteriormente para que os acionistas tenham mais uma oportunidade de adquirir novos papéis.
O que é GOLL54, GOL2, GOLL10 e GOLL80?
A “sopa de letrinhas” dos códigos de negociação da Gol tem gerado dúvidas entre os investidores em fóruns e redes sociais. Enquanto o ticker GOLL2 representa o direito de subscrição, o atual GOLL54 é o antigo GOLL4, que mudou de nome no dia 12 de junho, mesma data em que os papéis passaram a operar em lotes padrão de 1 mil ações na Bolsa brasileira.
Para calcular o valor unitário do papel, o investidor deve dividir o preço de tela por 1 mil. Ou seja, se GOLL54 aparecer cotada a R$ 62, como acontece agora, o valor real por ação é de R$ 0,062.
Welliam Wang, gestor de fundos de ações da AZ Quest, destaca que, caso o investidor realize a subscrição, ele ganhará um novo ticker na carteira: o GOLL10, que representa o recibo de subscrição. Esse registro comprova que o investidor manifestou sua intenção de adquirir as novas ações. “A partir daí, pode levar semanas para que GOLL10 se torne, de fato, GOLL54. Nesse período, devem ocorrer distorções nos preços das ações”, diz.
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Os recibos podem ser negociados no mercado à vista da B3 até serem convertidos em ações. Segundo Wang, embora GOLL54 e GOLL10 sejam ativos da mesma firma, a diferença de liquidez entre eles tende a gerar comportamentos distintos. Além disso, as negociações de investidores pessoa física, menos familiarizados com esse tipo de operação, pode acentuar as variações nos preços. Segundo os dados mais recentes da B3, existem 98.276 CPFs com ações da Gol.
Na mistura de tickers, um outro ganha destaque: o GOLL80, antigo GOLL13, que teve seu nome trocado em junho. Ele representa o chamado bônus de subscrição, direito que o acionista tem para subscrever suas ações em uma data futura, sem relação com o processo de aumento de capital recente. “A diferença entre a GOLL2 e a GOLL80 é que a primeira fornece o direito imediato, da subscrição atual. Já a segunda é um direito futuro”, explica Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Investimentos.
Vender ou exercer os direitos de subscrição?
Analistas consultados pelo E-Investidor avaliam que o melhor a se fazer agora é vender os direitos. Wang, da AZ Quest, acredita que a firma, além de negociar com um prêmio em relação aos seus concorrentes, segue alavancada. De acordo com os cálculos do BTG, mesmo após a reestruturação, a alavancagem da Gol permanecerá elevada, em 5,4 vezes, considerando a medição realizada pela relação do valor da companhia (EV) sobre o lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização (Ebitda).
Lopes, da Nord Investimentos, assinala que é muito difícil prever o movimento futuro dos papéis da aérea. “Caso os resultados melhorem, a recuperação tende a ser muito gradual. Antes de investir no papel, é importante refletir se, mesmo em um setor difícil de operar, sensível à economia e com custos elevados atrelados ao dólar, a firma conseguirá manter um crescimento sustentável no longo prazo”, diz.
Nos próximos dias, até que a data limite para subscrição chegue ao fim, a analista enxerga que oscilações significativas podem ocorrer na ação GOLL54. Só na quarta-feira (9), o papel chegou a tombar mais de 40%. “Muitos vão decidir se vão vender ou exercer os direitos agora, enquanto os traders ficam focados em ter ganhos nas operações diárias.”
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Para Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, a tendência é de que o preço do papel da firma convirja no curto prazo para o valor de subscrição, de R$ 0,01. “Esse movimento deve acontecer porque terá uma enxurrada de ações no mercado com o pessoal correndo para vender”, explica.
Segundo o especialista, a alta taxa de aluguel das ações da Gol – que chegou a 298,7%, segundo relatório mais recente da XP – é um sinal claro de que o mercado ainda duvida da recuperação da firma e aposta na queda dos papéis.
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Autor: Beatriz Rocha